A inauguração, ontem, em São Luís, do quarto Hospital de Campanha destinado a pacientes infectados pelo novo coronavírus no Maranhão, foi a demonstração definitiva dos bons resultados da aposta elevada feita pelo governador Flávio Dino (PCdoB) nas chamadas parcerias público-privadas, e levadas por ele a um nível que nenhum governo na história recente do estado conseguiu levar. Instalado no Espaço Renascença, pertencente ao Ceuma, com a estrutura bancada pelo Grupo Mateus e a energia fornecida gratuitamente pela Equatorial, o hospital, que foi implantado em tempo recorde, conta com 60 leitos, sendo 10 de UTI, e funcionará com uma equipe de mais de 500 profissionais, entre médicos, enfermeiros, técnicos de diversas áreas, auxiliares e várias outras atividades. Junto com os de Imperatriz, Bacabal e Pedreiras, também o Hospital de Campanha de São Luís cala, de uma vez por todas, o discurso que semeia dúvidas sobre esse tipo de relação do poder público com a iniciativa privada.
Contrariando frontalmente a catilinária dos seus adversários sugerindo que, por ser de esquerda, o Governo do PCdoB não teria convivência saudável com o setor produtivo e seus diversos campos de atuação, o governador Flávio Dino vem mostrando que não existe óbice quando a relação é republicana, ou seja, quando os parceiros não a veem como um negócio. O Hospital de Campanha de Pedreiras, por exemplo, é resultado de parceria do Governo com a Eneva, empresa que produz energia por meio de termelétricas. O de Bacabal, por sua vez, foi doado pela embaixada dos Estados Unidos no Brasil. E o de Imperatriz é fruto de parceria com a Suzano Papel e Celulose e com a Associação Comercial e Industrial do município. Não há qualquer traço de anormalidade nesses acordos.
Via de regra, quando se fala de parceria público-privada, a primeira impressão é a de que por ela se estabelece uma troca de favores sem base ética, com a empresa participando mediante algum favorecimento, principalmente no campo tributário, ou alguma outra facilidade irregular. Isso, porém, cai por terra quando acordos dessa natureza são feitos às claras, como é o caso da parceria que permitiu a implantação do Hospital inaugurado ontem. Não há registros de que o governador Flávio Dino tenha feito alguma concessão fora dos padrões. Alguns costumam apontar incentivos fiscais como favorecimento, esquecendo-se que as concessões nessa área foram todas feitas à luz solar, e com o suporte de leis aprovadas pela Assembleia Legislativa.
O Hospital de Campanha de São Luís chega como um reforço excepcional na guerra difícil, dramática e, até aqui, sem trégua contra um inimigo invisível, cruel e implacável, que está assolando o País, tendo ceifado, até ontem, mais de 320 mil vidas, seis mil delas no Maranhão. O diferencial é que, no Maranhão, estão sendo usados com lisura e eficiência todos os recursos disponíveis no combate ao novo coronavírus, ampliando no limite das suas condições do Estado a estrutura que hoje acolhe milhares de infectados. Mesmo assim, milhares de vidas continuam sendo ceifadas pela Covid-19, doença que traduz, sem rodeios, a letalidade do novo coronavírus.
Boa parte dessa estrutura não existiria não fosse a aposta alta feita pelo governador Flávio Dino nessa forma de parceria. Os quatro hospitais somam mais de 250 leitos, sendo mais de 30 de UTI, já tendo os três primeiros salvado um número elevado de vítimas da pandemia. Sem eles, certamente o número de mortes no Maranhão já seria bem mais elevado.
No ato de inauguração do hospital, o governador Flávio Dino assinalou que a união entre poder público e empresas privadas é um bom caminho para combater a pandemia. Uma “deixa” para a reitora do Ceuma, Cristina Nitz declarar: “Nossa instituição é de ensino, pesquisa e extensão, mas nós temos também um papel de responsabilidade social e eu tenho certeza que este hospital vai salvar muitas vidas. E, para nós, é um prazer ajudar”. Na mesma linha, o empresário Wilson Mateus deu o seu recado: “É o momento de as pessoas serem mais humanas, pensarem mais no próximo, e essa parceria público-privado vem selar isto”.
Os fatos e as declarações mostram que, quando a coisa é séria e a causa é nobre, a parceria público-privada funciona.
