Qualquer avaliação, por mais simples que seja, certamente produzirá a previsão de que as eleições municipais de 2024 serão um embate político diferenciado, influenciado por uma série de fatores que hoje fazem a diferença no cenário político nacional, a começar pelo confronto ideológico entre esquerda e direita que permeou as eleições gerais de 2022, bem como o jogo que movimenta os tabuleiros políticos regionais. A mais recente pesquisa DataIlha, que investigou as intenções do eleitorado em relação à disputa pela Prefeitura de São Luís, trouxe a lume um quadro que, se confirmado daqui a pouco mais de um ano, poderá ter peso decisivo no resultado da sucessão do prefeito Eduardo Braide (PSD): a influência do presidente Lula da Silva (PT), do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), do ministro Flávio Dino (PSB), do governador Carlos Brandão (PSB) e da deputada federal Roseana Sarney (MDB) sobre o eleitorado na escolha do candidato a prefeito.
De acordo com o Data Ilha, 25% dos entrevistados apontaram o presidente Lula da Silva como a liderança com maior potencial para influenciar na escolha dos eleitores. Em segundo lugar, 16,4% dos eleitores entrevistados disseram o ex-presidente Jair Bolsonaro pode influenciar na escolha. Em seguida: 13,8% indicaram o ministro Flávio Dino, seguidos de 7,7% que veem esse poder na deputada federal Roseana Sarney, e de 7,1% que apostaram no cacife o influenciador do governador Carlos Brandão. Somados, os percentuais manifestados pelos entrevistados indicam que o fator “influência de lideranças” na corrida à Prefeitura da Capital totaliza 69%, contra 31% que não prevê influência alguma por parte do presidente da República, do ex-presidente, do ministro da Justiça, da deputada nem do governador nessa corrida eleitoral. (Chama a atenção o fato de o DataIlha não haver incluído os senadores Weverton Rocha (PDT) e Eliziane Gama (PSD), ambos detentores de expressivas bases eleitorais na Capital).
O quadro de influenciadores e seus potenciais é indicador válido de que a corrida à Prefeitura da maior e mais importante cidade Maranhão, com 1,2 milhão de habitantes e 800 mil eleitores, será um páreo politicamente intenso e difícil. Esse previsível cenário de dificuldades está no fato de que, mesmo posicionado numa liderança expressiva, com 26% de intenções de voto, e embalado por uma aprovação maiúscula (65%) da sua gestão, o prefeito Eduardo Braide pode ter de enfrentar um segundo turno em que essas forças podem se mobilizar a seu favor ou contra ele. E pelo que está rascunhado, o beneficiário dessa mobilização oposicionista pode ser o deputado Duarte Jr. (PSB), que navega numa faixa que vai dos 14% aos 19%, conforme a margem de risco da pesquisa DataIlha. Ou qualquer outro nome que ao longo do próximo ano venha a ser turbinado no campo adversário, como o vereador Paulo Victor, por exemplo.
Diante desse quadro, a pergunta natural é, se levado em conta o quatro atual de pré-candidatos e o seu balaio de intenções de votos segundo o próprio DataIlha – Eduardo Braide (26%), Duarte Jr. (17%), Edivaldo Holanda Jr. (11%), Neto Evangelista (7,5%), Wellington do Curso (6,5%), Carlos Lula (6,2%), Paulo Victor (4,5%) e Yglésio Moises (4%) –, quem influenciará a favor de quem?
Até aqui, pode-se se avaliar que o presidente Lula da Silva, sem um candidato do PT, pedirá votos para o candidato que surgiu de consenso entre o ministro Flávio Dino e o governador Carlos Brandão, que pode ser o deputado Duarte Jr. (PSB), que tem a posição mais sólida na corrida, ou o deputado Carlos Lula (PSB), se vier a ser candidato. Se não estiver cumprindo pena, como muitos acreditam, e resolver dar pitaco na eleição em São Luís, é provável que ex-presidente Jair Bolsonaro venha declarar apoio ao deputado Yglésio Moises, hoje engajado na sua base de apoio. Todos os indicativos sugerem que a deputada federal Roseana Sarney pode apoiar o prefeito Eduardo Braide, uma vez que o novo chefe do MDB em São Luís, deputado federal Cleber Verde, já declarou esse será o seu caminho e o MDB ludovicense.
Ainda não se sabe com clareza como se posicionarão o ministro Flávio Dino e o governador Carlos Brandão. O primeiro tem clara preferência pelo deputado federal Duarte Jr., que é o nome mais forte do seu partido, o PSB, que é também o partido do governador Carlos Brandão, que por sua vez também avaliza a pré-candidatura de Duarte Jr., mas incentiva o projeto de candidatura do vereador Paulo Victor, recém filiado ao PSDB. Políticos experientes e inteligentes, o ministro e o governador devem alimentar essa interrogação por algum tempo, mas com certeza na hora certa acertarão os ponteiros, atraindo o presidente Lula da Silva para esse campo.
Vale lembrar enfaticamente que esse é o cenário de agora. O de agosto do ano que vem poderá ser o de hoje aprimorado ou um novo, pintado com cores bem diferentes.
PONTO & CONTRAPONTO
Tremores dentro do PP não envolvem a indicação de André Fufuca para o ministério
É verdade que a situação do deputado federal André Fufuca (PP) não é exatamente confortável no jogo de poder em Brasília, em meio ao qual ele está definido para o ministério, mas ainda não tem pasta para assumir. Mas também não se trata de um imbróglio confuso e sem saída. O fogo cruzado dentro do seu partido é o desdobramento de uma luta interna pelo poder no jogo para escolher o seu substituto na liderança da bancada do partido na Câmara Federal.
Alguns observadores estão confundindo as bolas, esforçando-se para mostrar que o parlamentar maranhense é o pomo da discórdia. Nada disso. Sua indicação para o ministério é fato consumado aprovado por larga maioria dentro da agremiação. As vozes que se posicionaram contra, não se manifestaram em relação a ele, André Fufuca, mas contrariamente à aliança do PP com o Governo Lula, o que é uma outra história. Nada a ver, portanto, com a indicação do deputado para o cargo.
Se decidir não assumir um ministério, o deputado André Fufuca permanecerá tranquilamente como líder do PP na Câmara, posto que, aliás, tem muito mais peso e influência do que alguns ministérios. Tanto que no jogo da sua substituição, um dos candidatos vai largar a Secretaria de Saúde do Rio de Janeiro, reassumir o mandato para assumir a liderança.
Tudo indica que essa semana será decisiva no cozimento desse angu de caroço.
Camarão vai à China e quer levar deputados para conhecer o gigante asiático
O vice-governador Felipe Camarão (PT), que no momento comanda o Estado como governador em exercício, viajará para a China antes do final do ano. A exemplo do governador Carlos Brandão (PSB), que quando vice-governador esteve três vezes naquele gigante asiático – que vem realizando uma bem sucedida combinação do comunismo com o capitalismo -, Felipe Camarão participará de um grande evento internacional voltado para a agricultura familiar.
Essa programação foi revelada pelo governador em exercício quinta-feira (17), numa audiência em que ele recebeu os deputados Ricardo Arruda (MDB), Carlos Lula (PSB), Júlio Mendonça (PCdoB) e Hemetério Weba (PP), que integram a Comissão de Educação da Assembleia Legislativa.
Na ocasião, Felipe Camarão informou aos deputados sobre sua viagem à China, e acrescentou um dado ao programa: vai enviar à Assembleia Legislativa convite para que pelo menos três parlamentares o acompanhem na visita ao gigante comunista.
São Luís, 20 de Agosto de 2023.