Ida de Lula a Imperatriz nesta segunda é aguardada com forte expectativa por brandonistas e dinistas

Lula da Silva estará hoje entre Carlos Brandão
e Felipe Camarão em Imperatriz

O presidente Lula da Silva (PT) desembarca hoje no meio da tarde em Imperatriz para, junto com o governador Carlos Brandão (ainda no PSB), cumprir um compromisso apenas: inaugurar, às 16h, o conjunto habitacional “Canto da Serra”, com 2.850 unidades construídas pelo programa federal Minha Casa, Minha Vida. Ato de natureza puramente social, a entrega das casas será marcada também por uma forte tintura política, uma vez que o presidente será recepcionado pelas duas correntes que o apoiam no Maranhão. De um lado os brandonistas, liderados pelo governador Carlos Brandão, que terá na comitiva o secretário de Assuntos Municipalistas Orleans Brandão (MDB), pré-candidato do grupo à sucessão no Governo do Estado, e a presidente da Assembleia Legislativa, Iracema Vale (ainda no PSB); e de outro o vice-governador Felipe Camarão (PT), que lidera o grupo dinista e pelo qual é pré-candidato ao Palácio dos Leões.

A inauguração do complexo habitacional, construído nas imediações da Princesa do Tocantins, ganha um peso simbólico importante, pois fica próximo do complexo habitacional “Sebastião Albuquerque” com 2.000 residências, também construídas pelo Minha Casa, Minha Vida. Somados, os dois conjuntos são maiores do que as 50 menores cidades maranhenses. Foi esse gigantismo que estimulou o presidente Lula a incluir essa inauguração na sua agenda de compromissos nos estados, que está se tornando mais a intensa a cada dia.

Já o viés político está no fato de que Imperatriz tem forte inclinação bolsonarista, que o presidente parece decidido a reverter na corrida eleitoral do ano que vem. Na eleição presidencial de 2022, Imperatriz foi o único município do Maranhão onde o candidato Jair Bolsonaro venceu a disputa contra Lula da Silva. O Palácio do Planalto está empenhado em mudar essa realidade.

As atenções, porém, estarão voltadas para os movimentos que o presidente Lula da Silva pode fazer na direção dos dois grupos que o apoiam no estado, mas que estão rompidos, com dois pré-candidatos a governador. O senador Weverton Rocha (PDT), que esteve recentemente com o chefe da Nação, revelou que ele está disposto a trabalhar para que brandonistas e dinistas façam as pazes e se mobilizem em torno de um candidato. Lula da Silva não quer dois palanques no Maranhão e está disposto a tentar a construção de um só palanque de aliados.

O governador Carlos Brandão, que já anunciou a sua permanência no cargo até o final do mandato, abrindo mão de ser candidato ao Senado e confirmando o apoio à candidatura de Orleans Brandão, vê muitas dificuldades na ação pacificadora do presidente da República, por conta dos vários e agudos problemas – como a acusação de perseguição judicial ao governador – que o distanciam do grupo dinista. Por sua vez, o vice-governador Felipe Camarão e o grupo dinista têm mantido artilharia pesada na direção do governador e do Governo como um todo. Processos, acusações e artilharia verbal são os ácidos ingredientes que têm tornado essa relação cada vez mais azeda, tornando muito difícil e delicada a tarefa pacificadora do presidente Lula da Silva.

Nem brandonistas nem dinistas acreditam que o líder petista aproveite a visita de trabalho a Imperatriz para tentar uma conversa. Mas ninguém descarta que o chefe da Nação faça gestos indicativos de que quer os dois grupos reconciliados. Com a habilidade e a experiência política que tem, Lula da Silva pode surpreender com palavras e gestos, como também pode fazer de conta de que esse problema não existe, deixando a tentativa de conciliação para outro momento.

O fato é que, apesar do pessimismo que domina os dois grupos, é forte a expectativa com que brandonistas e dinistas aguardam a visita do presidente Lula da Silva a Imperatriz, acreditando que pode acontecer de tudo, inclusive nada, que seria um indicador de que a conversa fiará para depois.

Em Tempo: o ministro do Esporte, André Fufuca (PP), deve integrar a comitiva do presidente Lula da Silva a Imperatriz, nesta segunda-feira. A quem diva que será a última visita dele ao Maranhão como ministro, mas há quem diga que não.  

