Imperatriz: o deputado estadual Rildo Amaral (PP) foi eleito prefeito em 2º turno com 81.942 votos válidos (55,11%), derrotando a suplente de deputado federal Mariana Carvalho (Republicanos), que recebeu 66.752 votos (44,89%). Foram 1.638 (1,08%) votos em branco e 1.927 (1.27%) votos nulos. E nada menos que 48.840 (24,29%) eleitores imperatrizenses não foram votar, uma abstenção acima da média, repetindo a da primeira rodada.
A vitória robusta de Rildo Amaral, que ganha assento na távola das referências como líder maior do segundo maior e mais importante município do Maranhão, produz dois desdobramentos. O primeiro é a possibilidade real de Imperatriz sair do charco administrativo e financeiro em que se encontra, para retomar o seu perfil de município rico e de futuro largo. E o segundo é que o resultado da disputa consolida fortemente o novo desenho do mapa geopolítico do Maranhão no qual o governador Carlos Brandão (PSB) lidera a aliança com o maior número de prefeitos; pode também sacramentar o projeto senatorial do ministro do Esporte André Fufuca (PP), e reforça a posição do deputado estadual Antônio Pereira (PSB) com a eleição de Carol Pereira (11), sua mulher, vice-prefeita.
A eleição de Rildo Amaral foi o resultado de uma bem-montada equação política, que começa com a escolha dele próprio como candidato. Professor da área de educação física, envolvido com política comunitária, que se tornou um político experiente, com três mandatos de vereador e que está no segundo de deputado estadual, integrante da base do Governo e com forte presença na vida de Imperatriz. Lançado com o aval do ministro André Fufuca, que lidera o seu partido no Maranhão, ele soube viabilizar sua candidatura ao contar também com o apoio do experiente ex-prefeito Sebastião Madeira (PSDB), que tem credibilidade e conhece as entranhas eleitorais da antiga Vila do Frei.
Tanto no 1º quanto no 2º turno, Rildo Amaral fez uma campanha propositiva, embalada pelo slogan “Imperatriz vai renascer”, o que, associado à sua credibilidade pessoal e política, produziu o discurso que manteve a campanha, ao longo da qual evitou cair em armadilhas e tropeçar em declarações impróprias. Acertou na mosca.
Numa visão política mais ampla, ao ser eleito prefeito de Imperatriz, Rildo Amaral, que é um político de centro-direita com os pés no chão, evitou que a “segunda capital” do Maranhão caísse nas mãos da extrema-direita que segue a cartilha golpista do bolsonarismo radical representado pela candidata Mariana Carvalho. Ela fez questão de mostrar esse perfil com os seus discursos durante a campanha ao receber o apoio pessoal do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e de colocar no seu palanque figuras controversas como a senadora Damares Alves (PL-DF) e o ex-senador Roberto Rocha, que integram a falange bolsonarista maranhense. E foi exatamente por avançar nessa seara que ela recebeu o apoio do deputado federal Josimar de Maranhãozinho (PL) e seu grupo e, por isso, foi desancada pelo presidente do seu partido e até então principal apoiador, o deputado federal Aluísio Mendes – inimigo figadal de Josimar de Maranhãozinho -, que dois dias antes da eleição a chamou de ingrata, desleal e sem caráter. Ela reagiu dizendo que estava sendo atacada porque decidiu “enfrentar o sistema”.
Com um histórico de quatro fracassos eleitorais – tentou ser deputada estadual, deputada federal e duas vezes prefeita -, Mariana Carvalho saiu da eleição sem a vitória, mas com um cacife eleitoral que, se bem administrado, poderá lhe dar a liderança da oposição e facilitar seu acesso à Câmara Federal. Para tanto, precisará resolver sua situação partidária, uma vez que depois do que aconteceu ela dificilmente permanecerá no Republicanos, pelo menos enquanto o partido estiver sob o controle do deputado federal Aluísio Mendes.
