Formação de grupo oposicionista gera situação complicada na bancada do PSB na Alema

Carlos Lula e Francisco Nagib em descompasso
com a bancada do PSB no Legislativo

Os nove deputados do PSB não mais atuarão como uma bancada afinada, como acontecia até alguns meses atrás. Agora, a bancada está dividida em dois blocos, o maior com sete deputados – Iracema Vale, Antônio Pereira, Daniella Gidão, Ariston Pereira, Davi Brandão, Florêncio Neto e Andreia Rezende -, que atua alinhado ao Palácio dos Leões, e o menor, formado pelos deputados Carlos Lula e Francisco Nagib, que romperam com o Governo estadual e se posicionaram na oposição. O afastamento dos dois deputados socialistas da base governista cria uma situação incômoda, a começar pelo fato de que o braço maranhense do PSB é presidido pelo governador Carlos Brandão, que parece não estar disposto a aceitar essa situação dentro do partido.

A relação dos deputados Carlos Lula e Francisco Nagib com o Palácio dos Leões vinha sendo desgastada havia tempos e chegou ao clima de rompimento irreversível na eleição da Mesa Diretora da Assembleia Legislativa, há três semanas, quando participaram ativamente do movimento que rachou a base governista e levou a disputa entre a presidente Iracema Vale e o deputado Othelino Neto (Solidariedade) a um surpreendente empate (21 votos a 21), tendo a chefe do Poder Legislativo sido reeleita pelo critério da maior idade. Naquele momento, os deputados que integram o grupo identificado como “dinista” na Assembleia Legislativa confirmaram a sua condição de oposicionistas, consolidando uma aliança com três dos quatro integrantes da bancada do PCdoB -Rodrigo Lago, Ricardo Rios e Júlio Mendonça -, restando agora só a deputada Ana do Gás como membro da base governista.

Se já era tenso antes da eleição, o clima na bancada do PSB azedou de vez na eleição da Mesa Diretora, especialmente na disputa pela presidência, quando os deputados Carlos Lula e Francisco Nagib negaram voto à presidente Iracema Vale, que é uma das estrelas do partido. Não votar na candidata do partido foi considerado uma heresia partidária, considerada inaceitável pela maioria da bancada e, claro, pelo Palácio dos Leões. E a situação ficou mais tensa no partido pelo fato de os dois deputados não declararam nem justificaram seus votos, o que, para dois deputados do PSB alinhados ao Governo caracterizou um gesto de traição.

O caldo engrossou na última quinta-feira na votação do pacote de três projetos propondo aumento de 1% na base do ICMS, mas com redução de 8% nas alíquotas dos produtos da cesta básica, para viabilizar o programa Maranhão Sem Fome, por meio do qual o Governo pretende retirar 97 mil famílias – cerca de 500 mil pessoas – da pobreza extrema até 2026. Os dois deputados do PSB situados na oposição assumiram posições contrárias às orientadas pelos líderes governistas. Informações que correram nos bastidores naquele dia deram conta de que a situação dos dois deputados pode ficar insustentável no partido.

Até prova em contrário, a posição dos deputados Carlos Lula e Francisco Nagib como opositores do governador Carlos Brandão parece fato consumado, o que torna a situação complicada e absolutamente imprevisível dentro do PSB. Isso porque não se sabe até aqui como a cúpula da agremiação socialista vai se posicionar em relação aos dois parlamentares. Até aqui não foram emitidos sinais de algum posicionamento, a não ser a decisão do governador Carlos Bandão de recompor sua base de apoio com deputados a ele alinhados, o que não é o caso de Carlos Lula e Francisco Nagib.

Por outro lado, mesmo em meio a essa tensão e às especulações dando conta do rompimento definitivo do grupo dinista com o governador Carlos Brandão, há vozes que acreditam na possibilidade de um freio na crise e que a base governista seja recomposta num grande acordo que a leve unida às eleições de 2026.

