Errou, em larga escala, quem previu que a morte do presidente Humberto Coutinho (PDT) criaria um vácuo no comando da Assembleia Legislativa. O respeitado e acreditado líder que partiu levando consigo um estilo e algumas marcas muito próprias de fazer política. Em vez do vazio, da incerteza e da falta de norte, o Poder Legislativo ganhou uma nova voz de comando, jovem, e que vem exibindo firmeza e se consolidando no cargo. Em 30 dias, o presidente Othelino Neto (PCdoB) mostrou que, em vez de um vácuo, a Assembleia Legislativa está entrando num novo ciclo, com um comando forte e sem vacilação. Ele assumiu com agilidade determinação o controle administrativo da Casa, fez as mudanças que julgou necessárias sem perder tempo nem fazer alarde. Tornou-se um interlocutor bem sucedido com os Poderes Executivo e Judiciário, mostrando-se decidido a manter uma relação equilibrada com seus pares. E finalmente, para a surpresa de muitos, está se revelando um articulador político ousado e de visão larga, atento a todas as mexidas no tabuleiro da política, assegurando à presidência do Poder Legislativo a importância política que ela sempre teve.
Além das inúmeras visitas que vem recebendo de prefeitos e vereadores, de deputados estaduais e federais, e de lideranças dos mais diferentes segmentos, o novo presidente da Assembleia Legislativa vem se mostrando um articulador político, ora atuando em questões políticas internas, ora protagonizando movimentos de grande envergadura. Envergadura. Quatro fatos recentes mostraram que o novo presidente do parlamento estadual se posiciona como homem de grupo e está politicamente focado.
Primeiro. Em meio à tensão dos primeiros momentos no cargo de presidente, o portal G1 divulgou um levantamento no qual Flávio Dino (PCdoB) foi apontado como o governador campeão no cumprimento de promessas de campanha. Othelino Neto encontrou tempo e motivação para conceder uma entrevista para comentar o fato e mostrar que as informações traduziam fielmente o Governo Flávio Dino. O curioso é que essa atitude em nada arranhou a sua posição de presidente de Poder. Houve quem criticasse sua iniciativa, mas a ênfase que deu aos seus comentários inibiu os críticos.
Segundo. Recentemente, adversários do Governo espalharam que as Unidades de Pronto Atendimento (UPAs) da Cidade Operária e do Vinhais estariam enfrentando problemas graves e que até parte do teto de uma teria desabado. Num movimento rápido, pediu informações ao secretário de Saúde, Carlos Lula, que o convidou para visitar as unidades e tirar a prova dos noves. Viu que as UPAs estão sendo reformadas, mas que a reforma não está afetando o atendimento, que segue normal, constatando in loco que se tratava de uma denúncia falsa. “Conversamos com as pessoas e não observamos, nem de longe, a crise que tentaram divulgar para o Maranhão. Iremos a outras Upas, para traçar o quadro real dos problemas que existem, mas distantes da exploração eleitoreira que fizeram”, disparou.
Terceiro. Há duas semanas, em meio à tensa expectativa em relação ao julgamento, pela 8ª Turma do TRF4, do recurso por meio do qual o ex-presidente Lula da Silva (PT) pretendia derruba a condenação que lhe fora imposta pelo juiz Sérgio Moro, partidos e movimentos de esquerda criaram o braço maranhense da Frente em Defesa da Democracia e do Direito de Lula ser Candidato. Acatou prontamente a proposta do deputado Zé Inácio (PT) e presidiu, no gabinete da Presidência, o ato em que foi criada a versão parlamentar da Frente por Lula. Fez no ato um pronunciamento duro contra a tentativa de impedir a candidatura do ex-presidente, classificando a condenação de “complemento do golpe” que, segundo ele, começou com o impeachment da presidente Dilma Rousseff (PT).
Quarto. Na terça-feira, o presidente Othelino Neto fez um movimento político-partidário de larga envergadura para demonstrar que a aliança partidária liderada pelo governador Flávio Dino está consolidada. Reuniu para um jantar na sua residência Márcio Jerry (PCdoB), Rafael Leitoa e Herlânio Xavier (PDT), Gastão Vieira (PROS), Pedro Fernandes (PTB), André Fufuca (PP), Juscelino Filho (DEM), Josimar de Maranhãozinho (PR), Bira do Pindaré (PSB), Edivaldo Holanda (PTC), Augusto Lobato (PT), Simplício Araújo (Solidariedade) e Eliziane Gama (PPS) partidos que integram a aliança. Com o encontro, Othelino Neto pretendeu demonstrar que, independentemente projeto eleitoral de cada partido, o foco maior da grande frente é a reeleição do governador Flávio Dino. A reunião foi definida como uma etapa no diálogo com o objetivo de reforçar a ideia de “um projeto coletivo”. Idealizado ou não pelo comando do PCdoB, o encontro foi de fato comandado pelo presidente da Assembleia Legislativa, que funcionou ao mesmo tempo como anfitrião e articulador.
