A participação do ministro do Meio Ambiente, Sarney Filho (PV), como representante do presidente Michel Temer (PMDB), na comitiva que o governador Flávio Dino (PCdoB) liderou na inauguração de um conjunto habitacional do programa federal “Minha Casa, Minha Vida”- com direito à clássica foto em que aparecem numa janela na companhia de felizes beneficiados – foi transformada em fato da semana. Visto por uma ótica superficial, o evento produz conclusões óbvias, como a estranha presença, num mesmo evento, do governador e de um prócer do grupo cujo objetivo primordial é desalojá-lo do Palácio dos Leões, e porque os dois são candidatos às eleições do ano que vem. Porém, se analisado por um viés da macro política em andamento no Maranhão, a badalada inauguração revelará, entre outras facetas, mais uma demonstração de que o governador Flávio Dino é um político que dosa, na medida certa, civilidade com pragmatismo, conseguindo ser gentil com um adversário num momento tens das suas relações. E que o ministro confirma sua boa fama de político que não transforma adversários em inimigos.
Ao aceitar o ministro Sarney Filho, um arquiadversário político, como representante do Governo Federal num ato em que poderia perfeitamente brilhar sozinho, o governador Flávio Dino entendeu que o Palácio do Planalto mandou-lhe um recado informando que as portas da sede do Governo Central não estão fechadas para ele. O governador também estava ciente de que, além de representar o presidente da República, Sarney Filho pretendeu, claro, apresentar-se informalmente como pré-candidato ao Senado, tentando extrair algum dividendo eleitoral da Coroatá que até dezembro passado encontrava-se sob o comando de um aliado seu, o ex-deputado Ricardo Murad (PMDB), mas que hoje encontra-se. E nada mais oportuno do que fazê-lo como representante do presidente da República.
Se os presentes fizeram essa leitura, tudo bem, mas se não a fizeram, não será nenhum problema, pois o que importa é que o Maranhão registrou o fato que reuniu excepcionalmente o governador que lidera uma aliança que reúne um arco partidário que vai da esquerda à direita, e o ministro que pode ser definido como um dos cinco chefes maiores do Grupo Sarney. O evento poderia ter sido interpretado como a abertura de uma fresta para uma convivência mais pacífica das duas forças, ou – quem sabe? – de uma distensão do governador em relação ao Governo “golpista e ilegítimo” do presidente Michel Temer. Mas não foi nada disso. O que Coroatá presenciou foi um hábil jogo de interesses em que as circunstâncias obrigaram os dois líderes a um momento de desprendimento político, situação que eles aproveitaram habilmente, puxando, cada um a seu modo, a brasa para suas sardinhas.
O governador Flávio Dino tem sido excepcionalmente hábil na convivência com os seus contrários de Brasília e, por via de desdobramento, com os do Maranhão. Sem fazer concessões excessivas, ele tem convivido com ministros e dirigentes de órgãos federais de peso sem causar qualquer tremor nos eventos, tratando-os com uma cordialidade que não deixa passar o fato de que se trata de relação institucional, e por isso é bem visto em Brasília, mesmo pelos que são assumidamente adversários. O caso mais recente foi a vinda, na semana passada, do ministro da Saúde, Ricardo Barros, que desembarcou em São Luís acompanhado de adversários do Governo estadual, entre ele o senador Edison Lobão (PMDB). O governador Flávio Dino usou a desenvoltura e, apesar do destempero de um prefeito adversário do seu Governo, o evento de entrega de ambulâncias e de repasse de recursos para Municípios, transcorreu sem problemas, tanto que a imagens que mais chamou atenção foi a afabilidade que marcou a troca de cumprimentos entre o governador e o senador.
O caso de Coroatá tem um ingrediente a mais: o Município foi base poderosa do sarneysismo até dezembro passado, comandada pelo ex-deputado Ricardo Murad, que foi desalojado do poder com a eleição de Luis da Amovelar Filho (PT), com o apoio decisivo do PCdoB. E apesar da troca de gestos simpáticos, o que o ministro e pré-candidato a senador Sarney Filho constatou que a inauguração do conjunto do “Minha Casa, Minha Vida” em Coroatá foi apenas um momento de trégua conveniente, mas que o que está em curso mesmo é uma guerra política cruenta na qual o seu grupo está sendo destroçado.
E não será surpresa se outros momentos como aquele venham a ser registrados no Maranhão nos próximos meses.
