A guerra político-partidária que resultou na aprovação da chamada PEC dos Precatórios na Câmara Federal mostrou, mais uma vez – e agora com cores muito nítidas -, o perfil politicamente impressionante da mais importante Casa do Congresso Nacional. Ali, embarcando no discurso do Palácio do Planalto de que mais da metade dos R$ 92,6 bilhões a serem economizados com o monumental calote nos credores da União com dívidas legalmente reconhecidas pela Justiça (precatórios) serão usados para bancar o “Auxílio Brasil”, mais de dois terços dos deputados federais consumaram a polêmica mudança na Constituição Cidadã, certamente fazendo os ossos de Ulysses Guimarães revirarem no seu túmulo. Nesse contexto, a bancada do Maranhão se mostrou por inteiro, uma vez que nada menos que 12 dos 18 deputados maranhenses – Aluísio Mendes (PSC), André Fufuca (PP), Cleber Verde (Republicanos), Edilázio Júnior (PSD), Gil Cutrim (Republicanos), Josimar Maranhãozinho (PL), Josivaldo JP (Podemos), Junior Lourenço (PL), Juscelino Filho (DEM), Marreca Filho (Patriota), Pastor Gildenemyr (PL) e Pedro Lucas Fernandes (PTB) – aprovaram a proposta do Governo, quatro – Bira do Pindaré (PSB), Hildo Rocha (MDB), Márcio Jerry (PCdoB) e Zé Carlos (PT) – votaram contra, e dois – Rubens Jr. (PC do B) e João Marcelo (MDB) – não participaram da sessão.
Os motivos dos posicionamentos são diversos, mas o que de fato pesou em cada posição foi a corrida às urnas, que naturalmente não é mencionada nas argumentações.
Aluísio Mendes votou por ser política e ideologicamente identificado com o presidente Jair Bolsonaro (a caminho do PL) e rigorosamente alinhado ao seu Governo, o que faz dele um dos vice-líderes da bancada governista na Câmara Baixa.
André Fufuca (PP), presidente nacional interino do PP, o parlamentar maranhense integra hoje a cúpula do Centrão, e juntamente com o presidente da Câmara, o alagoano Arthur Lira, e com o presidente licenciado do partido, senador piauiense Ciro Nogueira, atual chefe da Casa Civil, trabalhou duro para formar a maioria que aprovou a PEC dos Precatórios.
Cléber Verde, que preside o Republicanos no Maranhão, é um dos operadores da base governista na Câmara Federal e foi um dos articuladores da maioria favorável a PEC.
Edilázio Júnior, presidente do PSD no Maranhão, é bolsonarista assumido e seu voto via de regra segue a orientação do Palácio do Planalto, em que pese o fato de o presidente nacional do seu partido, Gilberto Kassab, encontrar-se em processo de afastamento do Palácio do Planalto.
Gil Cutrim manteve sua linha de atuação votando de acordo com o Governo, situação que criava mal-estar quando ele estava filiado ao PDT, mas que foi definitivamente resolvida com a sua migração para o Republicanos, onde se sente “mais em casa”.
Juscelino Filho seguiu a orientação do Palácio do Planalto votando de acordo com a cúpula do seu partido, o DEM, que ainda mantém a identidade em que pese a fusão com o PSL, para formar o “União Brasil”, que está ganhando forma.
Pedro Lucas Fernandes tem atuado com relativa independência, mas votando com o Governo nas questões mais substanciais, como a PEC dos Precatórios.
Josimar Maranhãozinho (PL) sempre foi governista assumido e se tornou bolsonarista roxo depois que o presidente decidiu assinar ficha de filiação no seu partido, o que tornou irreversível o seu voto favorável à PEC que caloteará bilhões de reais em precatórios.
Júnior Lourenço seguiu integralmente a orientação do seu chefe Josimar de Maranhãozinho, ratificando o alinhamento agora total do seu partido ao Governo Bolsonaro.
Marreca Filho Seguiu a mesma linha de ação, atuando sob a orientação de Josimar de Maranhãozinho, mesmo que seja filiado ao Patriota e presida formalmente o partido no Maranhão.
Pastor Gildenemyr é o quarto nome da minibancada comandada com mão de ferro por Josimar de Maranhãozinho, tendo votado a favor da PEC dos Precatórios, até mesmo pelo fato de ser bolsonarista roxo.
Josivaldo JP (Podemos) votou com a orientação do Governo, confirmando sua posição de bolsonarista assumido, situação que deve mudar com a entrada de Sérgio Moro partido com discurso forte contra o presidente Jair Bolsonaro e seu Governo.
Os quatro deputados maranhenses que votaram contra PEC dos Precatórios dificilmente teriam outro caminho.
