É majoritária na imprensa a avaliação segundo a qual o novo coronavírus só não fez mais estragos no Brasil porque a brutal combinação de obscurantismo e incompetência do Governo do presidente Jair Bolsonaro (sem partido) foi contida graças às ações de uma safra razoável de governadores. Entre os dirigentes estaduais, independentemente de posições políticas e concepções ideológicas, estão o que há de melhor na nova geração de políticos brasileiros – Flávio Dino (PCdoB), Camilo Santana (PT-CE), Paulo Câmara (PSB-PE), Rui Costa (PT-BA), Eduardo Leite (PSDB-RS) e João Doria (PSDB-SP), por exemplo -, alguns já tarimbados e com desempenho aceitável – caso de Wellington Dias (PT-PI), Ronaldo Caiado (DEM-GO) e Waldez Goés (PDT-AP), entre outros -, e como não poderia deixar de ser, fiascos revoltantes, como o fanfarrão Wilson Witzel (PSC-RJ) e o incrivelmente despreparado Wilson Miranda (PSC-AM). Nesse contexto, o governador do Maranhão tem se sobressaído como gestor de excelência, articulador de ponta e político que sabe onde põe os pés e onde quer chegar. Isso porque, está muito claro, que nele o gestor, o articulador e o político se equivalem, à medida que um não sufoca os outros.
Como gestor, Flávio Dino quebrou a regra, fugiu do obrismo faraônico praticado por antecessores, e optou por priorizar o básico e essencial: educação, saúde, combate à pobreza, cidadania, investindo também em infraestrutura. Basta visitar uma das mais de mil unidades de Escola Digna e um dos vários IFMA para se ter uma ideia clara do que é evolução em educação. A rede hospitalar do Maranhão é hoje uma das melhores do Nordeste, com a conclusão e o funcionamento pleno de carcaças hospitalares que encontrou. A multiplicação dos Restaurantes Populares e os programas de economia solidária dão bem a medida da preocupação do seu Governo com as pessoas, foco também das áreas de cultura, esporte, segurança pública, entre outras. Ao lado disso, seu Governo é ajustado fiscal e financeiramente, não gasta mais do que arrecada, e valoriza cada real que gasta. Os empréstimos têm sido aplicados com rigor e transparência. E até aqui sem um só traço de desvio.
O articulador se apresentou no primeiro mandato, na linha de frente para mobilizar governadores para ações conjuntas como meio de alcançar resultados em tratativas com o Governo da União. Foi um dos principais idealizadores do Consórcio do Nordeste e do Consórcio da Amazônia – do qual é o atual presidente. Essas organizações ganharam força e importância vital com a ascensão de Jair Bolsonaro ao Governo da República, caracterizado, desde o início, pela política ostensiva de torpedear líderes regionais, atacando diretamente os de esquerda, com Flávio Dino na cabeça da lista. A pandemia do novo coronavírus escancarou de vez a inutilidade da agressividade de Jair Bolsonaro e a eficiência da articulação de Flávio Dino. A compra de respiradores, a abertura de leitos, a montagem de hospitais de campanha, a contratação de médicos, o aumento do número de UTIs, e agora a guerra por vacina mostram o fracasso da ação federal e o acerto da ação nos estados. O resultado mais recente da articulação do governador do Maranhão foi o lançamento, ontem, da proposta de Pacto Nacional em Defesa da Vida e da Saúde, texto quase todo da sua lavra e que chegou à Nação assinado por ele e mais 20 governadores.
O político Flávio Dino ganha a mesma dimensão, atuando intensamente sem prejudicar o gestor nem o articulador. Ao mesmo tempo em que mantém a frente com 16 partidos que dá sustentação ao seu Governo, ele se consolidou também como uma das vozes mais atuantes e ouvidas no atual cenário político nacional como implacável, mas civilizado, opositor do presidente Jair Bolsonaro. E também como principal defensor de uma grande frente partidária, unindo centro-direita, centro, centro-esquerda e esquerda. Essa intensa e abrangente movimentação política o levou à lista dos presidenciáveis, considerado também como nome forte para vice numa composição. Seu projeto natural e mais importante, porém, é candidatar-se à vaga que se abrirá no Senado, um passo seguro e quase sem risco.
É lógico que numa conjuntura como a atual, com a tragédia pandêmica e o desastre gerencial do Governo da República, governadores atuem nesses três vieses. Mas nenhum deles o faz com tanta intensidade e amplitude como Flávio Dino, o que o torna um homem público diferenciado, pronto para qualquer desafio nesses três vieses e nos três planos da Federação. As referências feitas ontem ao governador do Maranhão pelo ex-presidente Lula da Silva (PT) dão bem a medida do seu tamanho como homem público.
PONTO & CONTRAPONTO
Eduardo Braide entre dois desafios: compra de vacina e ameaça de greve no transporte coletivo
O prefeito Eduardo Braide (Podemos) venceu um desafio e se prepara para enfrentar outro, mais complexo e politicamente sensível.
O primeiro foi a aprovação, pela Câmara dos Vereadores, do Projeto de Lei que autoriza a Prefeitura de São Luís a comprar vacinas contra o novo coronavírus diretamente do fabricante. A com esse aval legislativo, a Capital do Maranhão passa a integrar o consórcio que já mobiliza aproximadamente 1.700 municípios com essa finalidade. O prefeito de São Luís foi um dos primeiros a apoiar a iniciativa da Confederação Brasileira de Municípios (CBM), que, assim como o consórcio de Estados, pode ser parte decisiva da solução para o vácuo aberto nessa frente pela incompetência do Governo Federal. Em conversas com a imprensa, o prefeito Eduardo Braide informou que já tem recursos separados para comprar vacinas, estando dependendo apenas da efetivação e ação do consórcio.
