PSL: Pedro Lucas tem o desafio de comandar um partido rachado e com candidato a governador em campanha

Pedro Lucas Fernandes tem o desafio de comandar o PSL com Lahesio Bonfim candidato a governador em campanha e com partidários de Jair Bolsonaro

Uma indagação vem se repetindo no meio político maranhense: para onde vai o braço maranhense do PSL? Partido de direita, que abrigou a candidatura do capitão e deputado federal de extrema direita Jair Bolsonaro à presidência da República, viveu, de 2018 para cá, entre os prazeres do paraíso e as amarguras do purgatório políticos. Catapultado pelas urnas como um dos maiores partidos do País, mergulhou numa devastadora crise intestina, dela saindo como agremiação de oposição, mas que continua ocupado por expressivos bolsões bolsonaristas, entre eles o controlado diretamente pelo filho do presidente, deputado federal Eduardo Bolsonaro (SP) e alguns dos parlamentares mais reacionários do Congresso Nacional. No Maranhão, o PSL tem hoje o mesmo espectro, abrigando contrários e aliados do presidente. Agora comandado pelo deputado federal Pedro Lucas Fernandes, que rompeu com o PTB, o partido tem um candidato a governador, o prefeito Lahesio Bonfim, de São Pedro dos Crentes, um enorme  abacaxi para o presidente descascar nos próximos meses, já que, pessoalmente, o chefe partidário declarou apoio ao projeto de candidatura do senador Weverton Rocha (PDT).

Controlado com mão de ferro, durante mais de uma década, pelo experiente vereador ludovicense Chico Carvalho, que faz parte do grupo mais ligado ao fundador e presidente nacional do partido, deputado federal Luciano Bivar (PE), o PSL maranhense é hoje uma agremiação formada por várias frentes, que vêm dando sinais de que dificilmente se harmonizarão. Conta apenas com dois prefeitos – um deles candidato a governador -, e um deputado estadual, o silencioso e insondável Pará Figueiredo. Nos seus quadros encontram-se bolsonaristas roxos, como o coronel aposentado José Ribamar Pinheiro, e outros que já não são tão fiéis, como o médico Jair Garcez, por exemplo, que seguraram a bandeira bolsonarista nos primeiros tempos. Outros bolsonaristas, como o ex-prefeito de São Luís Tadeu Palácio, preferiram pular fora do barco, depois que constatam a deterioração do presidente Jair Bolsonaro e seu Governo.

O primeiro grupo é formado pelo novo presidente, deputado federal Pedro Lucas Fernandes, um político jovem e com horizonte largo pela frente, que trabalha para atrair pelo menos parte dos 13 prefeitos que ajudou a eleger ainda no comando do PTB, tentando dar ao partido uma feição mais amena. Politicamente, o presidente estadual parece se movimentar na contramão do partido, à medida que ele e seus aliados, que vêm alimentando a pré-campanha do senador Weverton Rocha (PDT), se veem agora frente a frente com o autoproclamado candidato do partido a governador, Lahesio Bonfim, o zoadento prefeito da pequena São Pedro dos Crentes, que faz campanha aberta apoiado declaradamente por um grupo que se define como a “nova direita” do Maranhão. O grupo lhe dá apoio político e material, à medida que vem bancando os outdoors nos quais se vende, sem nenhuma modéstia, como “o melhor prefeito do Maranhão”.

O presidente e o pré-candidato a governador do PSL vêm travando um embate que traz a marca da imprevisibilidade, uma vez que Pedro Lucas Fernandes não deu até agora aval à candidatura de Lahesio Bonfim, e este não emite qualquer sinal de que pode vir a desistir do projeto de chegar aos Leões. O quadro sugere um impasse de difícil solução, que será decidido no dia 2 de Abril do ano que vem, data limite para a desincompatibilização para as eleições de Outubro. Isso porque Lahesio Bonfim tem dado seguidas demonstrações de que não pretende mesmo abrir mão da sua candidatura ao Governo do Estado, enquanto Pedro Lucas Fernandes até agora não fez um gesto sequer indicando que o apoia ou que poderá vir a apoiá-lo. Ao contrário, todas as manifestações do presidente do PSL têm sido na direção do senador Weverton Rocha.

