O Palácio dos Leões articula suas forças políticas e partidárias para disputar fortemente as eleições para as prefeituras dos cinco maiores colégios eleitorais do Maranhão: São Luís (700 mil eleitores), Imperatriz (165 mil), Timon (105 mil), São José de Ribamar (100) e Caxias (95 mil), os quais, juntos, formam uma massa de 1,2 milhão de eleitores, decisiva em qualquer eleição majoritária. São municípios que, além da quantidade de votos que concentram, têm forte influência nas regiões que polarizam, mesmo considerando que em eleições municipais o que pesa mesmo são as filigranas políticas que movem cada uma das comunidades. O governador Flávio Dino (PCdoB) dá sinais de que não pretende participar diretamente da corrida às prefeituras, mas não há como não considerar sua participação na disputa de São Luís, por exemplo, que foi decisiva em 2016, nem do embate pelo comando de Imperatriz, que tem grande repercussão na enorme Região Tocantina. O Palácio dos Leões cuida de Timon e Caxias como as bases fortes do Leste maranhense, ao mesmo tempo em que dá a São José de Ribamar sempre um tratamento político diferenciado. Há outros grandes colégios a serem trabalhados pelo Palácio dos Leões, mas os cinco maiores são referências exemplares pelo peso político de cada um.
Com quase 20% do eleitorado maranhenses (4,6 milhões), São Luís é vista como um caso especial, à medida que, encontrando-se atualmente sob o comando do PDT, que é pilar sólido da base governista, corre o risco de cair nas mãos da Oposição, uma vez que, até aqui, as pesquisas apontam o deputado federal Eduardo Braide (Podemos) como favorito. A situação trabalha com três nomes fortes: o deputado estadual Duarte Júnior e o deputado federal Rubens Júnior, que disputam a vaga de candidato do PCdoB, e o deputado estadual Neto Evangelista (DEM), que caminha para sair candidato numa coligação com o PDT. Há outros nomes em movimento, como o deputado estadual Yglésio Moises (sem partido), e o deputado estadual Wellington do Curso, que vem se anunciando como pré-candidato do PSDB, além dos pré-candidatos já definidos por pequenos partidos – Saulo Arcangeli (PSTU) e Franklin Douglas (PSOL). O Palácio dos Leões aposta num dos nomes do PCdoB.
Imperatriz será um grande teste para a aliança governista, que já lançou a pré-candidatura do deputado estadual Marco Aurélio (PCdoB) para enfrentar o prefeito Assis Ramos (DEM), candidato à reeleição. Ali, no entanto, está no páreo o ex-prefeito Ildon Marques (PSB), e poderá entrar também o ex-prefeito Sebastião Madeira (PSDB). As pesquisas têm indicado que os três primeiros estão medindo forças muito próximos uns dos outros, estando o tucano com a força para desequilibrar a disputa. O Governo ganhará com a eleição de Marco Aurélio, obterá bom resultado com a eventual eleição de Ildon Marques e permanecerá na mesma se Assis Ramos for reeleito.
Em Timon, a aliança PSB/PDT/PCdoB, comandada pelo prefeito Luciano Leitoa (PSB), descartou a candidatura do deputado estadual Rafael Leitoa (PDT), líder do Governo na Assembleia Legislativa. Agora, Luciano Leitoa procura um nome, que poderá ser Vitor Hugo (PSB), secretário extraordinário, ou o vice-prefeito João Rodolfo (PCdoB), que teria o apoio discreto do palácio dos Leões. Ali, a Oposição pode lançar a ex-prefeita e atual, vereadora Socorro Waquim (MDB), e também o ex-deputado Alexandre Almeida (PSDB). Mas tanto a Situação quanto a Oposição estão sendo desafiadas pela pré-candidatura de um oficial da Polícia Militar, Coronel Hormann Schnneyder, ainda sem partido, e que aparece nas pesquisas como franco favorito. O certo é quem Timon tudo caminha para uma disputa muito dura.
São José de Ribamar está no foco do Palácio dos Leões pela candidatura do prefeito Eudes Sampaio (PBT) à reeleição. O 4º maior colégio eleitoral do Maranhão vive a curiosa situação de não ter um candidato de Oposição que desperte alguma preocupação na engrenagem política montada pelo ex-prefeito Luis Fernando Silva, que mesmo tendo renunciado ao mandato, permanece como forte influência política no município e está totalmente alinhado ao projeto de reeleição do prefeito que o sucedeu. Fala-se numa eventual candidatura do ex-prefeito e hoje deputado federal Gil Cutrim, que está deixando o PDT, ou do pai dele, o conselheiro do TCE a caminho da aposentadoria Edmar Cutrim, ou ainda do ex-deputado Jota Pinto (PEN), mas até aqui Eudes Sampaio domina sozinho a cena política ribamarense.
