Uma pesquisa divulgada domingo pelo jornal O Progresso, de Imperatriz, disparou o alerta vermelho no Palácio dos Leões. Feito pelo Instituto Gauss, o levantamento apurou que, levando em conta apenas os votos válidos, o ex-prefeito Ildon Marques (PSB), apoiado pelo senador Roberto Rocha (PSB), estaria caminhando para voltar ao comando da Prefeitura de Princesa do Tocantins, deixando para trás a enfermeira Rosângela Curado (PDT), apoiada pelo PCdoB com o aval expresso e empenhado do governador Flávio Dino. Ildon Marques teria no momento 33,78% das intenções de voto contra 28,75% de Rosângela Curado, que já estaria sendo ameaçada pelo candidato do PMDB, delegado Assis Ramos, que aparece com 21,49%. A pesquisa registra também surpreendente crescimento do candidato do PSC, empresário Ribinha Cunha (13,66%), que entrou na briga com o aval do prefeito Sebastião Madeira (PSDB). Os dois outros candidatos, Edmilson Sanchez (PPL) e Sandro Ricardo (PCB) somariam 2.37% dos votos válidos.
Os números do Gauss reforçam a previsão de vários observadores, que logo no início de agosto enxergaram inconsistência no lastro eleitoral de Rosângela Curado, observando que sua liderança nas preferências do eleitorado expressava apenas um momento, e que depois, quando a campanha tivesse começado para valer e o ex-prefeito já não precisasse brigar para confirmar a sua candidatura, o cenário mudaria. Em junho, Marques apareceu em segundo lugar, com Curado em primeiro. Mas logo em seguida, a ciranda começou a favorecer o ex-prefeito, que se revelou dono de cacife suficientemente gordo para disputar a eleição em Imperatriz com chances reais de vitória nas urnas. Nenhum dos observadores ouvidos pela Coluna desprezou a posição do pemedebista Assis Ramos, e todos avaliaram que, sozinho, Ribinha Cunha dificilmente alcançaria mais de 5% dos votos, mas com o apoio determinado do prefeito Sebastião Madeira, cujo poder de fogo político só tolos e mal informados subestimariam.
Nos momentos iniciais da campanha, ficou claro que para consolidar sua vantagem inicial e evitar a todo custo ser alcançada pelo “efeito Eliziane”, Rosângela Curado teria de virar uma “onda” – o que não aconteceu – cuja força inibiria o movimento dos demais candidatos. Ocorre que a disputa em Imperatriz está sendo travada por quatro forças difíceis de serem batidas. Se Rosângela Curado tem a aliança PDT/PCdoB e o apoio ostensivo do Palácio dos Leões, Ildon Marques tem como suporte um lastro respeitado como ex-prefeito, o apoio político do senador Roberto Rocha e um grande apoio popular; Assis Ramos briga por voto tendo como suporte o poder de fogo do PMDB e a experiência da cúpula do Grupo Sarney, a começar pelo senador João Alberto, o principal avalista da sua candidatura; e finalmente, Ribinha Cunha traz na base do seu projeto eleitoral o apoio nada desprezível do prefeito Sebastião Madeira, de longe um dos políticos mais acreditado de Imperatriz.
A notícia, portanto, não poderia ser pior para o governador Flávio Fino, por várias razões, entre elas duas em especial. A primeira: uma derrota do candidato governista em Imperatriz, o segundo maior colégio eleitoral do Maranhão e polo econômico de uma das regiões mais importantes do estado, produzirá um estrago sem tamanho do projeto político do chefe do Poder Executivo e arranhará fortemente o prestígio político do Governo. A segunda: a eleição de Ildon Marques reforçará expressivamente o cacife político do senador Roberto Rocha na região e com forte repercussão em todo o estado. Isso porque as eleições municipais em curso produzirão o cenário político e as forças que dele farão parte para a grande guerra eleitoral de 2018.
Em tempo: A Coluna não tem elementos técnicos para aferir a seriedade técnica do Instituto Gauss, mas lhe dá o crédito necessário por ter sido a pesquisa publicada pelo jornal O Progresso, um dos símbolos de Imperatriz. A pesquisa entrevistou 1000 eleitores nos dias 8 e de setembro e está registrada no TRE sob o protocolo MA-04710/2012.
PONTO & CONTRAPONTO
Diferentes maravilhas da mobilidade
Os candidatos mais destacados à Prefeitura de São Luís exibiram ontem suas impressões e projetos sobre a mobilidade na Capital. E certamente conseguiram impressionar o eleitorado posições que levaram o sistema de transporte coletivo do céu ao inferno. O prefeito Edivaldo Jr. (PDT) falou maravilhas do que está em curso e o que vem por aí para o sistema de transporte de massa, focando nas novas regras impostas pela licitação finalmente realizada e cujos benefícios vão culminar com a refrigeração de todos os ônibus que entrarem no sistema. Fábio Câmara (PMDB) apresentou um projeto para tirar o VLT do armazém e que consiste no aproveitamento da velha linha férrea da São Luís-Teresina, entre o Centro de São Luís e o Tirirical – um projeto tão bom que só precisará construir aí “uns quinhentos metros de linha férrea”. Eliziane Gama (PPS) mostrou que tem um projeto amplo e global para a mobilidade, concebido com o ex-prefeito de Curitiba, o genial e lendário Jaime Lerner, que implantou ali as bases do transporte urbano moderno do país. Antes apresentar seu plano, a candidata do PPS passou a impressão de que, apesar da licitação e dos ônibus com ar condicionado já circulando, São Luís vive no inferno nesse quesito.
A peneira para os debates
O primeiro debate entre os candidatos a prefeito será realizado nesta quinta-feira na TV Guará. A emissora optou por abrir o leque e colocar na telinha seis candidatos: Edivaldo Jr. Wellington do Curso, Eliziane Gama, Fábio Câmara, Eduardo Braide e Rose Sales, excluindo Zéluiz Lago, Claudia Durans e Valdeny Barros. Será, de longe, o debate mais aberto da temporada. Isso porque a TV Mirante decidiu convidar os cinco primeiros da lista da TV Guará, e a TV Difusora só vai abrir seu estúdio para os quatro primeiros.
São Luís, 19 de Setembro de 2016.