Depois de meses de silêncio, tempo em que o Maranhão inteiro construiu a certeza de que ele estaria na corrida eleitoral, o deputado estadual Roberto Costa (MDB) admitiu que vai disputar a Prefeitura de Bacabal. A sua candidatura será formalizada na convenção do MDB bacabalense, marcada para o dia 3 de agosto. Ele entra na disputa como franco favorito, segundo as quatro pesquisas que foram realizadas neste semestre sobre o potencial dos candidatos à sucessão do prefeito Edvan Brandão (PDT). Seus adversários até agora são Marcos Miranda (PSDB) e Plínio Oliveira (Novo), que não mostram poder de fogo para enfrenta-lo de igual para igual.

Um dos políticos mais ativos da sua geração, conhecido pela sua capacidade de articulação, Roberto Costa é hoje o principal nome do MDB no plano estadual, partido do qual é vice-presidente regional. Na Assembleia Legislativa, onde é uma referência destacada, ocupa o cargo de 4º secretário da Mesa Diretora, atuando também como um dos mais próximos conselheiros da presidente do Poder Legislativa, deputada Iracema Vale (PSB). O seu peso no cenário político estadual o fez refletir longamente sobre ser ou não candidato a prefeito de Bacabal.

Quem conhece o deputado Roberto Costa sabe o tamanho do seu compromisso com Bacabal. Isso faz com que ele sempre coloque o município no centro das duas preocupações. E não perde qualquer oportunidade para defender a cidade e seu povo, com quem teceu uma rede de relações como poucos políticos têm como as suas bases eleitorais. Para ele, tudo o que diz respeito a Bacabal é prioridade, tanto que a maioria das suas falas é diretamente relacionada com a cidade e seus problemas. Como parlamentar, ele opera em São Luís e em Brasília em busca de recursos para investir na cidade, onde atua numa sólida aliança com o prefeito Edvan Brandão.

Sua ação em Bacabal vem da sua relação com o ex-governador João Alberto, que tem a cidade como sua referência. Seguindo o ex-deputado federal, ex-governador, ex-senador, ele aos poucos transformou a cidade no centro das suas preocupações. Hoje, Roberto Costa tem a exata noção do desafio que é comandar Bacabal, que abriga mais de 110 mil habitantes e é o centro mais importante do Médio Mearim, sendo a referência para dezenas de municípios da região.

Para alguns observadores, o deputado Roberto Costa deixará uma situação política confortável para disputar a Prefeitura de Bacabal. Além de vice-presidente do MDB e da 4ª secretaria da Assembleia Legislativa, para a qual já está reeleito, Roberto Costa deixará uma situação que tem lhe dado um espaço importante na relação política com o governador Carlos Brandão e também com diversos segmentos em Brasília, por pertencer a uma ala do MDB que apoia o Governo do presidente Lula da Silva (PT). Quando essas questões são colocadas, ele argumenta que vai usar todo o seu espaço político para obter as condições para investir em Bacabal.

O fato é que, ao contrário do que muitos pensam, Bacabal é muito mais que uma base política e eleitoral para o deputado Roberto Costa. Hoje, aos 50 anos e no quarto mandato de deputado estadual, ele vê o município com os olhos da maturidade, muito mais compromissado do que estava oito anos atrás, em 2016, quando disputou a eleição com o ex-prefeito Zé Vieira (PL) e ficou em segundo lugar. Naquele momento, ele enfrentou uma eleição com várias fontes adversárias. Hoje, os grandes grupos políticos do município, representados pelos deputados Davi Brandão (PSB) e Florêncio Neto (PSB), apoiam sua candidatura.

Nas conversas reservadas, ele mostra que não encarou o resultado daquele ano como uma derrota, mas como uma etapa da sua caminhada, que agora enfrenta com muito mais segurança e mais experiência. Numa condição especial como candidato que é favorito e quase sem rejeição, o deputado Roberto Costa reúne as condições para se tornar prefeito de Bacabal. Mas sempre lembrando que eleição só se comemora depois de anunciado o resultado.

