Se havia ainda alguma dúvida sobre o rompimento do ex-ministro Gastão Vieira (PROS) com o Grupo Sarney e o seu alinhamento à aliança partidária liderada pelo governador Flávio Dino (PCdoB), essa foi para o espaço no final da semana, em ato político em Brejo. No evento, depois de ouvir o governador elogiar sua trajetória e saudá-lo como seu mais novo aliado, o ex-deputado federal e ex-ministro do Turismo declarou: “Tomei a decisão certa ao apoiá-lo. E é por isso que estou aqui hoje. Porque eu acredito na sua capacidade de trabalho, mas acredito muito mais no seu amor pelo Maranhão”. Com tais declarações, Gastão Vieira selou de vez sua mudança de campo político no Maranhão, dando a largada na viabilização de um projeto que tem como objetivo central fortalecer o PROS com a sua eleição para a Câmara Federal ou para o Senado, e contribuir política e eleitoralmente para a reeleição do governador Flávio Dino.
Não foi uma virada fácil. Afinal, Gastão Vieira rompeu com o Grupo ao qual pertenceu por mais de três décadas, quando se elegeu deputado estadual em 1986, para em seguida, iniciar, em 1990, iniciar uma série ininterrupta de sete mandatos de deputado federal, período que intercalou como secretário de Estado nos Governos de Edison Lobão (1991/1994) e Roseana Sarney (PMDB) – 1995/2002 e 2009/2014 -, e como ministro do Turismo no Governo Dilma Rousseff (PT). Naqueles dois períodos, foi um dos quadros mais importantes e influentes do PMDB e do chamado “núcleo duro” da então governadora Roseana Sarney. Seu afastamento do Grupo Sarney se deteriorou em 2014, quando foi candidato a senador e perdeu para o então vice-prefeito de São Luís, Roberto Rocha (PSB), ainda aliado do governador Flávio Dino. Gastão Vieira avalia que foi abandonado e acredita que poderia ter vencido a disputa com Roberto Rocha se tivesse sido efetivamente apoiado pelo Grupo. Meses depois das eleições, ele deixou o PMDB, filiou-se ao PROS ganhou o seu controle no Maranhão e se afastou da ex-governadora e do Grupo Sarney.
Gastão Vieira tomou o rumo que qualquer político coerente com suas posições tomaria. Não fez estardalhaço, não hostilizou seus antigos aliados. Mesmo assim, tentaram impingir-lhe a pecha de traidor, mas não funcionou, a começar pelo fato de que, se teve sua carreira turbinada pelo apoio de Roseana Sarney, em contrapartida teve participação decisiva no bom desempenho administrativo dos dois primeiros Governos dela. Gastão Vieira tem consciência tranquila de que nada deve nesse encontro de contas, vendo no apoio político que recebeu a compensação pelo seu trabalho como secretário de Estado e articulador político. A saída de Gastão Vieira do Grupo Sarney se deu, portanto, dentro de um contexto em que o divórcio não foi amigável, é verdade, mas também não se deu em clima de beligerância, ou seja, o jogo está zerado.
Ao mesmo tempo, não surpreendeu sua aliança com o governador Flávio Dino. O alinhamento não se deu automaticamente, mas num processo de aproximação lento, estudado e seguro, e por isso mesmo sem o risco de rompimento traumático, como aconteceu com o senador Roberto Rocha, que saiu atirando e assumindo uma posição de adversário ferrenho do antigo parceiro. Gastão Vieira sabe exatamente onde pode chegar e as condições que dispõe para viabilizar seus projetos, como o de chegar ao Senado da República, por exemplo. Tem plena consciência de que terá de lutar com unhas e dentes para, pelo menos, confirmar um bom cacife eleitoral para chegar à Câmara Federal, onde tem prestígio sólido, como também poderá vir a colocar sua rica experiência a serviço de um muito provável segundo Governo do PCdoB.
O fato é que qualquer avaliação sobre o movimento de Gastão Vieira conclui facilmente que ele deixa uma grande lacuna na base de Roseana Sarney e acrescenta prestígio e experiência ao lastro que sustenta e embala o governador Flávio Dino. E embora ainda sonhe com o Senado, o ex-ministro do Turismo sabe que a Câmara Federal é o seu caminho mais seguro.
PONTO & CONTRAPONTO
Poder de fogo da primeira-dama deixa Domingos Dutra na defensiva em Paço do Lumiar
Domingos Dutra está “comendo o pão que o diabo amassou” no comando da Prefeitura de Paço do Lumiar. Por conta das controvérsias causadas pela influência avassaladora da primeira-dama Núbia Dutra (PDT) no Governo, o prefeito enfrenta uma Oposição forte e implacável.