PONTO & CONTRAPONTO

Inauguração do 200º Restaurante Popular vira marca forte no programa social de Brandão

Carlos Brandão ergue o pulso na inauguração do 200º Restaurante Popular,
entre os secretários Orleans Brandão (d) e Paulo Cazé (e)

O governador Carlos Brandão (ainda no PSB) conseguiu uma marca importante e definitiva para o viés social do seu Governo, ao inaugurar, na manhã de sábado, no Monte Castelo, em São Luís, a 200ª unidade do Restaurante Popular, consolidando a ação como o maior programa de segurança alimentar da América Latina. Esses restaurantes servem café da manhã a R$ 0,50, almoço a R$ 1,00 e jantar a R$ 1,00, para a população de baixa renda, seguindo um elevado padrão de qualidade.

Vale registrar que o programa foi iniciado timidamente no último Governo de Roseana Sarney (MDB), que o deixou com pouco mais de uma dezena de unidades. A iniciativa foi alavancada no Governo Flávio Dino (PSB), que o deixou com 79 unidades.

Quando assumiu, em abril de 2022, o governador Carlos Brandão elegeu o programa como uma das suas prioridades e firmou o compromisso de levar Restaurante Popular a todos os municípios maranhenses. Já alcançou mais de 180 dos 217 municípios, assegurando que contemplará todo o Maranhão antes de passar o cargo ao seu sucessor.

O Restaurante Popular é um programa adequado a um estado como o Maranhão, detentor de índices sociais ainda desafiadores, a começar pelo item alimentação. O valor pago por cada refeição é simbólico, porque não cobre nem de longe o seu custo real, que é subsidiado pelo Governo, que desembolsa cerca de R$ 30 milhões mensais para bancar o programa.

O Restaurante Popular vai muito além da comida barata servida a quem de fato precisa. É um programa gerador de emprego e renda e do incentivo a pequenos produtores, que fornecem produtos agrícolas essenciais ao Governo, como verduras, legumes, ovos, frango e carne bovina. Os recursos empregados mensalmente pelo Governo no programa fomentam uma cadeia produtiva que tende a se consolidar, com franca possibilidade de ampliação.

Com a inauguração do 200º Restaurante Popular, o governador Carlos Brandão faz história.

CPMI do INSS vai decidir se convoca ou não Sarney Filho, que tem sólido lastro político a zelar

Sarney Filho: expectativa

A CPMI do INSS deverá decidir nesta semana se convoca ou não o ex-deputado federal e ex-ministro do Meio Ambiente Sarney Filho (PV), para esclarecer o recebimento de R$ 7,5 milhões em pagamento de consultoria a uma rede de empresas na área de saúde ligada ao empresário Mauricío Camissoti, um dos investigados no escândalo dos bilionários e descontos ilegais em contracheques de aposentados do INSS.

A proposta de convocação do ex-ministro foi apresentada pelo deputado federal paulista Kim Kataguari (União), que levantou a suspeita de envolvimento dele no escândalo em investigação na CPMI.

Sarney Filho negou peremptoriamente o seu envolvimento no caso e justificou o dinheiro recebido como pagamento de consultoria feita por sua empresa, a SF Consulting Serviços Ltda., à Rede Mais Saúde, Intermediação de Negócios Ltda. Segundo declarou, a SF Consulting Serviços Ltda., criada recentemente, é uma consultoria “de assuntos administrativos, de muitas coisas. É bem ampla, bem legal”.

Se for convocado, Sarney Filho sairá da zona de conforto de deputado federal aposentado – exerceu nove mandatos – e de ex-ministro do Meio Ambiente com prestígio internacional, bem visto até pelo Greenpeace. Seu lastro como deputado federal é amplo e sólido.

Na Câmara Federal, Sarney Filho começou a se destacar ao defender, em 1983, a bandeira das Eleições Diretas para presidente, quando seu pai, o então senador José Sarney, apoiava a eleição indireta. Como parlamentar, foi um dos fundadores da Frente Parlamentar em Defesa do Meio Ambiente, foi também um dos fundadores do Partido verde no Brasil. Foi ministro do Meio Ambiente por mais de seis anos em dois governos, e entrou para a história do parlamento com relator do projeto de criação do Mercosul, entre outras ações políticas de relevância. Mais recentemente, foi secretário de Meio Ambiente do Governo do Distrito Federal.

Seu lastro político e parlamentar lhe dá autoridade para montar uma empresa de consultoria dessa envergadura. Mas se houver algo errado na relação, toda a sua trajetória será marcada por uma nódoa complicada. Há quem diga que ele nem será convocado, porque o argumento não se sustenta. Há, porém, quem ache o contrário.

São Luís, 05 de Outubro de 2025.

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