Os adversários estão fazendo de tudo para tornar mais densa a nuvem de expectativa que se encontra estacionada sobre o Palácio dos Leões, enquanto aliados se desdobram para dissipá-la e mostrar que tudo não passa de um jogo que vai dar em nada. O fato, porém – incontestável, diga-se – é que a possibilidade de o Congresso Nacional aprovar a PEC 113/16, que prevê mais um arremedo de reforma política, está colocando um forte sinal de interrogação sobre o futuro do governador Flávio Dino (PCdoB). Entre os seus artigos, a proposta prevê o fim da reeleição para prefeito, governador e presidente da República no Brasil, incluindo as exceções previstas no outro arremedo de reforma aprovado no primeiro semestre, para vigorar nas eleições municipais. Se aprovado o tal artigo, o governador não poderá se candidatar à reeleição em 2018. A tentativa de guilhotinar esse direito dos governadores que no momento exercem o primeiro mandato está agitando os bastidores da política em Brasília, com fortes reflexos no cenário da política maranhense.
Entre os mandatários estaduais enquadrados nessa situação, Flávio Dino é, certamente, um dos mais afetados. Não porque corra algum risco de não se eleger senador, por exemplo, mas porque o movimento das peças no tabuleiro político-partidário que administra exigirá fórmulas complexas para evitar fissuras, rachaduras e até mesmo rompimentos na sua base de sustentação. Não se duvida da habilidade do governador para fazer a reengenharia necessária para manter o grupo que lidera, mas também não é possível ignorar que dentro desse grupo e fora dele existem segmentos que podem agir para criar problemas.
Na edição de uma semana atrás, a Coluna especulou, com base em avaliações cuidadosas, que o governador Flávio Dino estaria avaliando se candidatar à reeleição ou ao Senado. Se decidisse tentar renovar o mandato, reforçaria o seu projeto de Governo, dando continuidade às obras e programas, para dar novo passo somente em 2022; mas se tomasse a decisão radical de se lançar ao Senado e eleger o sucessor, teria chance de, se eleito, desembarcar na Câmara Alta em 2019 para se tornar, se não a mais importante, com certeza uma das vozes mais importantes da esquerda no País. Porta-vozes do Palácio dos Leões, a começar pelo mais autorizado, o secretário Márcio Jerry (Comunicação e Articulação Política), se apressaram em afirmar que o governador será candidato à reeleição. A informação foi reforçada dias depois pela voz da presidente nacional do PCdoB, deputada federal Luciana Santos (ES), que em entrevista ao bem informado Blog do jornalista Clodoaldo Corrêa, afirmou que Flávio Dino será candidato à reeleição, mas deixando claro que o partido gostaria de tê-lo como líder do mais ousado dos projetos políticos: candidato a presidente da República
Nesse contexto, se o Congresso Nacional aprovar o fim total da reeleição para executivos que cumprem o primeiro mandato nas entranhas da PEC 113/16, o governador só tem um caminho: disputar uma cadeira no Senado ou na Câmara Federal. Óbvio que, com as credenciais políticas que dispõe, ninguém duvida de que seu caminho será a Câmara Alta. No caso, o maior problema será a escolha do candidato à sua sucessão, pois à primeira vista entre os seus aliados só existem até aqui dois nomes que poderiam ser viabilizados viáveis: o senador Roberto Rocha (PSB), que não seria sua escolha em situação normal, e, num a hipótese mais remota, o prefeito eleito de São José de Ribamar, Luis Fernando Silva (PSDB). Isso porque, se Flávio Dino não for candidato à reeleição, é quase certo que a ex-governadora Roseana Sarney (PMDB) tentará voltar Palácio dos Leões, sendo, nessas circunstâncias, uma candidata com muito peso e como aval do Palácio do Planalto. Tanto que os aliados dela estão fazendo carga para que a reeleição para cargos executivos seja definitivamente banida da vida política brasileira, pois avaliam que sem Flávio Dino como adversário, a ex-governadora seria favorita na disputa.
Inteiramente inserido no contexto político nacional, com canais que o permitem transitar nas mais diversas searas partidárias, o governador do Maranhão trabalha com os dois cenários: o da reeleição, que será o caminho mais tranquilo, por lhe dá a chance de manter o Governo e fazer um ou dois senadores; e o que considera a possibilidade de sua mudança para Brasília em 2019 turbinado por um mandato senatorial e com a chance de se tornar o principal porta-voz das esquerdas democráticas no Planalto Central.
