Nas duas entrevistas que fez ontem com o governador Flávio Dino (PCdoB) e tendo a situação do Maranhão no contexto da pandemia do coronavírus, que já chegou ao Brasil e está a caminho do Maranhão, a TV Mirante conseguiu dois resultados. O primeiro foi passar à opinião pública a situação real do estado, onde o vírus ainda não chegou, mas se – ou quando – chegar, encontrará o Sistema Estadual de Saúde e a máquina pública em geral preparados com as condições possíveis para enfrentá-lo. O segundo foi mostrar que o Maranhão tem um governante altamente qualificado, efetivamente preparado e integralmente envolvido no comando direto da gestão pública, com domínio absoluto sobre todos os movimentos do Governo. “Nada de pânico. Estamos em alerta e nos preparando”, foram suas primeiras palavras na entrevista ao telejornal JM 1ª Edição exibindo, ao mesmo tempo, preocupação e senso de equilíbrio em relação ao quadro geral do País e à ameaça que já chegou ao Piauí e ao Pará e ronda o Maranhão. E argumentando que a situação exige que as diferenças políticas sejam por enquanto deixadas de lado e que o momento é de união contra um inimigo comum.
Seguro e bem informado, o governador anunciou a decisão de decretar Calamidade Pública, o que permitirá, segundo suas explicações, maior facilidade na aquisição dos insumos de combate ao coronavírus. E ao falar sobre o impacto da pandemia na economia, fez uma revelação espantosa, em se tratando do Maranhão: o Estado poderá perder R$ 2 bilhões a ser confirmada a tendência recessiva imposta pela crise em andamento. Um indicador dessa perda é o turismo, que move a economia de serviços, e que está sendo duramente afetada com a provável suspensão de mais de 70% dos voos para São Luís.
Na contramão do alarmismo, decidiu manter os serviços públicos funcionando até quando for possível, garantindo também o prosseguimento de obras, que garantem investimentos de R$ 2 bilhões nas 50 frentes de trabalho abertas e mantidas pelo Governo do Estado. Isso, e mais o pagamento em dia dos salários dos servidores. Mas, vacinado contra o alarmismo, foi enfático ao informar que não há ainda motivo para determinar o fechamento de shoppings e lojas em geral, por exemplo. E ensinou que até agora a arma mais eficaz contra o coronavírus é a boa e frequente lavagem de mãos, lembrando que quem não tem tiver álcool em gel, pode usar sabão, limão e sal, que tem a mesma eficácia. Os insumos serão comprados pelo Consórcio do Nordeste, formado pelos governos da região, que fazem compras em bloco a um custo bem menor
Durante a entrevista, Flávio Dino deixou claro que seu Governo vem agindo intensamente movido pela certeza de que cedo ou tarde o vírus chegará ao Maranhão. E informou que a rede hospitalar está sendo preparada para eventuais infectados, assinalando que os que apresentarem os sintomas – febre alta, espirros, dores no corpo e dificuldades respiratórias – poderão fazer o teste no Centro de Testagem, no Diamante, e no Viva da Beira-Mar, alertando que haverá triagem, exatamente porque há escassez de testes, que não estão mais disponíveis para venda. O Governo também intensifica preparativos da rede assistencial com a ampliação da oferta de leitos, inclusive com a reserva de leitos de UTI para infectados. Há forte preocupação nas áreas fronteiriças, principalmente Timon. Em relação à entrada pelo mar, informou que a Emap tem um serviço de controle nessa área.
Além de fazer um apelo sensato à não politização dos problemas que eventualmente venham a ser criados pelo coronavírus, o governador apelou também no sentido de que a sociedade combata com veemência o uso de notícias falsas (fake news), nas redes sociais, que aqui e ali causam muitos problemas. E deu uma orientação de sábio que sabe o que diz e com a certeza do alcance das suas palavras: “Fiquem em casa, cuidem das suas famílias e dos seus filhos”.
PONTO & CONTRAPONTO
Carlos Lula e Lula Fylho: boas surpresas na Saúde
Em meio aos preparativos para enfrentar o coronavírus no Maranhão e em São Luís, duas autoridades estão se destacando, os secretários de Saúde do Estado, Carlos Lula, e do Município de São Luís, Lula Fylho.
Um dos advogados mais brilhantes da sua geração, Carlos Lula foi um dos esteios do candidato Flávio Dino no campo jurídico, principalmente na área do Direito Eleitoral. Ao formar sua equipe, entregou-lhe a difícil e complexa tarefa de enquadrar as empresas de saúde que prestavam serviços para o Governo do Estado. Fez o que tinha de ser feito. Tanto que pouco mais de um ano depois assumiu o comando da Secretaria de Estado da Saúde, realizando ali um trabalho que poucos acreditavam ser possível, ao comandar a arrojada expansão da rede hospitalar do Sistema Estadual de Saúde a partir do redimensionamento do programa de Saúde do Governo de Roseana Sarney (MDB). Hoje, o Sistema estadual de Saúde do Maranhão funciona bem e dentro da medida graças ao trabalho competente do secretário Carlos Lula.
O secretário de Saúde de São Luís, Lula Fylho, foi uma aposta arriscada do prefeito Edivaldo Holanda Júnior (PDT). Administrador de Empresas, dono de bar e graduado em gestão de pessoas e atuando como palestrante motivacional, Lula Fylho entrou na equipe do prefeito como secretário de Governo. Com a saída de Helena Duailibe da pasta da Saúde, o prefeito surpreendeu meio mundo ao nomear para uma pasta complexa e cheia de problemas um administrador sem qualquer ligação com a área de saúde. Mas, contrariando previsões, acertou. Lula Fylho se revelou um gestor eficiente e vem aos poucos colocando o Sistema Municipal de Saúde nos eixos.
Vale destacar que o bom trabalho de cada um se deve
Madeira propõe adiar eleições e prorrogar mandato de prefeitos e vereadores
Surpreendente e saudável a proposta do ex-juiz federal e candidato do Solidariedade à Prefeitura de São Luís, Carlos Madeira, adiar as eleições municipais para o primeiro semestre ao ano que vem, com a prorrogação dos atuais prefeitos e vereadores por seis meses. As eleições poderiam ser realizadas em abril e os eleitos assumiriam em junho. A mudança, claro, teria de ser feita por emenda à Constituição Federal, a exemplo do que aconteceu em 1986, quando o mandato de prefeitos e vereadores eleitos em 1982 foi prorrogado por dois anos. O argumento de Carlos Madeira é convincente. Afinal, é difícil imaginar uma disputa eleitoral envolvendo em média quatro candidatos para cada uma das mais de cinco mil prefeituras e para os milhares de cadeiras das mais de cinco mil câmaras municipais no momento em que o País enfrenta o que deve ser a maior crise sanitária da sua história, a exemplo do que ocorre em todo o planeta. Carlos Madeira propõe também que os R$ 3,8 bilhões do Fundo Eleitoral sejam relocados para o combate ao coronavírus. Não se duvida da sinceridade da proposta do pré-candidato do Solidariedade, mesmo que ela deixe no ar a impressão de que é um movimento que ele faz para entrar de vez no cenário da disputa.
São Luís, 20 de Março de 2020.