
Yglésio Moyses, Roberto Rocha e Lahesio
Bonfim: chefes de correntes da direita que
não querem conversa uns com os outros
A direita tenta se articular no Maranhão, mas os seus vários segmentos não se juntam e pelos movimentos que fazem, desenham uma nítida tendência de pulverização, mesmo dentro dos seus veios partidários mais fortes. São vários segmentos que se mantêm na seara direitista, que vão dos mais moderados aos mais radicais, demonstrando que nada têm um a ver com o outro. A diferença que os separam está nos discursos e no modo de atuação, o que impede a construção de links entre eles.
Nessa banda confusa do tabuleiro político maranhense movimentam-se forças como o PL liderado pelo deputado federal Josimar de Maranhãozinho, reconhecido como um braço forte de uma direita que não é exatamente ideológica, atuando fortemente no fisiologismo político. Bem próximo dele está uma direita ideológica, com discurso e referências muito claros, como o Republicanos, que se intitula “o partido mais conservador do Brasil”, representada pelo deputado federal Aluísio Mendes. E finalmente uma direita radical, inspirada na cartilha do ex-presidente Jair Bolsonaro e que tem duas correntes, uma que tenta se firmar pela ação política do ex-senador Roberto Rocha, e outra, bem mais ativa e que tem como porta-vozes os deputados estaduais Yglésio Moyses (PRTB) e Mical Damasceno (PSD). No meio dessas correntes está o ex-prefeito de São Pedro dos Crentes Lahesio, que hoje professa o discurso furta-cor do Novo.
No Maranhão está em curso, há algum tempo, um esforço nítido do bolsonarismo de minar o poder de fogo de Josimar de Maranhãozinho no PL. Depois de tomar o PL Mulher da deputada federal Detinha e entrega-lo à vereadora Flávia Berthier, numa intervenção branca, mas ostensiva, o comando bolsonarista filiou recentemente, em Brasília, a suplente de deputada federal Mariana Carvalho, de Imperatriz, ao PL, numa clara demonstração de que o projeto de destronar Josimar de Maranhãozinho está mantido. E não é segredo para ninguém que o ex-senador Roberto Rocha, hoje sem partido, e o deputado Yglésio Moyses, que rompeu com o dinismo, deixou o PSB e agora no frágil PRTB, projetam assumir o controle do PL no Maranhão.
Nesse contexto, o deputado federal Aluísio Mendes mantém o Republicanos com rédeas curtas, jogando pesado para não ter o seu controle ameaçado. Tentou colocar o partido na seara do PSD e apoiar o hipotético projeto de candidatura do prefeito de São Luís, Eduardo Braide, ao Governo do Estado, mas não sentiu firmeza e decidiu se acomodar sob as patas dos Leões, onde o risco de perda de controle é bem menor.
O que chama a atenção nesse cenário é que a direita tem um candidato forte ao Governo do Estado, Lahesio Bonfim, que ganhou a legenda do Novo, mas não se anima a se mobilizar em torno desse projeto. É verdade que Lahesio Bonfim é um outsider que só acredita nele próprio e que não parece interessado em juntar as correntes direitistas num mesmo. Isso é claramente explicado pelo fato de que nenhum dos chefes das outras correntes parece confiar no ex-prefeito de São Pedro dos Crentes, mesmo estando ele colocado ora em terceiro, ora em segundo lugar na corrida para o Governo do Estado. O bolsonarista assumido Yglésio Moyses, por exemplo, mina Lahesio Bonfim afirmando que o ex-presidente Jair Bolsonaro não gosta dele.
Não existe, portanto, um movimento de direita em curso no Maranhão. Os segmentos que navegam nessa seara são isolados, dominados por fortes interesses internos e não exibem sinais que possa indicar outro rumo. Não foi sem razão que a experiente e ativa prefeita de Lago da Pedra, Maura Jorge, que chegou a ser apontada em 2022 como a voz do bolsonarismo no Maranhão, percebeu que não havia qualquer futuro naquele projeto e retornou ao minado, mas coerente, ninho dos tucanos.