PONTO & CONTRAPONTO
Othelino Neto diz que golpe de 64 foi danoso e deve ser lembrado como ditadura
Oportunas e centradas as declarações feitas ontem pelo presidente da Assembleia Legislativa, deputado Othelino Neto (PCdoB), lembrando, em tom de alerta, os 57 anos do Golpe Militar de 1964, que para ele não deve ser celebrado, permanecendo como registro na História apenas como um exemplo do que não deve acontecer ao um País democrático.
Diferentemente da maioria dos deputados federais e de parte dos deputados federais senadores, que curiosamente não se manifestaram sobre o assunto num momento em que o País vive uma forte crise institucional, o presidente da Assembleia Legislativa lembra que o golpe instalou ditadura pela força bruta, a liberdade de expressão, a censura à imprensa, o direito de livre manifestação, os direitos políticos e as garantias individual, sendo submetidas a um duro e ilegal regime de exceção. “Com o acirramento do regime militar e dos atos institucionais que foram se sucedendo, pessoas foram mortas, outras exiladas e famílias foram dilaceradas. Nós perdemos o nosso direito de ir e vir e de pensar diferente”, lembra.
E sempre em tom de alerta, chamou a atenção para o fato de que o Brasil está sob a ameaça, uma vez que “que, infelizmente, algumas pessoas que ocupam posições de destaque na nação insistem em fazer insinuações a regimes de exceção e, por isso, é preciso que todos estejam mobilizados para a defesa da democracia”. E finaliza:
– É necessário que todos estejamos mobilizados, independente de sermos de esquerda, centro ou direita, pois o que se está discutindo é a democracia, a preservação do Estado Democrático de Direito, que é um valor que todos os brasileiros e brasileiras de bem devem tratar como algo que não pode ser questionado. Vamos continuar juntos, lutando pela democracia, pelas liberdades e todos com uma única frase: Ditadura nunca mais!”
Além político militante, deputado estadual e presidente do parlamento estadual, Othelino Neto, ainda muito jovem, não viveu com intensidade o enfrentamento da ditadura, mas seu pai e seu avô, jornalistas Othelino Filho e Othelino Nova amargaram o peso de defender a liberdade de expressão e a censura à imprensa. Hoje, se manifesta como detentor de mandato eletivo e como chefe de Poder, o que lhe dá plena autoridade para defender as regras constitucionais.
Assista o vídeo em www.al.ma.leg.br/noticias/40911
Partiu o jornalista Batista Matos, cidadão atuante, homem de fé e político republicano
O segmento político, a seara jornalística e a comunidade evangélica de São Luís foram fortemente impactados com a notícia da morte do jornalista e vereador Batista Matos (Patriotas), uma das 3.950 vítimas feitas ontem pelo novo coronavírus no Brasil. Uma perda grave para todos os segmentos aos quais era ligado, com presença marcante e participativa. Batista Matos foi um bom cidadão em todos os sentidos. Como profissional de imprensa, atuou com a competência e a eficiência que se espera de um quadro saído da UFMA, tanto que passou por jornais e emissoras de rádio e chegou ao comando da Secretaria Municipal de Comunicação no primeiro mandato do prefeito Edivaldo Holanda Jr. (PDT). Evangélico, se tornou conhecido como alguém que praticava sua fé com convicção e equilíbrio. Militante comunitário, construiu um legado que poucos conseguiram. Como político, Batista Matos teve atuação rigorosamente republicana, com postura democrática, ajustada visão de centro e ações voltadas para os mais necessitados, aos quais se dedicou desde que deu os primeiros movimentos nessa direção. Realizou o seu grande sonho em 2020 ao eleger-se vereador de São Luís, depois de três tentativas. Vinha exercendo o mandato dentro da sua linha de ação política, e não escondia a felicidade com que trabalhava sem descanso para cumprir os compromissos que assumira durante a campanha.
Contristado com a partida absurdamente precoce do colega, o autor da Coluna tem a honra de registrar que teve participação modesta, mas efetiva, na formação do jornalista Batista Matos, nos seus primeiros passos na Redação do jornal O Estado do Maranhão. E por isso se une aos seus na inconformação da perda.
São Luís, 01 de Abril de 2021.