Márcio Jerry (PCdoB) deixou a Secretaria de Cidades e reassumiu o mandato, ajudou a coordenar a bancada do PCdoB a se manter fiel à orientação do partido, tendo também agido para ampliar a margem de oposição ao projeto.
Bira do Pindaré trabalhou duro para conter a insubordinação dentro do seu partido, o PSB, onde 10 dos 29 deputados seguiram a orientação do Palácio do Planalto, causando um enorme desgaste nas entranhas do partido.
Hildo Rocha (MDB) votou contra a PEC dos Precatórios por avaliar que ela é ruim para o País, tendo seu voto coincidido com a posição do MDB.
Zé Carlos (PT) votou contra a PEC seguindo, como sempre, a orientação do seu partido. Vale registrar que, na seara oposicionista, a bancada o PT foi a única cuja bancada votou integralmente de acordo com o partido.
Os deputados Rubens Jr. (PC do B) e João Marcelo (MDB) não participaram da sessão, o que torna inviável qualquer avaliação sobre eles nesse caso.
PONTO & CONTRAPONTO
Maranhãozinho reafirma pré-candidatura ao Governo, mas não correrá o risco de ficar sem mandato
O ânimo deputado federal Josimar de Maranhãozinho entrou em ebulição depois do anúncio de que o presidente Jair Bolsonaro assinará ficha de filiação no PL, comandado nacionalmente pelo notório ex-deputado paulista Waldemar Costa Neto. Tanto que passou a reafirmar seu projeto de candidatura, que acredita será referendado no dia 22 pela cúpula nacional do partido, em reunião em que tratará dos rumos que o partido tomará nos estados, incluindo o Maranhão.
Mas há quem diga que o chefe maior do PL no Maranhão, que também tem as chaves das portas e dos cofres das sedes do Avante e do Patriota no estado, não está tão convencido de que será candidato a governador, está blefando quando diz que sua pré-candidatura ao Governo do Estado não tem volta”, afirmou.
Pode até ser que sua “pré-candidatura” não tenha volta, mas muitos avaliam que ela dificilmente será transformada em candidatura propriamente dita. A Coluna já registrou e repete que Josimar de Maranhãozinho nada tem de bobo. Ele sabe que com os baixos percentuais de intenção de voto – foi atropelado até pelo seu arquirrival bolsonarista Lahesio Bonfim (PTB) – e uma gigantesca rejeição, conforme registraram todas as pesquisas até aqui, se passar de “pré”, sua candidatura tem tudo para nascer condenada ao fracasso.
Antes da chegada de Jair Bolsonaro ao seu partido, Josimar de Maranhãozinho jogava para fazer uma composição politicamente proveitosa, como emplacar a deputada estadual Detinha (PL), sua mulher, como candidata a vice numa chapa de peso. Agora, com a bolsonarização do PL, suas chances de composição no estado foram drasticamente reduzidas, obrigando-o a assumir de vez a fantasia de pré-candidato ao Governo.
Um político tarimbado, que o conhece bem, disse à Coluna que Josimar de Maranhãozinho sabe que as chances do bolsonarismo no Maranhão nas eleições de 22 são quase zero, e que ele, sabedor das vantagens de ter um mandato federal, dificilmente se arriscará a viver como um cidadão comum a partir de 1º de Janeiro de 2023.
Como dizia Lister Caldas, raposa felpuda da política maranhense nas décadas de 50 e 60 do século passado: “Quem viver, verá”.
Edivaldo Jr. avança no interior como pré-candidato do PSD
Primeiro ele fez uma discreta incursão na Região Tocantina, a partir de Imperatriz, onde visitou a Câmara Municipal. Depois, incursionou pelo Baixo Parnaíba, passando por Anapurus, Chapadinha, Brejo e Araioses, onde a recepção, se não foi de festa e multidões, foi bem mais calorosa, mas com densidade política. Ontem, ele iniciou uma incursão no Vale do Pindaré, visitando Monção, onde foi recebido por políticos locais e um expressivo grupo de eleitores interessados em conhecê-lo. Tem sido assim os passos iniciais da pré-campanha do ex-prefeito de São Luís, Edivaldo Holanda Jr. (PSD) ao Governo do Estado. Na pesquisa mais recente, feita pelo Econométrica, ele apareceu embolado com o senador Roberto Rocha (sem partido) e o prefeito Lahesio Bonfim (PTB) disputando a terceira a quarta colocação no ranking das intenções de voto, indicando que seu projeto de candidatura tem rumo, podendo ganhar mais consistência se o seu partido vier a lançar o senador mineiro e presidente do Senado e do Congresso Nacional Rodrigo Pacheco a presidente da República ou a vice numa chapa forte, que no campo das especulações poderá até mesmo ser a encabeçada pelo ex-presidente Lula da Silva (PT).
São Luís, 13 de Novembro de 2021.