A reabertura, quinta-feira, da Praça da Alegria totalmente restaurada, devolvendo ao centro velho de São Luís um pouco da sua beleza ancestral, com a presença do ministro da Cultura, Juca Ferreira, e do governador Flávio Dino (PCdoB), foi comemorada pelo prefeito Edivaldo Holanda Jr. (PTC) e sua equipe como um evento muito mais significativo do que uma simples restauração de logradouro público. A inauguração da obra teve o efeito simbólico do início de uma reviravolta por meio da qual o chefe da administração municipal começa a sair das cordas para se deslocar para o centro do ringue e, assim, retomar a iniciativa do embate político que desaguará nas urnas em outubro do ano que vem.
Ontem, a coluna registrou informação oficiosa, mas passada por fonte insuspeita, dando conta de que pesquisas recentes teriam mostrado uma ainda leve, mas nítida, reação do prefeito Edivaldo Jr. no sentido de reconquistar o prestígio que perdera na opinião pública. O simples fato de ter parado de descer na escala de prestígio já seria uma excelente notícia para o administrador da Capital. Uma “leve subida”, conforme a fonte, está sendo comemorada como uma vitória de largas proporções, porque indica que depois de dois anos de tropeços, a atual gestão municipal começa a dar as respostas que muitos esperavam logo nos dois primeiros anos, valendo, no caso, a máxima antes tarde do que nunca.
Há cerca de um mês, a coluna registrou o início da viabilização de parcerias da Prefeitura de São Luís com o Governo do Estado, confirmando um compromisso assumido tanto na campanha de 2012 quanto na de 2014 e segundo o qual se chegassem ao poder, o hoje prefeito Edivaldo Jr. e o hoje governador Flávio Dino viabilizariam as parcerias entre Prefeitura de São Luís e Governo do Estado, inviabilizadas quando Roseana Sarney (PMDB) comandava a administração estadual. A coluna alertou que era hora de o prefeito e seu staf arregaçarem as mangas e pegarem firme no batente, exatamente para reverter o conceito baixo na opinião pública. De lá para cá, as coisas andaram, pois Palácio de la Ravardière e Palácio dos Leões têm afinado as relações.
E pelo que está sendo desenhado, a partir de agora o prefeito Edivaldo Jr. vai pisar fundo no acelerador da máquina administrativa municipal. E tem a empurrá-lo dois bons motivos. O primeiro é fazer com que o sentimento de frustração que vinha incomodando a politizada e insatisfeita população de São Luís desde janeiro de 2013 seja pelo menos minimizado. E o segundo é o fato de que – independente de mudanças radicais que possam ser feitas na reforma política em curso no Congresso Nacional -, as eleições municipais do ano que vem estão na pauta dos partidos políticos, dos governos central, estaduais e municipais e da sociedade. O que se verá de agora por diante em matéria de desempenho administrativo municipal estará diretamente relacionado com a corrida para as urnas.
O prefeito Edivaldo Jr. é candidatíssimo à reeleição. E não poderia ser diferente para um político tão jovem, que chegou ao comando de uma cidade como São Luís, tão importante quanto problemática, com gigantescos desafios a serem vencidos. Um rasgo extremo de ousadia, à medida que não trouxe na bagagem os instrumentos necessários para cuidar de situações tão complexas, como o sistema de transporte de massa sucateado e viciado, o sistema de saúde quase caótico, a rede escolar pontilhada de problemas e um rico e imensurável acervo arquitetônico mal cuidado, para citar apenas a coroa visível do iceberg. O bicho certamente se apresentou muito mais feio e desafiador do que ele imaginava.
Agora, com as anunciadas parcerias com o Governo do Estado, ratificada pelo governador Flávio Dino, que lhe bancara politicamente a candidatura, o prefeito Edivaldo Jr. tem 15 meses para reverter as perdas de 2013 e 2014, para mostrar à população que a cidade está em boas mãos e que ela pode lhe confiar um novo mandato. Além da viabilização administrativa, que não será fácil, mas é possível, o prefeito terá de se viabilizar política e eleitoralmente.
