O Governo em curso é, e continuará sendo, a continuação do Governo Flávio Dino até o dia 31 de dezembro. Autorizado pelas urnas, com vitória no 1º turno, o governador Carlos Brandão (PSB) fará um novo Governo, que começará no dia 1º de Janeiro e terá sua equipe montada em fevereiro, manterá e, se possível, ampliará os programas sociais implantados no Governo anterior, como os restaurantes populares e os avanços na saúde, por exemplo, mas terá a geração de emprego e renda como prioridade máxima em toda a sua duração. No campo político, o governador vai abrir espaço para aliados numa gestão compartilhada, e também estabelecer relações republicanas e produtivas com as instituições de Estado, os partidos políticos e as organizações da sociedade civil. Não pretende interferir na eleição da Mesa Diretora da Assembleia Legislativa, que é prerrogativa dos deputados, mas espera que o presidente escolhido seja um agregador afinado com o seu Governo, e não um gerador de crises. O governador Carlos Brandão quer, finalmente, realizar um Governo transparente, no qual o cidadão e o contribuinte saibam o que está acontecendo.
Esse perfil e esse conjunto de propósitos do Governo que será instalado no início do novo ano no Maranhão foram traçados ontem pelo secretário-chefe da Casa Civil, Sebastião Madeira, em entrevista à jornalista Carla Lima para o portal imirante.com. Com sólida experiência política e muita habilidade com as palavras, Sebastião Madeira traçou um perfil bem delineado do é e do que será o Governo Carlos Brandão, e mandou recados em todas as direções, sendo os mais diretos direcionados ao Palácio Manoel Beckman, sede do Poder Legislativa, onde os atuais deputados, os reeleitos e os mandados para casa, se preparam para votar o Orçamento do Estado para 2023, e os reeleitos e se movimentam intensamente em articulações visando a eleição do novo presidente.
Dos recados mandados informalmente, e de maneira adequada, pelo tarimbado chefe da Casa Civil, um dos mais contundentes foi o de que os programas sociais em andamento serão mantidos. Durante a campanha, o governador e candidato à reeleição Carlos Brandão enfatizou os restaurantes populares, que já são mais de 170, chegariam a todos os municípios, e que no campo da Saúde, além da conclusão das obras em andamento, como a do Hospital da Ilha, em São Luís, implantará mais 18 clínicas para idosos. Outro recado enfático foi ode que o Governo se empenhará obstinadamente para buscar investimento, crescimento e emprego. “O governador Carlos Brandão se preocupa muito com emprego, crescimento, renda. Ele vai dar atenção especial à geração de riqueza”, disse o chefe da Casa Civil.
Sebastião Madeira foi claro ao afirmar que o governador Carlos Brandão não pretende se envolver diretamente na disputa pela presidência da Assembleia Legislativa. Mas deixou no ar uma brecha que leva à conclusão de que sua base aliada no Poder Legislativo atuará para garantir que o futuro presidente da Assembleia Legislativa seja um parceiro, e não um criador de caso. Sebastião madeira foi categórico ao afirmar que o governador até agora não manifestou preferência nessa disputa, mas nos bastidores começam a surgir sinais de que, reeleito para novo mandato parlamentar, o presidente Othelino Neto (PCdoB) caminha firme para ser esse nome de consenso, ou pelo menos o candidato mais forte, se houver disputa.
Um dos membros do “núcleo de ferro” do Governo, Sebastião Madeira prevê que, apesar dos desafios, como o de continuar investindo, apesar da queda, Carlos Brandão fará um Governo bem-sucedido. “Ele está preparado. Tem Inteligência emocional para juntar a classe política, como já fez na Famem e como vai fazer com a Assembleia Legislativa e com as entidades civis – hoje mesmo recebe o presidente da Fiema. Quer fazer um Governo compartilhado”, concluiu o chefe da Casa Civil, com a autoridade de quem é o responsável pela coordenação do Governo e por fazer a ponte entre o governador e o resto do mundo.
PONTO & CONTRAPONTO
Dino cada vez mais perto da Esplanada dos Ministérios
Ao ser nomeado ontem como um dos responsáveis pelo processo de transição no Governo da República na área de Justiça e Segurança Pública, o senador eleito Flávio Dino (PSB) ficou mais perto da Esplanada dos Ministérios no Governo do presidente Lula da Silva (PT). Entre políticos e jornalistas de Brasília que estão acompanhando de perto essa mudança, a esmagadora maioria está convencida de que o ex-juiz federal, ex-deputado federal, ex-governador do Maranhão e agora senador eleito dificilmente não será convidado para o Ministério da Justiça. Há, porém, dificuldades nesse processo, e o principal deles é o projeto de criação do Ministério da Segurança Pública, que levaria junto as Polícias Federal e Rodoviária Federal, reduzindo drasticamente o tamanho, a importância e poder de fogo do Ministério da Justiça. Essa pasta emagrecida não interessa ao ex-governador do Maranhão, que nesse caso prefere exercer seu mandato senatorial, por meio do qual poderá dar um suporte político e legislativo ao Governo Lula. O que importa é que Flávio Dino tem cacife para contribuir decisivamente para o futuro do País.
Lula reposiciona o Brasil como protagonista da cena mundial
Como foi gratificante ver o presidente eleito Lula da Silva (PT) recolocar o Brasil no cenário mundial, ontem, com um discurso histórico, de estadista, na Conferência da ONU sobre Clima, no Egito. Recebido com honras dedicadas a um chefe de Estado respeitado, o presidente eleito do Brasil retomou, num espaço oficial do evento dedicado a convidados especialíssimos, a sua condição de militante universal da causa ambiental. Ele se reapresentou como defensor obstinado dos biomas brasileiros, em especial a Amazônia, e como cobrador incansável de providências amplas e urgentes dos países ricos para defende-los por meio de parcerias, sem abrir mão de um centímetro da nossa autonomia política e integridade territorial. Ao mesmo tempo, resgatou o protagonismo do Brasil como um dos pilares do equilíbrio da cadeia global de produção de alimentos. Sua fala teve repercussão imediata dentro e fora da Conferência, com vários chefes de Estado e embaixadores plenipotenciários demonstrando clara satisfação com a volta do Brasil ao concerto das nações. Com certeza, a grande maioria dos brasileiros se viu recolocada no mundo civilizado com o discurso. Entre esses milhões, provavelmente, muitos que não o apoiaram nas eleições, mas que agora, diante do que está acontecendo, começam a se dar conta de que o Brasil está respirando um ar indiscutivelmente mais leve, apesar do odor de golpismo que ainda é sentido em alguns espaços.
São Luís, 17 de novembro de 2022.