Um dos centros políticos mais ativos e independentes do Maranhão, Caxias caminha para mais um embate da aliança do prefeito Fábio Gentil (PRB) com o grupo do ex-prefeito Paulo Marinho, que tem Paulo Marinho Júnior como vice-prefeito, e o grupo liderado pela família Coutinho, hoje sob o comando da deputada Cleide Coutinho (PDT). Com o discreto incentivo do Palácio dos Leões, o prefeito Fábio Gentil propôs uma trégua que evitasse o confronto direto entre os dois grupos, mas a deputada Cleide Coutinho condicionou a aliança ao rompimento de Fábio Gentil com Paulo Marinho e a indicação de um membro do Grupo Coutinho para vice. Fábio Gentil recusou, confirmou sua candidatura à reeleição aliado aos Marinho e o Grupo Coutinho tenta agora escolher um candidato, que poderá ser a própria deputada Cleide Coutinho. As pesquisas até aqui indicam que o prefeito Fábio Gentil caminha firme para a reeleição.
Os cinco maiores colégios eleitorais guardam são situações especiais que exigirão articulações cuidadosas e eficientes do Palácio dos Leões.
PONTO & CONTRAPONTO
Grupo de pequenos partidos estaria articulando propor a Eliziane Gama que seja candidata em São Luís
Meses atrás, reagindo a uma forte onda de especulações, a senadora Eliziane Gama (Cidadania) divulgou um comunicado descartando qualquer possibilidade de vir a ser candidata à Prefeitura de São Luís. O principal argumento foi o de que estava muito envolvida com o seu mandato senatorial, obrigando-se a corresponder à confiança que nela depositada pelo eleitorado maranhense. A senadora, de fato, saiu do circuito sucessório municipal, dedicando-se integralmente às atividades no Senado da República, onde, diga-se de passagem, tem se mostrado competente e atuante, tanto do ponto de vista político, quanto na seara parlamentar propriamente dita. Nos últimos dias, porém, chegaram à Coluna rumores dando conta de que haveria um grupo se articulando para propor à senadora um projeto de candidatura à sucessão do prefeito Edivaldo Holanda Júnior. O grupo seria formado por quatro partidos pequenos, que estariam se sentindo fora das grandes articulações. É provável que a Eliziane Gama já a tenha recebido e descartado de pronto a ideia da candidatura. Mas, como em política posicionamentos pré-eleitorais nunca são definitivos, e mudam ao sabor dos movimentos do cenário, é também provável que ela já tenha recebido a manifestação do grupo e esteja avaliando o projeto.
Visita de empresas vai sepultar de vez o argumento de que a Base de Alcântara é comercialmente inviável
Durante a tramitação, no Congresso Nacional, do Acordo de Salvaguardas Tecnológicas (AST), documento básica para garantir contratos para o uso comercial da Base de Alcântara pelos Estados Unidos, algumas vozes trombetearam que tudo não passaria de um blefe, uma vez que a Nasa não mais estaria interessada no Centro de Lançamentos maranhense, considerado o melhor local do planeta para a subida de veículos espaciais. Blefaram as tais vozes – a maioria de petistas. Ontem (14), o jornal O Estado do Maranhão estampou na sua manchete principal que um grupo de empresas envolvidas na corrida espacial mandará uma missão à Alcântara, para conhecer as instalações do CLA. Nesse grupo estarão enviados da SpaceX, considerada atualmente a organização mais avançada em matéria de inovações relacionadas com a conquista do espaço. O que vale destacar nessa visita é que todas são empresas privadas, que têm os custos como item básicos dos seus projetos. E é exatamente esse o ponto de atração de Alcântara, de onde se pode lançar foguetes a um custo 30% ou 40% menor, principalmente em combustível, que por sua vez é um dos itens mais caros de projetos dessa natureza. Isso significa dizer que, ao contrário do que pregaram as vozes contrárias ao AST, usando como argumento a balela da “perda da soberania nacional”. O fato concreto e irreversível é que, pelo menos até esse momento, a Base de Alcântara é, sim, uma estrutura utilíssima do ponto de vista tecnológico e operacional, e extremamente viável do ponto de vista comercial. E sem qualquer risco de ferir a soberania do Brasil.
São Luís, 15 de Novembro de 2019.