A menos que esse clima “pesado” seja desmanchado e venha à tona o discurso do consenso em torno de um nome, a impressão que se tem nesse momento é que o PDT caminha para uma baita crise intestina por conta da escolha do candidato do partido à corrida para a sucessão de Edivaldo Holanda Jr. na Prefeitura de São Luís. No momento, a decisão atribuída ao presidente do partido, senador Weverton Rocha, é a de lastrear a pré-candidatura do presidente da Câmara Municipal de São Luís, vereador Osmar Filho, e sufocar o projeto de candidatura do deputado estadual Yglésio Moyses, mais conhecido como Dr. Yglésio. Nesse ambiente de disputa interna, ao mesmo tempo em que o presidente da Câmara se movimenta para ser o candidato, o deputado pedetista também se posiciona com ostensiva determinação com o mesmo objetivo. O PDT se divide entre a orientação do presidente Weverton Rocha, que não esconde sua preferência pelo vereador Osmar Filho, mas não tem como ignorar o potencial político e eleitoral de Dr. Yglésio, que se dispõe a deixar o partido e disputar a Prefeitura por outra legenda.
No final da semana, uma grande movimentação nas entranhas pedetistas resultou numa tomada de posição do presidente Weverton Rocha. Ele reafirmou a pré-candidatura do vereador Osmar Filho e “vetou” a saída de Dr. Yglésio para concorrer por outro partido. Se de um lado levou a banda que apoia o vereador-presidente a festejar, de outro provocou reação azeda de partidários de Dr. Yglésio, que divulgou nota em que diz não querer causar problemas para o partido, mas protesta firmemente contra as decisões que objetivam explodir o seu projeto de candidatura. Nas entrelinhas, Dr. Yglésio questiona a democracia partidária pregada pela cúpula pedetista, e enfatiza que como membro do PDT tem todo o direito de tentar viabilizar sua candidatura.
Até agora, é visível uma disputa desigual dentro do PDT, com o presidente Weverton Rocha usando uma mão para embalar o vereador-presidente Osmar Filho, enquanto utiliza a outra para afastar o deputado Dr. Yglésio da corrida interna, tirando-lhe também a possibilidade de deixar a legenda para buscar a vaga de candidato em outra agremiação sem perder o mandato. Embalado pelo apoio declarado do chefe pedetista, o vereador-presidente Osmar Filho vem se movimentando intensamente, levando alguns aliados a darem a candidatura dele como fato consumado. Ao mesmo tempo, o deputado Dr. Yglésio dá mostras de que não se submeterá facilmente à decisão da cúpula e continuará trabalhando duro para se viabilizar como candidato. Para ele, as pesquisas dirão quem tem razão, manifestando a crença de que os percentuais lhe serão favoráveis.
Nesse contexto, chama a atenção o silêncio do prefeito Edivaldo Holanda Jr., que, ninguém duvida, terá voz e papel, para muitos decisivos, nas decisões do PDT. Aos olhos de quem está de fora, ele tem se portado como como uma espécie de esfinge em relação à sua sucessão. Até aqui, o prefeito não disse o que pensa sobre quem o partido deve lançar, não manifestando publicamente preferência nem pelo vereador Osmar Filho nem pelo deputado Dr. Yglésio, como se eles não fossem os nomes que a agremiação pedetista dispõe para entrar na briga pela sua sucessão. Edivaldo Holanda Jr. deixa no ar a impressão de que nesse momento seu compromisso é dinamizar sua gestão, de modo a assegurar ao candidato do PDT o discurso da continuidade.
O fato é que a guerra pela vaga de candidato do PDT à sucessão do pedetista Edivaldo Holanda Jr. está em pleno curso, e com sinalização crescente de que, mesmo com o apoio declarado do presidente Weverton Rocha ao vereador-presidente Osmar Filho, o deputado Dr. Yglésio dá, na sua nota, forte demonstração de que não abrirá mão de continuar buscando viabilidade política e eleitoral para a sua pré-candidatura, certo de que, em algum momento, a situação pode ser revertida pela voz das pesquisas.
PONTO & CONTRAPONTO
Pré-candidatos a prefeito fizeram festa com Flávio Dino na inauguração do Parque do Rangedor
A inauguração do Parque do Rangedor, na tarde de sábado (07), pelo governador Flávio Dino (PCdoB), assanhou os aspirantes do seu campo à sucessão do prefeito Edivaldo Holanda Jr. (PDT). Apertando mãos, dando tapinhas nas costas, colocando crianças nos braços, mantendo sorriso largo em inúmeras fotos a pedido de simpatizantes, participaram do evento o secretário das Cidades e deputado federal licenciado Rubens Jr. (PCdoB), apontado como preferido do Palácio dos Leões; o deputado Duarte Jr. (PCdoB), que aparece nas pesquisas como o governista mais forte para enfrentar o deputado federal Eduardo Braide (Podemos); o presidente da Câmara, Osmar Filho (PDT), apoiado pela cúpula pedetista; o deputado Dr. Yglésio (PDT), que briga para ser o candidato do partido; e o deputado federal Bira do Pindaré, que já está confirmado como candidato do PSB.
No ato, todos pretenderam, de alguma maneira, mostrar força no grande grupo liderado pelo governador Flávio Dino, que comandou a festa com eles à volta, mas com o cuidado de não incluir guerra sucessória na inauguração de uma obra urbana de ponta, dentro de uma área mais nobre ainda. Junto com ele estava o prefeito Edivaldo Holanda Jr., que também não se deixou envolver pelo clima de entusiasmo dos pré-candidatos a sucedê-lo no gabinete principal do Palácio de la Ravardière.
Bolada do Pré-Sal para municípios representa R$ 625,00 para cada maranhense
Por meio da chamada Cessão Onerosa, aprovada na semana passada pelo Senado, os municípios maranhenses receberão R$ 444.333.285,04 da bilionária bolada recebida pela União com o leilão das reservas de petróleo do Pré-Sal. O dinheiro será distribuído de acordo com os critérios distribuição dos recursos do Fundo de Participação dos Municípios (FPM), que têm como base a população de cada município. São Luís receberá nada menos que R$ 56,8 milhões. Em seguida vêm Imperatriz, Timon, São José de Ribamar, Paço do Lumiar e Caxias, cada um com R$ 10,1 milhão. Codó, Bacabal e Açailândia receberão, cada um, R$ 4,1 milhão. Depois desses, uma dezena de municípios, entre eles Santa Inês, Pinheiro, Chapadinha e Barra do Corda, terão, cada um, entre R$ 3,6 e R$ 3,1 milhões. Os demais 198 municípios receberão de R$ 2 milhões a pouco mais de R$ 500 mil.
Se os R$ 444.333.285,04 fossem divididos pelos 7,1 milhões de maranhenses, cada um teria direito a R$ 625,00. No caso de São Luís, se os R$ 56,8 milhões de São Luís fossem divididos pelos seus 1,2 milhão de habitantes, cada um embolsaria R$ 473,00. O Sindicato dos trabalhadores na Educação de São Luís (Sindeducação) propõe que esse dinheiro – que não pode ser usado para pagar salários, sirva para bancar a reformas das escolas ainda não reformada na Capital.
São Luís, 10 de Setembro de 2019.