Eleito e reeleito 1º vice-presidente após realizar um eficiente movimento nos bastidores, o deputado Othelino Neto assumiu o comando da Assembleia Legislativa com a noção clara de que, por maior que tenha sido o impacto da perda, a instituição tem de seguir em frente. Termina o primeiro mês, portanto, consolidado no cargo e tendo sob seu controle uma máquina que envolve mais de dois mil servidores, entre diretos e terceirizados a serviço dos 42 deputados, responsáveis pela tarefa institucional de legislar, fiscalizar e debater, donos de uma Casa essencialmente política.
PONTO & CONTRAPONTO
MDB traz de volta Isaac Dias e deve perder Fábio Câmara
O MDB do Maranhão parece estar saindo do seu curso para ser um partido de extremos. Comandado com firmeza pelo senador João Alberto, que dedica boa parte do seu tempo à sua organização, a agremiação devolveu para seus quadros um dos seus fundadores, que estava há décadas filiado ao PDT, e pode mandar embora uma cria sua, que, insatisfeito, declara voto a candidato do PDT, que o convida para ingressar no partido.
Na semana passada, o comando pemedebista desembarcou em São Bento para, num grande ato, receber de volta o respeitável ex-deputado e ex-prefeito Isaac Dias. Para quem não sabe ou não se lembra, Isaac Dias é dono de uma bela trajetória política, que começou exatamente quando ajudou a fundar o MDB maranhense, junto com Cid Carvalho, Renato Archer, Jackson Lago, Epitácio Cafeteira e outros gigantes da política do Maranhão, e que passou quase três décadas filiado ao PDT por não aceitar o seu partido como a nave partidária do sarneysismo.
Logo em seguida, outro político, Fábio Câmara, que entrou para o partido ainda adolescente, com um “faz de tudo” e que, depois se elegeu vereador e de ter sido triturado como candidato à Prefeitura de São Luís, foi agora a público declarar, de alto e bom tom, que já tem candidato a senador: o depurado federal Weverton Rocha (PDT), ignorando o senador Edison Lobão (MDB) e o aliado Sarney Filho (PV).
Tudo indica que, enquanto o honrado Isaac Dias, provavelmente atendendo a pedido do herdeiro, o advogado Isaac Filho, retorna para fortalecer a dignidade pemedebista, o insatisfeito Fábio Câmara deve atender a convite de Weverton Rocha para ingressar no PDT, de onde o líder são-bentoense saiu.
Deputados vencem Ministério Público por 2 X 0 no TJ
Ações judiciais contra deputados estaduais dominaram a sessão de ontem do Pleno Tribunal de Justiça, que agora funciona com 30 desembargadores. A Corte rejeitou por unanimidade denúncia contra o deputado Rigo Teles (PV), acusado de ter usado um assessor, pago pela Assembleia Legislativa em trabalhos de natureza pessoal. Baseados no voto do relator, desembargador Marcelo Carvalho, os desembargadores não encontraram substância na denúncia feita pelo Ministério Público e a mandaram para o arquivo morto. Na sequência, a Corte examinou uma denúncia contra o atual deputado estadual Raimundo Cutrim (PCdoB). De acordo com o MP, quando foi secretário de Segurança Pública, ainda nos anos 90 do século passado, ele autorizou uma obra física dispensando a licitação. Os desembargadores examinaram o processo e encontraram algumas irregularidades formais na decisão do então secretário, mas verificaram, por outro lado, que o projeto foi realizado com os recursos corretamente aplicados, não havendo qualquer perda para o Estado. O caso gerou intensa discussão, que resultaram na decisão, por maioria, para que a denúncia também fosse mandada para o arquivo morto. Finalmente, uma ação do deputado Rogério Cafeteira (PSB) contra uma denúncia feita contra ele por um delegado, que não teria poderes para tal. O caso provocou discussões ásperas, mas dentro do limite, entre desembargadores, mas não chegou a ser objeto de decisão por conta de um pedido de vista, mas já com uma clara vantagem de votos a favor do parlamentar.
Pode-se dizer que os deputados venceram o MP por dois a zero.
São Luís, 31 de Janeiro de 2018.
Acredito que a assembeia está em ótimas mãos.
Se unindo assim é que a força aumenta