
Bello, Júlio Mendonça, Ana Paula Lobato, Othelino Neto,
Carlos Lula, Márcio Jerry e Ricardo Rios, em encontro, ontem
Felipe Camarão está vivendo duas situações ao longo da semana em que se encontra na condição de governador interino. Primeiro cumpre rigorosamente suas obrigações institucionais como chefe do Poder Executivo em exercício, cuidando de todos os procedimentos em que a presença do governador se faz necessária, incluindo tomada de decisões administrativas e despachos com secretários de Estado. E depois, se movimenta como pré-candidato ao Governo do Estado, devendo se deslocar para Brasília, onde além de assuntos administrativos se reunirá com a cúpula nacional do PT, para reforçar o projeto de candidatura ao Palácio dos Leões. O almoço de ontem com os parlamentares dinista, organizado pelo deputado estadual Carlos Lula (ainda no PSB), foi um gesto de aliados no sentido de prestigiá-lo, mas foi também uma demonstração calculada de que o grupo está e vai continuar unido.
Institucionalmente, o Maranhão está dando uma aula de estabilidade republicana, à medida que o governador Carlos Brandão (PSB) cumpre agenda no Velho Mundo (França e Suécia), por uma semana, deixando no comando do Estado e do Governo um aliado que o seu entorno já enxerga como adversário. A julgar pelo turbulento histórico dos vice-governadores nas últimas cinco décadas, Felipe Camarão assim como Carlos Brandão, tem sido exemplo de correção, atuando nos limites constitucionais e éticos da condição de vice-governador, sem emitir qualquer sinal de que pretenda confrontar com o chefe do poder executivo, fazendo, ao contrário, gestos de boa vontade, como a mensagem em que o saúda pela passagem do seu aniversário, desejando “felicidades e muitas bênçãos nesse novo ciclo de vida ao governador Carlos Brandão”. E completa: “Paz e bem!”
Por outro lado, o governador em exercício está ativo no plano político, no qual vive uma situação de afastamento do chefe do Executivo. O almoço na residência do deputado Carlos Lula, com a participação da senadora Ana Paula Lobato (PDT), do deputado federal Márcio Jerry (PCdoB) e dos deputados estaduais Othelino Neto (SD), Rodrigo Lago (PCdoB), Júlio Mendonça (PCdoB), Ricardo Rios (PCdoB) e Leandro Bello (Podemos), foi uma demonstração de que o grupo dinista, do qual faz parte, está coeso.
Segundo um dos presentes, na conversa informal durante o encontro, Felipe Camarão reafirmou o seu projeto de candidatura, de preferência numa chapa tendo o governador Carlos Brandão como candidato ao Senado e com um vice de consenso, e na impossibilidade de adoção desse formato, sairá candidato numa outra composição. Tanto que nas próximas horas desembarcará em Brasília, onde se reunirá com a cúpula do PT para reforçar o projeto e definir os próximos passos, mas sem a intensão de “passar o carro na frente dos bois”. Uma das suas reuniões será com a ministra da Articulação, Gleice Hoffman, que também preside o partido, e que, até onde se sabe, aposta no projeto.
A verdade é que, na visão de dinistas, a relação do grupo com o governador Carlos Brandão chegou no limite do desgaste, com remota possibilidade de retorno. Nesse contexto, o vice-governador trabalha com essa remota possibilidade, atuando pela recomposição e devolvendo o formato original da aliança governista. É o que Felipe Camarão tem dito em todas as entrevistas que concedeu nos últimos tempos, mesmo nos momentos mais tensos da relação do seu grupo com os aliados do governador Carlos Brandão.
Felipe Camarão demonstra ter plena consciência das dificuldades que foram criadas na relação do grupo dinista com o governador Carlos Brandão. Sabe que são mínimas as chances de recomposição, como tem sido demonstrado pelo movimento em torno da pré-candidatura do secretário de Assuntos Municipalistas Orleans Brandão (MDB), que conta com o apoio do Palácio dos Leões. Mas aposta no fator tempo e acredita que “em política tudo pode acontecer”. Há quem pense assim entre os aliados do governador Carlos Brandão, incluindo ele próprio, para quem nada é impossível na política.
PONTO & CONTRAPONTO
Reviravolta: ministro muda rota da ADIN do Solidariedade e zera jogo sobre eleição na Alema
Dois dias depois que oito – entre eles o ministro Flávio Dino – dos 11 ministros do Supremo Tribunal Federal validaram a eleição da presidente da Assembleia Legislativa, deputada Iracema Vale (PSB), pelo critério da maioridade em face do empate (21 votos a 21), a tensão e a instabilidade voltaram a contaminar a rotina do Poder Legislativo do Maranhão.
Isso porque o ministro Luiz Fux, que anulara a eleição realizada no início de 2023 e determinou a eleição realizada em 13 de novembro de 2024, pediu que o julgamento da ADIN do Solidariedade, partido do deputado Othelino Neto, seja realizado com o voto presencial, no plenário da Corte.
A medida determinada por Luiz Fux, tomada depois que oito ministros já haviam votado no plenário virtual, todos validando o critério da maioridade como desempate e, consequentemente, a eleição que deu novo mandato presidencial à deputada Iracema Vale, surpreendeu o Legislativo estadual, reinstalando ali o clima de instabilidade e de tensão.
Na avaliação de um especialista ouvido pela Coluna, dificilmente haverá uma reviravolta no caso, já que a tendência natural dos ministros é confirmarem seus votos do plenário virtual.
Mas a mudança no procedimento, tirando o julgamento do plenário virtual e levando para a votação presencial em plenário, forçando um debate imprevisto, causa um mal-estar na Mesa Diretora e no plenário do parlamento estadual, que iniciou a semana tendo a rejeição da ADIN como fato consumado.
Agora é aguardar a explicação do ministro Luiz Fux e o que os seus colegas dirão nos seus novos votos, já que, pela regra, com a medida, a votação do plenário virtual está “zerada”.
Prefeitos do MDB fazem manifestação de apoio à pré-candidatura a Orleans Brandão

de paletó azul, e o deputado federal Hildo Rocha
e o deputado estadual Ricardo Arruda à direita, entre prefeitos do MDB
Se a eleição para governador do Maranhão fosse agora e o secretário de Assuntos Municipalistas Orleans Brandão fosse candidato, 27 prefeitos do seu partido, o MDB, que é comandado no estado por seu pai, o empresário Marcus Brandão, apoiariam sua candidatura. Essa posição partidária foi demonstrada ontem, num encontro realizado dentro da programação comemorativa dos 60 anos da fundação do partido.
Orleans Brandão vem atuando fortemente na construção do seu projeto de candidatura, que conta com o apoio declarado do presidente emedebista e a simpatia pública do governador Carlos Brandão (PSB), contando ainda com o aval expresso da presidente da Assembleia Legislativa, deputada Iracema Vale (PSB).
Com o suporte do governador Carlos Brandão, Orleans Brandão se transformou no principal elo entre o Palácio dos Leões e prefeitos e vereadores. Ele tem percorrido o estado inaugurando e anunciando obras, viabilizando os convênios firmados com os dirigentes municipais pelo chefe do Governo.
Recentemente, o presidente emedebista Marcus brandão declarou publicamente o seu apoio ao projeto de candidatura, justificando a manifestação com um perfil do jovem secretário, e fazendo a clássica pergunta: “Por que não ele?”
A manifestação de 27 dos 37 prefeitos do MDB lhe declarando apoio reforça um projeto que conta também com parte da Assembleia Legislativa.
São Luís, 03 de Junho de 2025.