Pelo menos até aqui, quem apostou no arquivamento da pré-candidatura do ex-prefeito de São Luís, Edivaldo Holanda Jr. (PSD), ao Governo do Estado, perdeu feio. O ambicioso projeto político é parte de um movimento nacional do PSD de lançar candidatos a governador em vários estados e, se possível, credenciar um nome forte para disputar a presidência da República, e ainda que parecendo tímido, vai ganhando forma no embalo de dois dígitos na preferência do eleitorado segundo as pesquisas mais recentes. Cumprindo uma agenda não muito intensa no interior, mas realista suficiente para dizer, por onde passa, que é candidato a governador, o ex-prefeito de São Luís vem dando sinais de que está disposto a substituir a apatia inicial da sua caminhada por uma maratona cujo objetivo maior agora é atropelar um dos pilares da polarização desenhada até aqui entre o vice-governador Carlos Brandão (a caminho do PSB) e o senador Weverton Rocha (PDT), de modo a chegar ao 2º turno da corrida ao Palácio dos Leões.
No cenário em que se movimenta, Edivaldo Jr. tem um desafio que, se vencido, lhe dará passaporte para alcançar o objetivo de disputar a segunda rodada da eleição: descolar-se do senador Roberto Rocha (ainda sem partido) e do prefeito de São Pedro dos Crentes, Lahesio Bonfim (Agir36, mas podendo migrar para o PTB). De acordo com a pesquisa mais recente, os três estão embolados no intervalo de 9% a 11% das intenções de voto, e amarrados com um nó ainda difícil de desatar. Primeiro porque o senador Roberto Rocha faz um jogo estranho, no qual a essas alturas se dá o luxo de ainda não ter um partido nem de anunciar aos mais de quatro milhões de eleitores maranhenses se será candidato à reeleição ou a governador. E depois, porque não se sabe ainda se Lahesio Bonfim vai mesmo renunciar ao mandato de prefeito para entrar numa disputa com chances remotas, correndo o risco de ficar sozinho à beira do caminho.
Em entrevista publicada na edição domingueira de o Imparcial, Edivaldo Jr. fez questão de mandar para o espaço algumas dúvidas que começavam a sombrear seu projeto. Ele disse: “Fui o primeiro pré-candidato a ter nome oficializado e pretendo ser o primeiro a registrar a minha candidatura também”. E falou também que sua candidatura não dependerá de arranjos internos: “Fui convidado pelo presidente nacional do PSD, Gilberto Kassab, e pelo presidente estadual, deputado federal Edilázio Jr., para integrar o projeto de fortalecimento da legenda”. Desfazendo a impressão de lentidão no jogo inicial, informou: “Tenho andado por todo o Maranhão, dialogando com o cidadão, apresentando o meu nome e ouvindo seus anseios. Sempre fiz política dessa força, dialogando com as pessoas”. E, num gesto que não é exatamente do seu estilo, fez o que pareceu uma provocação: “Eu sei que a minha pré-candidatura tem incomodado muita gente”.
Edivaldo Jr. vive um momento de contagem regressiva em relação a Roberto Rocha e Lahesio Bonfim, que no fechamento de março terão suas posições finalmente definidas. E, pelo que corre nos bastidores, o representante do PSD na corrida sucessória se prepara para uma arrancada destinada a se descolar dos dois e avançar na direção do segundo colocado, que no momento é o senador Weverton Rocha, que de acordo com o levantamento da JPesquisa, está a nove pontos percentuais à sua frente. Um desafio e tanto, considerando que os dois com ele embolados devem estar se programando para fazer exatamente a mesma coisa e, mais complicado ainda, se levado em conta a disposição do senador Weverton Rocha de dar mais volume à sua pré-campanha e, dessa maneira, voltar à ponta na preferência do eleitorado. Agora na ponta, Carlos Brandão não vai tirar o pé do acelerador.
Edivaldo Jr. está, portanto, numa posição aparentemente estável, mas plenamente consciente de que essa estabilidade é nociva numa corrida em que os líderes não vão querer ninguém se aproximando deles, ao mesmo tempo em que os que estão na sua cola farão de tudo para deixá-lo para trás.
PONTO & CONTRAPONTO
Direita bolsonarista se divide entre o PTB e PL
A direita bolsonarista no Maranhão, que estava estilhaçada, resolveu se juntar em duas frentes, uma formada pelo PTB em torno da pré-candidatura do prefeito Lahesio Bonfim (Agir36), e outra que optou por reforçar o PL comandado pelo deputado federal Josimar de Maranhãozinho, que garante ser pré-candidato ao Governo do Estado.
Ao declarar apoio à pré-candidatura de Lahesio Bonfim, o braço maranhense do PTB, agora comandado pelo deputado federal Josivaldo JP, volta a cortejar o prefeito de São Pedro dos Crentes, depois de tê-lo esnobado como aspirante a presidente, fazendo-o passar o vexame de ter-se anunciado presidente do partido para logo em seguida ser desautorizado pela cúpula nacional. Agora, Josivaldo JP reuniu, além da ex-presidente, deputada Mical Damasceno, o deputado estadual Pastor Cavalcante – que deixou o PROS -, o ex-suplente de senador Pastor Bel, entre outras figuras de menor importância no partido do ultradireitista Roberto Jefferson.
Por sua vez, Josimar de Maranhãozinho, provavelmente sentindo a terra fofar sob seus pés, decidiu reforçar sua condição de bolsonarista e abriu as portas para a turma do Aliança Brasil, partido que o presidente Jair Bolsonaro tentou criar, mas não deu certo, com as aquisições, entre elas a do coronel aposentado José Ribamar Monteiro e outros bolsonaristas juramentados. Essa turma, tudo indica, vai ingressar no PL.
Detalhe: Lahesio Bonfim e Josimar de Maranhãozinho não se toleram.
Troca de comando do PROS resultou num completo desastre
Algumas articulações partidárias têm resultado em uma série de derrapagens, algumas com perdas, mas nenhuma delas configurou um desastre maior do que a guinada do PROS, que acabou implodido como poucas vezes aconteceu num período pré-eleitoral. Articulada pelo senador Weverton Rocha (PDT), numa jogada destinada a tirar o partido da base da pré-candidatura do vice-governador Carlos Brandão, tomando a presidência do experiente vereador Chico Carvalho para entregá-la ao controverso suplente de deputado estadual Marcos Caldas, a mudança resultou num completo desastre. Num só dia, o partido perdeu o suplente de deputado federal Gastão Vieira, o deputado estadual Yglésio Moisés, o vereador Chico Carvalho, e nomes como o ex-deputado Raimundo Cutrim, que juntamente com outros nomes de expressão política, ficando resumido ao próprio Marcos Caldas e quase ninguém para montar uma chapa de candidatos a deputado estadual que já estava montada. É possível que daqui para o final da “janela partidária”, Marcos Caldas, com a ajuda de Weverton Rocha, consiga suprir parte das perdas. Mas com certeza a troca de comando do PROS entrará para história como o maior mico partidário desse processo eleitoral.
São Luís, 22 de Março de 2022.