PONTO & CONTRAPONTO

Brandão comemora Dia da Consciência Negra e cria organismos de apoio à população preta

Entre Gerson Pinheiro, Sebastião Madeira, Iracema Vale e Lídia Raquel
de Negreiros, Carlos Brandão entrega título de terra a líder quilombola

Foi movimentado e produtivo o evento comemorativo do Dia Nacional da Consciência Negra no Maranhão, realizado ontem com a presença do governador Carlos Brandão (PSB) e da presidente da Assembleia Legislativa, deputada Iracema Vale (PSB), no Centro de Cultura Negra, no João Paulo. No ato, o governador fez um balanço das ações do Governo para promover a igualdade racial no Maranhão e anunciou um pacote de ações destinadas a consolidar esse propósito. Na sua fala, o governador anunciou a reforma do Centro de Cultura Negra.

O governador assinou dois atos, um dando origem ao Centro de Referência Quilombola e outro instituindo o Comitê Estadual de Afroturismo. Além disso, entregou nove títulos de propriedade para comunidades quilombolas. Participaram do ato os secretários de Igualdade Racial, Gerson Pinheiro, a secretária de Direitos Humanos e Participação Popular, Lília Raquel de Negreiros, e o secretário-chefe da casa Civil, Sebastião Madeira, e o secretário de Infraestrutura, Aparício Bandeira.

 – Temos feito muitas ações, como a regularização dos quilombos com títulos de terra a ações na área da saúde, educação, infraestrutura, resgatando a cultura. São ações para que todos possam ter acesso a políticas públicas. Estou muito feliz, pois somos um governo que tem ampliado os serviços públicos voltados para o povo negro, valorizando, prestigiando e apoiando a luta contra o racismo – declarou o governador Carlos Brandão.

O secretário de Estado da Igualdade Racial, Gerson Pinheiro, lembrou que o Maranhão tem uma das maiores populações negras do país, e declarou: “Em todas as áreas de desenvolvimento do Maranhão, seja na questão do turismo, seja na questão industrial, de serviços, nós temos um trabalho voltado para a população negra”.

O secretário explicou que o Centro de Referência Quilombola instituído por ato do governador Carlos Brandão contará com o trabalho articulado de várias secretarias, para torna-lo um espaço de discussão e solução de questões relacionadas com a população negra.

As ações do governo estadual foram aplaudidas pelos participantes, lideranças e membros do movimento negro no estado.

Douglas Pinto deve definir um rumo e construir um mandato de peso

Douglas Pinto: hora
de se preparar

Eleito à Câmara Municipal de São Luís com a maior votação já dada a um candidato a vereador de São Luís, o jornalista Douglas Pinto (PSD) precisa urgentemente avaliar o seu papel e assumir a estatura política que lhe foi dada pelas urnas, sob pena de ter seu mandato prejudicado por contradições.

Em primeiro lugar, ele precisa encontrar um discurso que preserve o jornalista que olhava a cidade com viés crítico, de cobrança e, ao mesmo tempo, compreender que como futuro vereador do PSD, será parte da base de apoio do prefeito Eduardo Braide (PSD), o que o coloca “entre a cruz e a espada”. Não será fácil, mas é um imperativo.

Uma providência cautelar: mesmo sob a pressão a que são naturalmente submetidos “fenômenos eleitorais”, para que se manifestem sobre tudo, ele não precisa mergulhar nessa seara agora, quando não foi ainda sequer diplomado.

Será mais coerente e produtivo “mergulhar”, sem se esconder, encontrar o discurso do vereador crítico, mas que faz parte da base governista, e planejar seu mandato, para iniciá-lo com segurança em janeiro, sem açodamento.

Não faz sentido, principalmente para um jornalista, entrar num debate sem estar devidamente informado, como foi a sua manifestação equivocada sobre o aumento de ICMS aprovado pela Assembleia Legislativa. Tivesse lido o release da Secom, não teria passado por desinformado nem sido corrigido por um colega, vereador eleito, mais atento.

Douglas Pinto é jovem, inteligente e com boa formação, tendo, portanto, tudo para exercer um mandato competente e produtivo. Tem tempo de sobra para se preparar, pois já deve saber que ninguém fica inteiro depois sair das urnas como campeão de votos.

São Luís, 26 de Novembro de 2024.

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