PONTO & CONTRAPONTO

Com autoridade de quem governou São Paulo, Kassab elogia gestão de Braide

A passagem do presidente nacional do PSD, Gilberto Kassab, por São Luís, deixou o prefeito Eduardo Braide em estado de graça. Primeiro porque foi uma prova de prestígio, e depois porque o chefe partidário gostou do que viu e não poupou elogios ao prefeito.

Antes de viajar, Gilberto Kassab foi visitar algumas obras na companhia do prefeito e teria se manifestado satisfeito com o que viu, principalmente levando em conta o fato de que o gestor de São Luís tem o Governo do Estado como adversário e também não tem muito espaço em Brasília.

Com a experiência de quem já foi prefeito de São Paulo e conhece bem as relações com vereadores, o presidente do PSD ficou impressionado com o fato de o prefeito de São Luís seguir em frente apesar de ter mais da metade dos 31 vereadores como adversária.

No final do giro pela cidade, Gilberto Kassab gravou um vídeo ao lado de Eduardo Braide no qual rasga elogios à atuação administrativa do prefeito. E com a avaliação de que vai levar o exemplo da sua gestão para outras cidades.

Candidato à reeleição, o prefeito de São Luís tem nas declarações do presidente do seu partido um bom material de campanha.

Registro

Partiu Joaquim Itapary, membro destacado de uma rica geração de maranhenses

O mundo cultural e político do Maranhão sofreu a perda de um dos seus mais densos e produtivos intelectuais, com a morte, ontem, do ex-ministro da Cultura, ex-deputado estadual e ex-presidente da Academia Maranhense de Letras Joaquim Itapary Filho, aos 88 anos.

Joaquim Itapary protagonizou uma carreira rica como homem público e intelectual. Primeiro como profissional, formado em Direito pela antiga Faculdade de Direito do Maranhão (1962), tornando-se também especialista em Planejamento e Desenvolvimento Econômico nos famosos cursos do Cepal, financiados pela ONU nos anos 60, que formaram uma geração de técnicos de alto nível no Brasil, parte dela no Maranhão. Pertenceu aos quadros da Sudene e foi superintendente da Sudema, órgão criado no Maranhão nos anos 70 com as mesmas características da instituição regional criada por Celso Furtado para o Nordeste. Foi secretário de Planejamento, Secretário de Cultura, chefe da Casa Civil em diferentes governos. Exerceu vários cargos federais no Governo do presidente José Sarney, entre eles o de ministro da Cultura.

No plano político, Joaquim Itapary foi duas vezes deputado estadual, elegendo-se em 1971, juntamente com Eliezer Moreira, na esteira do sarneysismo, atuando como quadro diferenciado da Arena. Ao longo do seu mandato, defendeu posições que contrariaram a ditadura. Abandonou a política em 1978, após concluir o segundo mandato.

Joaquim Itapary foi um intelectual no mais amplo conceito. Dono de uma cultura geral surpreendente, foi também um profundo conhecedor de História, arte e literatura, pela qual enveredou nas últimas décadas de vida. Deixa uma produção literária densa: Seis poemas de Joaquim Itapary (1987), Do incerto ócio (poesia 1989), A falência do ilusório: memória da Companhia de Fiação e Tecidos do Rio Anil. (1995), Sob o sol (2000), Tapuiranas (2007) e Hitler no Maranhão, ou O monstro de Guimarães (2011).

Conhecido por suas posições firmes, Joaquim Itapary protagonizou recentemente uma situação que o revelou sua personalidade forte. Ele renunciou à sua cadeira na Academia Maranhense de Letras em protesto contra a demissão do engenheiro Maurício Itapary, seu filho, da superintendência regional do Iphan, atribuindo o ato ao então ministro da Justiça Flávio Dino. Ele manteve a renúncia, mas foi comunicado solenemente que a imortalidade de um acadêmico maranhense é “irrenunciável”.

Joaquim Itapary Filho foi o que pode se chamar de um maranhense integral.

São Luís, 30 de Julho de 2024.