Aos olhos dos adversários, a influência da primeira-dama Núbia Dutra, que comanda uma secretaria que reúne cinco áreas, entre elas Fazenda, Administração, extrapola todos os limites do razoável, transformando a Prefeitura de Paço do Lumiar num caso especial de poder conjugal. Sem qualquer problema, o prefeito Domingos Dutra entregou a chave do cofre e as rédeas da máquina administrativa à sua mulher, uma advogada e militante política de personalidade extraforte, atitudes firmes, ousadia surpreendente e coragem ilimitada. Seus aliados dizem que ela inibe a ação de aproveitadores, enquanto seus contrários dizem que ela está afundando a gestão do marido. Cometeu ela algum crime? Não. Está ela cometendo algum desvio de recursos ou favorecendo essa prática? Até onde se sabe, não.
Dar poder de fogo à cara-metade não é uma invenção do o prefeito Domingos Dutra, embora esteja parecendo que sua escala de concessão Núbia Dutra parece não ter paralelo em tempos recentes no Maranhão. Vale lembrar alguns exemplos de mulheres e maridos que deram cartas na gestão do cônjuge. No auge do seu poder, a primeira-dama do Estado, Gardênia Castelo, mandou, mas não chegou perto. A primeira-dama Nice Lobão teve forte influência no Governo, mas não foi tão longe. Jorge Murad mandou no Governo de Roseana Sarney, mas até hoje se discute o limite do seu poder. Talvez o poder de Núbia Dutra só seja menor do que a influência avassaladora do então deputado Ricardo Murad na gestão da prefeita Tereza Murad em Coroatá. Mas o prefeito Domingos Dutra, que já foi um crítico ácido e intolerante do poder familiar na coisa pública, não enxerga agora incoerência nesse modelo de gestão.
Um dado favorece o prefeito Domingos Dutra: com a primeira-dama no comando das finanças e da administração, ele fica livre para tocar obras, garimpar recursos em São Luís e em Brasília, e cuidar das relações políticas. Quem conhece Paço do Lumiar reconhece que a cidade está melhorando a olhos vistos, e em todos os aspectos, a começar pela limpeza pública. Estaria assim se a primeira-dama estivesse cuidando de obras de caridade? É tema para uma boa discussão.
Declarações do governador e nota de médicos colocam Operação Pegadores em xeque
Em meio a uma série de controvérsias e desdobramentos paralelos, a Operação Pegadores continua como epicentro de uma grande polêmica, principalmente sobre a abrangência e a consistência da sua suspeita investigada. Mas dois pontos chamam atenção. O primeiro é o silêncio da Polícia Federal em relação à enfática cobrança do governador Flávio Dino para que a instituição policial encaminhe ao Governo a lista dos 400 “fantasmas”, que segundo a superintendente regional, Cassandra Parazi, e o delegado Wedson Cajé, estariam sem pagos pela Secretaria de Saúde.
E o segundo foi a indignada e desafiadora nota dos médicos ligados à empresa ISMC, que presta serviços em hospitais da Secretaria de Saúde em Peritoró e Alto Alegre do Maranhão. Os médicos derrubam o argumento de que seriam servidores fantasma e mostram que são, na verdade, todos sócios da empresa, num sistema de base legal criado e implantado no Governo passado e mantido pelo atual. Eles demonstram que estão devidamente cadastrados no Cadastro Nacional de Estabelecimentos de Saúde (CNES), e que sua existência está também comprovada nos livros de ponto e nas escalas de plantão dos hospitais, sendo, portanto, do conhecimento público. Na sua nota, os médicos desmontam argumentos da investigação, mostrando que decisões da Justiça Federal derrubam o argumento central da investigação. E terminam avisando que o Conselho Regional de Medicina vai se manifestar mostrando que não há ilegalidade nos contratos das empresas que prestam serviços ao Sistema Estadual de Saúde.
Por tudo o que foi dito até aqui pelos médicos e pelo governador Flávio Dino, a Polícia Federal não como ficar em silêncio por muito tempo.
São Luís, 28 de Novembro de 2017.
Tudo que é negativo para o grupo Sarney enalteces.Vais , daqui a hum ano, ficar com cara de tacho. Quem viver verá!!
Gastão tá tipo onça velha perdeu os dentes, mas não perdeu a pinta.