Ao estrear no seleto time de cidades que podem resolver suas eleições em dois turnos, Imperatriz deu um exemplo de maturidade política, realizando duas campanhas intensas, mas sem nenhum caso de violência.
Em Tempo: A Justiça Eleitoral do Maranhão deu um exemplo de eficiência ao Brasil: a votação, que ocorreu sem incidentes, foi encerrada às 17:00 horas, a primeira parcial foi divulgada às 17:02, e a eleição de Rildo Amaral foi confirmada às 17:29, com 98,9% dos votos apurados.
PONTO & CONTRAPONTO
Vitória de Rildo reforça a aliança comandada por Brandão
O resultado da eleição em Imperatriz, com a vitória maiúscula do deputado Rildo Amaral consolida, de fato, o desenho do novo mapa político do Maranhão, no qual o governador Carlos Brandão lidera a poderosa aliança partidária que reúne mais de 70% dos prefeitos eleitos e reeleitos. Para se ter uma ideia do poder de fogo desse grupo, o governador contará com aliados no comando de Imperatriz, Timon, Caxias, Bacabal, Pedreiras, Pinheiro, Barreirinhas, Paço do Lumiar, Santa Inês, Barra do Corda, Coroatá, Balsas, devendo contar também, um pouco mais à frente, com São José de Ribamar, por exemplo. É cacife suficiente para definir sua sucessão sem maiores problemas, inclusive se candidatando ao Senado.
O desfecho na antiga Vila do Frei turbinou consideravelmente o braço maranhense do PP e seu líder, o deputado federal e atual ministro do Esporte André Fufuca. Rildo Amaral foi o 30º prefeito eleito pelo PPno Maranhão, o que praticamente autoriza o ministro a tocar em frente o seu projeto de disputar uma cadeira no Senado, se possível na chapa do governador Carlos Brandão. O PP passa a comandar Imperatriz, e vai continuar comandando Caxias e Santa Inês, municípios estratégicos, o que o torna credenciado para pleitear o mandato senatorial.
O sucesso eleitoral do candidato do PP em Imperatriz é resultado também do trabalho intenso e eficiente do ex-prefeito Sebastião Madeira, responsável também pela ressurreição do PSDB no Maranhão. Com um lastro de quatro mandatos federais e dois de prefeito de Imperatriz, o atual chefe da Casa Civil do Governo do Estado atuou como articulador político da candidatura, principalmente na classe empresarial e lideranças independentes, e como conselheiro do candidato, para quem passou o melhor da sua experiência política e da sua vivência em matéria de disputa eleitoral na antiga Vila do Frei. Sebastião Madeira sai desse processo politicamente robustecido.
Derrota de Mariana Carvalho arrastou Bolsonaro e seus aliados
No campo das perdas, as mais fortes se deram no entorno da candidata Mariana Carvalho. Para começar, o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), que apostou alto nesse projeto no 1º turno, mas tirou o pé do acelerador no 2º turno diante dos primeiros números trazidos à tona pelas pesquisas. O resultado da eleição foi uma dura derrota para ele e seus seguidores em Imperatriz, a exemplo do que aconteceu com a maioria dos candidatos do PL em todo o país. Perdeu muito o presidente do Republicanos, deputado federal Aluísio Mendes, que ficou sem uma base de apoio em Imperatriz e deverá ter Mariana Carvalho, agora sua inimiga política, como concorrente nas eleições de 2026 para a Câmara Federal. Perderam os bolsonaristas mais radicais, como o ex-senador Roberto Rocha (sem partido) e o ex-prefeito de São Pedro dos Crentes Lahesio Bonfim (Novo), que apostaram na vitória da candidata do Republicanos. Perdeu também o prefeito reeleito de São Luís Eduardo Braide (PSD), mesmo tendo deixado seu nome em Imperatriz.
São Luís, 28 de Outubro de 2024.