O Brasil foi agitado ontem à tarde com notícia bombástica segundo a qual o PMDB “velho de guerra” desembarcou do governo do presidente Dilma Rousseff, rompendo assim a aliança com o PT construída em 2002, quando da primeira eleição do agora ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e mantida por exatos 13 anos. Mas o que de fato aconteceu em Brasília, segundo fontes confiáveis ouvidas pela Coluna foi um desembarque furtar-cor, que não deixou de sê-lo, mas não o foi para valer, e mais ainda, não contou com o apoio do braço maranhense do partido. Fácil de explicar. O anúncio feito pelo notório senador roraimense Romero Jucá, vice-presidente da agremiação e que fora líder do Governo Dilma durante anos, ficou muito longe de ser uma tomada de decisão partidária para valer, com desdobramentos imediatos, manifestações firmes e respaldadas por no mínimo 80% das representações do partido e com o aval de corpo presente de todos os seus líderes. O que se viu foi quase que um comunicado, sem direito à palavra dos presentes e uma preocupação quase paranóica de encerrar a conversa de qualquer maneira e passar à opinião pública a ideia do fato consumado.
E como a Coluna previu, os representantes maranhenses no Diretório Nacional – os senadores João Alberto e Edison Lobão, o deputado federal João Marcelo Souza e o vice-presidente estadual do PMDB, ex-deputado Remi Ribeiro esnobaram a reunião, se mantiveram longe da tropa agora chamada de “golpista” e reafirmaram seus laços políticos com o Palácio do Planalto. O único representante maranhense presente à reunião foi a ex-governadora Roseana Sarney, que, mesmo sem fazer festa, aprovou o desembarque, dizendo depois a jornalistas que o PMDB saiu do governo “na hora certa”.
Para começar, nada menos que 12 dos 27 diretórios não compareceram, mas avisaram antes que não aceitam a manobra do desembarque. É verdade que os ausentes foram em menor número, mas não formaram uma diferença tão gritante que estimulasse a comemoração de uma vitória acachapante. Depois, a maioria dos sete ministros decidiu continuar onde estão, pelo menos enquanto fizerem as contas e encontrarem pemedebistas rebelados que possam dar suporte às suas permanências nos cargos. E, finalmente, a decisão foi tomada sem a presença dos grandalhões do partido, como o seu presidente e vice-presidente da República Michel Temer, em quem a banda desembarcada apostam todos os votos no projeto de torná-lo o terceiro presidente da República sem o voto popular. O presidente do Senado e do Congresso, senador alagoano Renan Calheiros, e o presidente de Honra do partido e seu principal guru, o ex-presidente José Sarney, simplesmente não deram as caras. Tais ausências e o comando de Romero Jucá diminuíram expressivamente o tamanho, a importância e a magnitude do ato que se pretendeu histórico.
Depois da reunião do Diretório Nacional, em meio à euforia dos que apoiaram o desembarque, o senador João Alberto falava de peito lavado, não exatamente com a divisão do partido, que ele prefere unido e forte, mas com o fato de que grande parte do exército pemedebista se manteve fiel ao compromisso com o Governo Dilma. Estava entusiasmado com o fato de a representação do Maranhão não ter dado a menor importância à decisão do Diretório Nacional, e como também por ter reafirmou sua aliança com o PT e a presidente, para o que der e vier. Os indicados de João Alberto, de Edison Lobão e dos deputados João Marcelo Souza, Hildo Rocha e Alberto Filho vão continuar nos seus cargos. É o caso, por exemplo, do ex-deputado Arnaldo Melo, que não deixará uma das diretorias da importantíssima Fundação Nacional de Saúde (Funasa), como poderá até a saltar para a cadeira de presidente do órgão, que tem uma enorme capilaridade nos estados.