No contrapeso, o prefeito Eduardo Braide vê se aproximar o momento em que terá de encarar a pressão pelo aumento do preço nas tarifas de coletivos de São Luís. Repetindo o mesmo enredo de anos após anos, motoristas de ônibus anunciam para segunda-feira (15) a paralisação do sistema municipal de transporte público. Dessa vez, a paralisação se dará em protesto contra “sucessivos descumprimentos da Convenção Coletiva de Trabalho vigente e pelo desinteresse do SET em negociar as cláusulas da nova Convenção”. No duro, a paralisação, se houver, será resultado de uma articulação de motoristas e empresários como meio de causar o aumento nas tarifas, caindo todo o ônus no bolso do usuário, que já está no sufoco. O desatar desse nó exigirá habilidade e firmeza do prefeito Eduardo Braide, que, tudo indica, está preparado para o embate.
O prefeito de São Luís tem equilíbrio, habilidade e prestígio para lidar com situações complexas.
Pacto contra a pandemia proposto por governadores é pragmático e aposta em resultados
Assinada por 21 governadores – ficaram de fora os do Amazonas, Rondônia, Roraima, Paraíba, Paraná e Santa Catarina -, a proposta do Pacto Nacional em Defesa da Vida e da Saúde surge como um caminho para que os três Poderes unam esforços no combate ao novo coronavírus. Ao contrário de outras manifestações, que usaram linguagem dura contra a desastrada atuação do Governo Federal na condição da crise sanitária, o pacto foi proposto em linguagem serena, sem ataques fortes ao Palácio do Planalto nem ao Ministério da Saúde. Segue, na íntegra, o Pacto proposto pelos governadores:
Pacto Nacional em defesa da Vida e da Saúde
Os governadores dos Entes Federados, signatários deste documento, apresentam ao Brasil a proposta de um Pacto Nacional pela Vida e pela Saúde.
Em reunião realizada no dia 12 de Fevereiro, os governadores debateram com os presidentes do Senado e da Câmara a proposta de uma ampla pactuação dos três Poderes e das três esferas da Federação, visando ao reforço da luta contra a pandemia do coronavírus.
Reafirmamos tal proposição, que se tornou ainda mais emergencial pelo agravamento da situação sanitária, com terríveis perdas de vidas, além de danos econômicos e sociais. O coronavírus é hoje o maior adversário da nossa Nação.
Precisamos evitar o total colapso dos sistemas hospitalares em todo o Brasil e melhorar o combate à pandemia. Só assim a nossa Pátria poderá encontrar um caminho de crescimento e de geração de empregos.
Assim sendo, os governadores signatários reiteram esse compromisso quanto a um Pacto que abranja itens como:
1) Expansão da vacinação, com pluralidade de fornecedores, mais compras e busca de solidariedade internacional, em face da gravidade da crise brasileira. Sublinhamos que todas as aquisições devem ser distribuídas segundo o marco legal do Plano Nacional de Imunização.
2) Apoio a medidas preventivas, essenciais para conter o vírus. Há limites objetivos à expansão de leitos hospitalares, tendo em vista escassez de insumos e de recursos humanos. Dessa forma, as medidas preventivas protegem as famílias, salvam vidas e asseguram viabilidade aos sistemas hospitalares. Medidas como o uso de máscaras e desestímulo a aglomerações têm sido usadas com sucesso na imensa maioria dos países, de todos os continentes.
3) Apoio aos estados para manutenção e ampliação de leitos, quando isso for possível. Ademais, que haja uma integração de todos os sistemas hospitalares, a fim de usar ao máximo as disponibilidades existentes, a partir de planejamento e análise diária de cenários em cada unidade federada.
Consideramos que esse Pacto deve ser dirigido por um Comitê Gestor, com a participação dos três Poderes e de todos os níveis da Federação, além da assessoria de uma comissão de especialistas.
Esse é o nosso respeitoso convite à Nação, acreditando que as Casas do Congresso Nacional, como instâncias de representação de toda a sociedade, podem ser as condutoras desse importante Pacto. Estamos unidos pela vida e pela saúde.
Brasília, 10 de março de 2021.
Gladson Cameli (Acre), Renan Calheiros (Alagoas), Waldez Goés (Amapá), Rui Costa (Bahia), Camilo Santana (Ceará), Ibaneis Rocha (Distrito Federal), Renato Casagrande (Espírito Santos), Ronaldo Caiado (Goiás), Flávio Dino (Maranhão), Mauro Mendes (Mato Grosso), Reinaldo Azambuja (Mato Grosso do Sul), Romeu Zema (Minas Gerais), Helder Barbalho (Pará), João Azevêdo (Paraíba), Paulo Câmara (Pernambuco), Wellington Dias (Piauí), Fátima Bezerra (Rio Grande do Norte), Eduardo Leite (Rio Grande do Sul), João Doria (São Paulo), Belivaldo Chagas (Sergipe), Mauro Carlesse (Tocantins).
São Luís, 11 de Março de 2021.