PONTO & CONTRAPONTO
Conferência internacional debate cultura de paz entre nações
Três momentos destacados do encerramento da Conferência Mundial pela Paz, realizada em São Luís: o secretário Francisco Gonçalves fala em nome do governador Flávio Dino; apresentação de bumba-boi, e apresentação da Orquestra de Jovens do Maranhão
Bem sucedido, tendo contribuído efetivamente para o fortalecimento do movimento mundial pela Paz. Esta foi a conclusão dos organizadores da realização, em São Luís, da Conferência do Conselho Mundial da Paz (CMP), em parceria com o Governo do Estado, durante os dias 17 (quinta-feira) e 20 (domingo), no Hotel Luzeiros, em São Luís. O evento, que faz parte da programação da campanha ‘Novembro pela Paz’, organizado pelo Governo do Maranhão, reuniu representantes de todos os continentes – exceto Austrália. Presentes delegações de pelo menos 24 países: África do Sul, Alemanha, Barbados, Bélgica, Bolívia, Canadá, Chile, China, Chipre, Colômbia, Cuba, Estados Unidos, Filipinas, Grécia, Índia, Irã, Japão, Líbano, México, Nepal, Palestina, Portugal, Palestina e Vietnã.
O secretário de Estado de Direitos Humanos e Participação Popular (Sedihpop), Francisco Gonçalves, representou o governador Flávio Dino na conferência. Ele saudou a presença dos representantes que atuam pela resistência à política imperialista no mundo. “São várias gerações que, nas últimas décadas, têm se dedicado a uma cultura de paz. O Governo do Maranhão é comprometido com o desenvolvimento econômico e humano e a diversidade humana é valorizada e respeitada, e acolhe a todos e a todas e estabelece profundo diálogo entre os povos buscando o entendimento. Fazemos parte de uma geração que lutou conta a ditadura e que, hoje, preza pela justiça, pela paz e pela democracia”, declarou Francisco Gonçalves.
O secretário de Estado da Secretaria Extraordinária de Igualdade Racial, Gerson Pinheiro, falou da importância da conferência ter sido realizado no dia 20 de novembro, quando é celebrado o Dia Nacional da Consciência Negra em todo o país. “A Conferência Mundial da Paz é a culminância das ações de todas as etnias, todos os povos, buscando a boa convivência. E esse é o trabalho que estamos fazendo, também, agora, na Semana da Consciência Negra. Nós acabamos de fazer um ato reunindo todo povo negro. E, na campanha, o lema é o ‘Respeito à religiosidade é o caminho da igualdade’. Então começa daí, os povos, o homem tem que reconhecer o direito do homem”.
A mesa da Conferência foi composta pela presidente do CMP Socorro Gomes (Brasil); secretário Francisco Gonçalves (Brasil); secretário-geral do CMP, Athanassis Pafilis (Grécia); presidente do Centro Brasileiro de Solidariedade aos Povos e Luta pela Paz (Cebrapaz), Antônio Barreto de Sousa (Brasil); coordenadora do CMP na Europa, Ilda Figueiredo (Portugal); coordenador do CMP nas Américas, Silvio Yrola (Cuba); coordenador do CMP na Ásia, Rabinda Adhirars (Índia); coordenador do CMP no Oriente Médio, Aqel Taqaz (Palestina); e pelo coordenador do CMP na África, Chris Matlhako (África do Sul). A presidente do CMP Socorro Gomes abriu o debate após declarar São Luís a capital mundial da paz. “Esta assembleia sai daqui colocando a necessidade de sairmos mais fortes pra defendermos a soberania dos povos, como é o direito de várias nações aqui representadas, baseados nos preceitos fundantes das Organizações das Nações Unidas (ONU)”.
O evento contou ainda com apresentação de abertura da Orquestra Jovem do Maranhão João do Vale, sob a regência do maestro Edson Gomes, e do Boi de Maracanã, comandado pelo cantador Ribinha de Maracanã, filho de Humberto de Maracanã.
Ao final dos pronunciamentos, o artista cubano do MOVPAZ, Walter Diaz Moreno, Francisco Gonçalves e o presidente do CMP nos Estados Unidos, Alfred Marder, receberam uma placa pelos trabalhos realizados em prol da cultura de paz e respeito aos direitos humanos.
Novembro pela Paz
A campanha ‘Novembro pela Paz’ promove a cultura de paz e respeito aos direitos humanos no Maranhão, por meio da Secretaria de Direitos Humanos e Participação Popular (Sedihpop) e parceiros que desenvolvem diversas ações e atividades visando estimular uma melhor convivência e respeito entre os maranhenses.
O Maranhão foi o destino escolhido pelo CMP para sediar as discussões por ser uma localidade estratégica para debater questões como direitos humanos, racismo, desigualdades sociais e econômicas, religião entre outros assuntos. As assembleias e conferência têm como objetivo fortalecer a paz, amizade e solidariedade entre povos. Representantes de todos os estados brasileiros e de todos os continentes estão presentes no Estado para colaborar com o diálogo e a manutenção do Conselho,
São Luís, 21 de Novembro de 2016.