As demais frentes encontram-se mergulhadas no silêncio, provavelmente aguardando a hora certa para entrar em ação, ou mudar de foco decepcionadas com a “causa” que abraçaram. Não é possível mensurar o seu poder de fogo, mas pode-se dizer que são em número modesto, e podem ser reduzidas ainda mais e até serem depuradas pelas urnas nas eleições de 2022.

 

PONTO & CONTRAPONTO

 

Márcio Jerry desmonta factoide e avisa que tentará a reeleição

Márcio Jerry em ação na Câmara forjado para a ação política

O deputado federal licenciado e atual secretário das Cidades e Desenvolvimento Urbano, Márcio Jerry, que preside o braço maranhense do PCdoB, desmontou um factoide e anunciou seu projeto político. O factoide: não será candidato a vice-governador, nem na chapa do futuro governador Carlos Brandão (PSDB) nem na do senador Weverton Rocha (PDT). O seu projeto: buscar a reeleição para a Câmara Federal.

Sobre o factoide, vale observar que Márcio Jerry tem preparo para assumir qualquer cargo executivo, com amplas possibilidades de realizar gestões de excelência. Seu perfil, porém, é o da ação política e partidária, da articulação, da mobilização. Foi construído ao longo de quatro décadas, tendo iniciado no movimento estudantil, nos anos 80, aprimorado na intensa vivência partidária, na operacionalização de projetos de candidaturas que mudaram o eixo político do Maranhão, como a do então deputado federal Edivaldo Holanda Jr. à Prefeitura de São Luís em 2012, e na concretização do grande projeto político que levou o ex-juiz federal e ex-deputado federal Flávio Dino ao poder estadual em 2014, para citar apenas dois exemplos incontestáveis.

Difícil imaginar o militante, articulador e provocador, que tem no currículo muitos acertos e alguns equívocos, acomodado na condição de vice, com a paciência, a disciplina e as cautelas de Carlos Brandão, por exemplo. Márcio Jerry, portanto, é sinônimo de movimento, de ação política, muito mais ajustado ao jogo parlamentar. Seu lugar, por decisão popular, deve ser o parlamento.

 

Partidos sarneysistas devem se juntar em torno de Edivaldo Jr.

Edivaldo Holanda Jr. pode juntar partidos sarneysistas

Todos os indícios surgidos até aqui sugerem que os partidos remanescentes do Grupo Sarney – MDB e PSC, por exemplo -, formarão uma frente em torno da candidatura do ex-prefeito Edivaldo Holanda Jr.. Esse movimento começará a ser percebido com mais clareza depois que ele assinar ficha de filiação no PSD, no próximo dia 4 de Agosto, em ato solene em Brasília, comandado pelo presidente da agremiação, Gilberto Kassab, ex-prefeito de São Paulo.

A explicação é simples: há nesses partidos vozes que defendem essa frente pela necessidade de uma candidatura majoritária de peso para liderar as chapas para a disputa proporcional, como é a tradição política. O argumento é que, espalhadas em diferentes campos, esses partidos podem ser severamente prejudicados nos seus projetos de eleger deputados estaduais e federais.

Para essas vozes, a prioridade não será exatamente a eleição do candidato a governador, mas a importância que ele terá como a principal referência da campanha a ser levada a todos os recantos do Maranhão. Lembram que, por ter ação política concentrada na Capital, Edivaldo Holanda Jr. será obrigado a percorrer o estado inteiro, para produzir a capilaridade que a sua candidatura precisa para ganhar consistência. E nesse embalo, candidatos a deputado federal e estadual desses partidos estarão juntos.

São Luís, 28 de Julho de 2021.

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