O fato é que a posição firmada pelo senador João Alberto e pelo ex-ministro Edison Lobão, que chegou a criar certo clima de tensão no braço maranhense do partido, saiu vitoriosa ontem na reunião do Diretório Nacional do PMDB. E o argumento que vem usando é simples e muito fácil de entender: se houve um acordo com para as duas eleições tendo Dilma Rousseff liderando o PT e Michel Temer como representante do PMDB, é natural e correto que essa aliança seja mantida até 2018, independente dos desdobramentos causado pelo quadro de crise nacional. O senador maranhense avalia que todos têm responsabilidade nesse cenário e que não é correto que abandonar o barco. E mais do que isso, todos devem se unir para enfrentar a crise, que também é responsabilidade de todos.
Quem conhece o senador João Alberto sabe que ele dificilmente teria outra posição nesse complicado tabuleiro cheio de riscos políticos.
PONTO & CONTRAPONTO
Protesto para a presidente Dilma por causa de BRs
Já não era sem tempo: o Plenário da Assembleia Legislativa aprovou, ontem (29), envio de ofício à presidente da República, Dilma Rousseff, em nome da população maranhense, para manifestar repúdio à maneira como o Governo Federal vem tratando as BR’s que cortam o nosso estado, ressaltando-se, em especial, em especial a BR 222 e a BR 135, que se encontram em estado lastimável, O encaminhamento é fruto de um pedido, por meio do Requerimento nº 086/2016, de autoria dos deputados Eduardo Braide(PMN) e Júnior Verde (PRB). Eduardo Braide ressaltou que o envio do ofício foi a única alternativa que restou aos deputados estaduais, visto que eles já esgotaram as possibilidades de diálogo com o Governo Federal. “Portanto, ao serem tomadas todas as providências que estavam ao alcance desta Casa, audiências públicas, reuniões com o ministro do Transporte, vistorias na obra, Requerimentos encaminhados à Presidência da República e ao DNIT, não resta outra alternativa que não seja esta, encaminhar um documento que externe o repúdio da população maranhense da forma como vem sendo tratado no que diz respeito às BR’s do nosso Estado”, enfatizou.
Edilázio Jr. diz que Dino trem posiçoes cntraditórias
Considerado o mais ousado e duro adversário do Governo na Assembleia Legislativa, o deputado Edilázio Jr. (PV), 1º secretário da Mesa, voltou ontem a disparar chumbo grosso no rumo do Palácio dos Leões, mais especificamente na direção do governador Flávio Dino, a quem acusou de fazer discursos contraditórios em relação às suas promessas de campanha, à solução que deve ser dada para a BR-135, à crise política e econômica nacional e, finalmente, em relação ao juiz federal Sergio Moro, que conduz a Operação Lava Jato. No que se relaciona com a BR-135, o deputado Edilázio lembrou que durante a campanha eleitoral, em 2014, Dino prometia utilizar voos comerciais para se deslocar de São Luís, e não jatinhos e helicópteros pagos por dinheiro público. “Ele agora é governador e não sabe mais o que é andar de carro pelas rodovias estaduais e federais no Maranhão. Flávio Dino foi contra a emenda de bancada. Depois da morte da bailarina Ana Duarte, ficou comprovado mais uma vez que o governador Flávio Dino é inoperante e não tem prestígio com o Governo Federal, uma vez que ele precisa entrar na Justiça contra o DNIT – e não mais para fazer a obra, como havia dito antes”, disse. O deputado verde relacionou às críticas de Dino àqueles que se colocam favoráveis ao processo de impeachment da presidente Dilma Rousseff. “Não podemos ser extremistas. Flávio Dino se porta como mulçumano do Estado Islâmico, como um talibã, um extremista. Quem não é a favor da presidente Dilma não presta, é golpista, é facista. E isso ele fala dos próprios aliados. Quando ele fala que todo mundo é golpista, ele está falando do seu vice-governador e de vários secretários de estados, de vários deputados federais que o ajudaram”, enfatizou.
São Luís, 29 de Março de 2016.