Na edição de ontem, o Jornal Nacional, da Rede Globo, em reportagem sobre o charco em que está metido o PSL, partido do presidente Jair Bolsonaro, com supostos desvios de recursos do Fundo Partidário e do Fundo Eleitoral, acabou disparando chumbo grosso contra o braço do PRB no Maranhão, atingindo diretamente o presidente regional, deputado federal Cleber Verde que estaria envolvido até a medula nessa prática criminosa de desvio de recursos, usando para isso candidatas mulheres sem qualquer chance nas urnas. Numa reportagem fulminante, o telejornal global mostrou, entre outros, o caso da ribamarense Marisa Rosas, que recebeu R$ 600 mil do comando do PRB e prestou contas informando que bancou nove milhões de “santinhos” e 1 milhão e 250 mil botons, tudo distribuído a eleitores, e que saiu das urnas com apenas 161 votos. Isso significa dizer, numa conta simples, que cada voto de Marisa Rosas custou ao contribuinte nada menos que R$ 3.750,00.
Mais grave ainda: segundo o telejornal da Rede Globo – que usou repórter e produtor da central -, os espantosos gastos do PRB do Maranhão envolvem diretamente o seu presidente, deputado federal Cleber Verde, um político controvertido e tarimbado, sempre bem votado, e que comanda o partido com mão de ferro. Cleber Verde teria gastado mais de R$ 500 mil em impresso numa gráfica de Tuntum, argumentando que optou pela qualidade e pelo preço atraente da empresa tuntuense. Ainda segundo a reportagem global, ao ser indagado sobre a inacreditável relação de gasto-resultado eleitoral de Marisa Rosas, o deputado Cleber Verde teria respondido que no caso da candidata “resultado de eleição é imprevisível”. E sobre os dele próprio com a gráfica tuntuense, explicou que foi motivado pela qualidade dos serviços e pelo o preço atraente.
Provocado pela reportagem da Rede Globo os fastos eleitorais do PRB e certo de que seria exposto em plano nacional, o Tribunal Regional Eleitoral respondeu com cautela extrema, para não ser alcançado pelas chamas da denúncia: está analisando a prestação de contas de Marisa Rosas.
A exposição negativa do braço maranhense do PRB, mostrando fortes indícios de que algo de muito estranho contamina a contabilidade do partido no que se refere ao uso dos recursos do Fundo Partidário e do Fundo Eleitoral nas últimas eleições e constrange seus quadros mais importantes. Para começo de conversa, sob o comando do deputado federal no quarto mandato Cléber Verde, a seção do partido no Maranhão alcançou um patamar de primeira linha, tendo nos seus quadros ninguém menos que o vice-governador Carlos Brandão, que se filiou à agremiação em 2017, depois que perdeu o controle do PSDB no estado. Depois, o partido tem como um dos seus pilares Fábio Gentil, prefeito de Caxias, terceiro maior e mais importante colégio eleitoral maranhense, juntamente com seu pai, o deputado estadual Zé Gentil, único representante da legenda na Assembleia Legislativa. Além disso, o PRB conta hoje com 15 prefeitos e dezenas de vereadores nas diferentes regiões do Maranhão, o que o torna uma agremiação com expressivo peso no contexto político estadual.
Não há dúvida de que uma bomba-relógio foi colocada no colo do deputado federal Cleber Verde. Afinal, ele foi mostrado nacionalmente como um chefe partidário regional suspeito de fazer traquinagens com recursos do partido e do contribuinte. E da maneira como foi relatado na reportagem, sua explicação para os gastos de Marisa Rosas, e as dela própria, deixaram no ar uma forte carga de suspeita que ele, como chefe da agremiação, responsável direto pelos gastos, precisa dar à sociedade. Cléber Verde é traquejado, já conseguiu reverter uma demissão do serviço público federal sob a acusação de fraudar aposentadorias, tendo reassumido seu emprego na INSS. Não será surpresa se conseguir demonstrar quer os gastos da militante do PRB, Marisa Rosas, estão rigorosamente dentro das regras eleitorais, assim como o contrato dele próprio com a gráfica de Tuntum.
PONTO & CONTRAPONTO
Rubens Jr. será secretário, Simplício Araújo continuará secretário e Gastão Vieira será deputado federal
Consumada a equação desenhada desde que o resultado das urnas foi anunciado, na noite de 7 de Outubro do ano passado: reeleito com 111.584 votos, o deputado federal Rubens Pereira Jr. (PCdoB) se licenciará do mandato para assumir a Secretaria das Cidades e Desenvolvimento Urbano, o primeiro suplente de deputado federal Simplício Araújo (SD), que recebeu 74.058 votos, vai continuar no comando da Secretaria de Indústria e Comércio, abrindo a vaga para o segundo suplente da coligação, o ex-deputado federal e ex-ministro do Turismo.
A equação é fruto da engenharia política usada pelo governador Flávio Dino (PCdoB) para manter firme e estável a aliança partidária que lhe dá sustentação e turbinar a caminhada do deputado federal Rubens Jr. como uma das suas opções a corrida sucessória em 2022. Nesse contexto, Gastão Vieira, que é dono de um currículo exemplar e uma trajetória política vitoriosa, apesar de alguns percalços, como a derrota na disputa para o Senado com o hoje senador Roberto Rocha (PSDB), o que o levou ao rompimento com o Grupo Sarney, deixar o hoje MDB e assumir o comando do PROS no Maranhão.
Político racional e arguto, que sabe mexer com as pedras do xadrez estadual e sua extensão nacional, o governador Flávio Dino sabe da importância da experiência executiva de um político jovem do quilate de Rubens Jr., que nunca liderou um projeto no âmbito do Poder Executivo, tendo sua carreira restrita ao parlamento. Agora, no comando da Secretaria das Cidades e Desenvolvimento Urbano, o deputado federal licenciado e aspirante a governador saberá com quantos tijolos e quantas telhas se faz uma casa. A confirmação de Simplício Araújo na pasta da Indústria e Comércio vem também do bom trabalho que realizou à sua frente nos últimos quatro anos.
A volta de Gastão Vieira à Câmara Federal fará bem a ele próprio, ao governador Flávio Dino e ao Congresso Nacional como um todo. Para começar ocupará o seu espaço como especialista em educação, que agora ampliará coma visão ampla e consolidada que conseguiu como ministro do Turismo. Maduro e com os pés no chão, Gastão Vieira poderá ser um diferencial na Câmara Federal.
Chico Carvalho, sobre o escândalo do PSL: “Graças a Deus estamos fora dessa confusão”
“Graças a Deus estamos fora dessa confusão”. F, presidente do PSL no Maranhão, ao ser indagado sobre se haveria alguma sombra maranhense no escândalo de gastos ilegais e criminosos de campanha que estão sacudindo o PSL e o Palácio do Planalto, com a iminente demissão do ministro-secretário geral da Presidência da República, Gustavo Bebianno, que já presidiu o partido. “Na campanha de 2018 não tivemos um único centavo do Fundo Partidário e nem ajuda de ninguém. Nossos candidatos a deputado estadual e federal não receberam nenhum centavo”, enfatizou Chico Carvalho. O presidente do PSL maranhense não está blefando. De fato, os candidatos do partido a deputado estadual e a deputado federal não receberam nada do partido e se viraram, tanto que o único eleito foi Pará Maranhão, embalado pelos laços de família, sob a liderança do pai, o desembargador José Joaquim Figueiredo dos Anjos, presidente do Tribunal de Justiça e, dizem, principal cabo eleitoral do candidato.
São Luís, 16 de Fevereiro de 2019.