E pelo andar da carruagem, a direita maranhense vai continuar pulverizada na direção das urnas de 2026.
PONTO & CONTRAPONTO
PSB bate martelo a favor de Duarte Jr., ameaçado por Edson Araújo, que deve sair do partido
A cúpula nacional do PSB e o seu braço maranhense estão preocupados com a crise que se instalou nas entranhas do partido depois que o deputado federal Duarte Jr. convocou para depor na CPMI do INSS, da qual é vice-presidente e um dos membros mais ativos, e o deputado estadual Edson Araújo, suspeito de embolsar milhões de reais no esquema de extorsão de aposentados da Previdência Nacional.
O clima ficou tenso depois que Edson Araújo fez ameaças grave a Duarte Jr. numa conversa via WhatsApp, na qual, em tom agressivo o parlamentar suspeito manifestou clara intenção de usar violência contra o vice-presidente da CPMI.
Inicialmente cautelosa, a direção estadual chamou a atenção do parlamentar, que está licenciado, mas ele reforçou e deu forma à ameaça vice-presidente da CPMI. Em vez de se defender com argumentos e provas de que a suspeita não se sustentava, Edson Araújo reagiu agressivamente, perdendo completamente o equilíbrio. Duarte Jr., que foi ponderado na conversa eletrônica, denunciou a ameaça ao partido e à Assembleia Legislativa.
O resultado é que, diante da situação, o vice-presidente regional do PSB, deputado Carlos Lula, anunciou a abertura de um processo de expulsão do deputado Edson Araújo. Na mesma linha, Duarte Jr. protocolou na Assembleia Legislativa um pedido de cassação do mandato do parlamentar.
O grande mal-estar nas fileiras do PSB está no fato de que, com a saída do governador Carlos Brandão e seu grupo, incluindo a presidente da Assembleia Legislativa, deputada Iracema Vale, o deputado federal Duarte Jr. foi alçado à condição der quadro mais destacado do partido, primeiro pela sua forte atuação parlamentar, em especial na CPMI do INSS, e depois o pelo poder de fogo que ele mantém no eleitorado de São Luís. No contraponto, Edson Araújo é um dos quadros mais antigos do PSB no Maranhão, com vários mandatos consecutivos na Assembleia Legislativa.
Na avaliação de um membro do partido, o PSB tem um problemão para resolver. Na mesma avaliação, a menos que as acusações sejam confirmadas e a CPMI o denuncie à Justiça, o deputado Edson Araújo dificilmente terá seu mandato cassado pelo parlamento estadual.
Caxias: MPE confirmou eleição de Gentil Neto, mas Marinho Jr. saiu cacifado para 26
O pretendido “segundo turno” da eleição para a Prefeitura de Caxias pelo candidato Paulo Marinho Jr. (PL)na disputa com Gentil Neto (PP), não aconteceu. O Ministério Público Eleitoral mandou para o arquivo morto a denúncia feita por Paulo Marinho Jr., segundo a qual o resultado da eleição, vencida por Gentil Neto pela vantagem de pouco mais de 800 votos, teria sido o resultado de uma manipulação por “deepfake”, ou seja, um crime de manipulação eletrônica.
O MPE, além de não identificar nenhum dado que pudesse dar sentido à acusação, enxergou na denúncia uma tentativa de manipulação para favorecer o candidato derrotado. Na conclusão, foi duro: não houve crime. E confirmou a eleição de Gentil Neto, que já está a 11 meses no comando da máquina administrativa de Caxias, que vai cumprir seu mandato.
Mas nem tudo é prejuízo para Paulo Marinho Jr.. Ele saiu da disputa pela Prefeitura com quase metade dos votos, o que lhe dá suporte político e eleitoral para buscar um mandato parlamentar nas eleições de 2026, desta vez numa disputa com a deputada federal Amanda Gentil (PP). Vale lembrar que atualmente ele é suplente de deputado federal.
São Luís, 08 de Novembro de 2025.