PONTO & CONTRAPONTO
Destaque
Edivaldo Holanda volta à tribuna como propagador das boas ações da Prefeitura de São Luís
Afastado da tribuna no semestre passado, por conta da guerra que trava bravamente contra um câncer, o deputado Edivaldo Holanda (PTC), reassumiu a condição de porta-voz do prefeito Edivaldo Jr. (PDT) no plenário da Assembleia Legislativa, agora com mais ênfase e sem a pressão cotidiana de uma campanha eleitoral. Com um discurso sempre enfático, aprimorado por décadas de ação política e parlamentar, e no qual mescla o propósito de mostrar que a gestão de São Luís está no rumo certo com a preocupação de contestar o que considera informação distorcida, o líder do PTC vai construindo um amplo e denso painel sobre o que vem acontecendo na administração da Capital. Nesta semana, fez dois pronunciamentos. O mais contundente foi pronunciado na tarde de terça-feira, quando destacou a programação de obras que o prefeito Edivaldo Jr. está preparando para a comemoração dos 405 anos de São Luís, no início de setembro. Edivaldo Holanda enfatizou o fato de que hoje a Prefeitura de São Luís atua em sintonia fina com o Governo do Estado, e que o resultado dessa relação é um amplo programa de obras que dificilmente seria posto em prática sem essa união de esforços. “Antes as trevas, hoje a luz. Antes a perseguição, hoje o estender de mãos. Antes a incompreensão, hoje o reconhecimento e a vontade de fazer cada vez mais, Governo do Estado e Governo de São Luís. Este é o grande presente que São Luís tem há quase três anos, tem que comemorar nos próximos dias”, assinalou. Essa realidade, que considera inédita no que respeita a São Luís, tem sido possível também pela gestão realista do prefeito Edivaldo Jr. principalmente no que respeita ao controle financeiro, possibilitando a manutenção em dia da folha de pessoal, inclusive com antecipação de parte do 13º salário, e obras como 100 quilômetros de pavimentação asfáltica e a reforma de 120 escolas do Município, por exemplo. E num tom em que combina com equilíbrio a posição de aliado político e a condição de pai, o líder do PTC não faz rodeios e atropela a hipocrisia ao encerrar sua fala: “Parabéns, Edivaldo Holanda Júnior, pelo seu trabalho, parabéns, querida São Luís, por este aniversário, que Deus possa cada vez mais dar sabedoria aos governantes deste estado, de São Luís, e dar forças para que eles possam na escassez de recurso fazer o máximo por todos nós”.
Projeto legítimo de candidatura de Jefferson Portela causa crise na cúpula da Segurança Pública
São evidentes os sintomas de uma crise no comando do Sistema estadual de Segurança Pública. Eles ganharam corpo com a queda do delegado-geral Lawrence Melo, por decisão do secretário Jefferson Portela. Não se trata de uma crise de natureza estrutural ou causa por desajustes na gestão ou coisa parecida. O problema é de natureza política, causado pelo projeto do secretário de se candidatar a uma cadeira na Câmara Federal. A possibilidade de Jefferson Portela deixar o cargo, em abril do ano que vem, provocou uma corrida pelo cargo, o que teria sido o caso do delegado, cuja desenvoltura como aspirante a sucessor criou um clima de mal-estar na cúpula da Segurança Pública, terminando com a sua exoneração do importante e influente cargo de Delegado Geral. Um problema para o governador Flávio Dino, mas nada que não possa ser administrado.
Quanto ao projeto em si de candidatura a deputado federal alimentado por Jefferson Portela, ele tem legitimidade indiscutível. O advogado, delegado de Polícia e hoje secretário de Segurança Pública é um dos mais atuantes líderes políticos nascido no âmbito da esquerda do aguerrido Movimento Estudantil da segunda metade dos anos 80 do século passado. De lá para cá, ele se manteve fiel aos seus princípios políticos, mantendo uma coerência indiscutível como filiado ao PCdoB, o que o legitima para pleitear o direito de se candidatar a cargos eletivos.
São Luís, 10 de Agosto de 2017.
Edivaldo tem feito um belo trabalho de gestao
Quem bem conhece o Senhor Jefferson Portela sabe do ranço de ódio e desejo de vingança que ele respira e distribui. Sempre se achando mais do que realmente é, passa uma imagem de imposição de respeito através do terror. Respeito se conquista, os que o tentam impor são os ditadores. E a mim este mentecapto não engana, pena que os eleitores menos esclarecidos deste Estado poderão ser ludibriados durante a campanha eleitoral em 2018 e creditar a este apedeuta votos para quiçá elegerem mais um que nada fará pelo povo.