E é nessa última seara que o prefeito certamente enfrentará as suas maiores dificuldades. A começar pelo fato de que algumas forças estão se articulando de olho no Palácio de la Ravardière. Em plena atividade nessa direção está a deputada federal Eliziane Gama (PPS) e, provavelmente, o ex-deputado Gastão Vieira (PROS). Isso sem falar no fato de que o Grupo Sarney, mesmo sem poder, não vai querer passar a impressão de que foi varrido do mapa, podendo lançar um candidato, que pode ser o suplente de senador Lobão Filho (PMDB).
PONTOS & CONTRAPONTOS
Senador alerta I
O senador João Alberto (PMDB) colocou o dedo num tumor que cedo ou tarde ia estourar. Ao participar de uma reunião da Comissão de Desenvolvimento Regional e Turismo do Senado, da qual é vice-presidente, com a presença do ministro das Cidades, Gilberto Kassab, o senador pemedebista chamou a atenção do ministro e dos colegas senadores para um problema que ocorre no Maranhão com o programa Minha Casa, Minha Vida. Ele denunciou que o programa, um dos mais importantes do Governo Federal, está sendo contaminado pela ação de intermediários. Informou que tomou conhecimento de que, ao invés de a contratação das empresas construtoras ser feita diretamente pela Caixa, esse processo estaria sofrendo a ação de intermediários, que ganhariam gordas comissões. Essa ação, além de criminosa, complica o programa, pois eleva o custo das casas e reduz a qualidade das construções.
Senador alerta II
Ao dar conhecimento do problema ao ministro Gilberto Kassab sobre essa distorção no programa Minha Casa, Minha Vida, o senador João Alberto relatou que, quando esteve recentemente no Maranhão, visitou conjuntos habitacionais do programa e constatou que, de fato, a construção é de baixa qualidade. Ele defendeu uma ação investigativa urgente e abrangente do Ministério das Cidades para averiguar a denúncia e disse acreditar que o problema pode estar acontecendo em todo o país. O ministro Gilberto Kassab se disse impressionado com o alerta feito pelo senador e se comprometeu a tomar providências para corrigir as distorções e apurar eventuais desvios.
Prefeitos se articulam
Prefeitos de todo o Maranhão se reuniram ontem em Imperatriz. Convocados pelo presidente da Federação das Associações de Municípios Maranhenses (Famem), Gil Cutrim, prefeito de São José de Ribamar, os gestores municipais discutiram o valor do Fundo de Participação (FPM), que vem encolhendo a cada ano; maior facilidade de acesso aos programas federais; reposição das desonerações do IPI e CIDE, municipalização do ITR, entre outros assuntos incômodos. E cobraram também um envolvimento maior da bancada federal com os pleitos dos municípios em Brasília. Os prefeitos aproveitam o momento de redefinição para firmar posição comum em relação aos problemas que afligem os municípios. Essa foi uma boa iniciativa do presidente da Famem com o aval de pesos pesados como Sebastião Madeira (PSDB), prefeito de Imperatriz.
Apoio político I
Trecho da Carta que nove governadores nordestinos, articulados pelo maranhense Flávio Dino, entregaram quarta-feira à presidente Dilma Rousseff, em reunião no Palácio do Planalto: É preciso convergir esforços para superar os problemas e construir soluções que coloquem o país num cenário de crescimento, competitividade, aumento e distribuição de riquezas. O Brasil precisa de uma nova agenda política e econômica.
Apoio político II
De acordo com informações divulgadas pela assessoria governamental, o governador Flávio Dino vinha articulando com os governadores da região desde fevereiro, cumprindo assim um compromisso que firmou com a presidente Dilma Rousseff de que mobilizaria esses chefes de Estado para a defesa da governabilidade e do estado democrático de direito.
São Luís, 27 de Março de 2015.