Unidade na aliança partidária e consenso na definição de um candidato ao Governo do Estado. Foram esses os itens dominantes de uma conversa ocorrida ontem entre o governador Flávio Dino (PSB) e os dois principais aspirantes à sua sucessão, o vice-governador Carlos Brandão (PSDB) e o senador Weverton Rocha (PDT). A conversa se deu dois dias antes da reunião que o governador terá com os chefes dos partidos que integram a aliança que lidera, para consultá-los a respeito do processo sucessório no Maranhão. Registrada como produtiva pelos três participantes, a conversa de sábado e a reunião desta Segunda-Feira acontecem em meio a uma forte onda de especulações causada por três pesquisas – Data Ilha, Exata e Escutec – sobre a corrida sucessória, nas quais a ex-governadora Roseana Sarney (MDB) aparece na frente com folga média de 10 pontos percentuais sobre o segundo colocado, o senador Weverton Rocha, e mostrando situações diferentes para o vice-governador Carlos Brandão, que aparece em terceiro e em quarto lugar, medindo forças com o senador oposicionista Roberto Rocha (sem partido). Não se sabe o motivo, mas duas das três pesquisas incluíram o ex-prefeito de São Luís, Edivaldo Holanda Jr. (sem partido), que nem sequer foi cogitado para disputar o Governo do Estado.
Os resultados das pesquisas são os seguintes: Data Ilha/Jornal Pequeno, realizada entre 10 e 12 de Junho, ouvindo 2.179 eleitores e com margem de erro de 2 pontos percentuais (+ ou -): Roseana Sarney (22,8%), Weverton Rocha (13,3%), Carlos Brandão (11,9), Roberto Rocha (11,2%), Lahesio Bonfim (6,9%), Josimar de Maranhãozinho (5,4%), Simplício Araújo (1,0%), Não Sabe/Não Respondeu 24,6% e Nenhum (2,9%). Exata/Ponto & Vírgula, com 1.418 entrevistas feitas entre 23 e 28 de Junho, com margem de erro de 3.2 pontos percentuais (+ ou -): Roseana (29%), Weverton (19%), Roberto (10%), Edivaldo Jr. (8%), Brandão (6%), Josimar (5%), Lahesio (4%), Simplício (2%), Nenhum (7%) e Não Sabe (10%). E Escutec/O Estado do Maranhão, feita no período de 24/06 a 01/07 ouvindo 2.400 em todo o Maranhão – não forneceu a margem de erro -: Roseana (25%), Weverton (14%), Edivaldo Jr. (12%), Brandão (10%), Roberto (8%), Simplício (5%), Josimar (3%), Lahesio (3%), Nenhum (11%) e Não Sabe (9%).
As avaliações feitas por aliados de Weverton Rocha via de regra apontaram que Roseana Sarney “bateu no teto”. Mas uma análise cuidadosa conclui naturalmente que, por esse critério, o senador pedetista parece também ter alcançado seu “teto”, já que nos três levantamentos ele aparece no mesmo patamar, sempre 10 pontos atrás da emedebista. Carlos Brandão aparece em embolado com Roberto Rocha e Edivaldo Jr. e ameaçando Weverton Rocha. Mas quando se analisa o futuro, o vice-governador é, de longe, o que reúne as melhores condições: a partir de Abril do ano que vem, Weverton Rocha continuará senador, Roberto Rocha estará mais próximo de ficar sem mandato e Edivaldo Jr. continuará sendo apenas um ex-prefeito, enquanto o atual vice-governador ascenderá ao posto pelo qual todos estão brigando: será governador e candidato à reeleição.
Na conversa de ontem, o governador Flávio Dino teria confirmado sua candidatura ao Senado e pedido que os dois pré-candidatos entrem em acordo, de modo que um vá para a guerra com o apoio do outro e das forças que os dois consigam mobilizar. Se não concordaram com a fórmula, pelo menos não saíram do encontro politicamente mal-humorados, o que é um bom sinal. O governador Flávio Dino informou nas suas redes sociais: “Neste sábado, bom diálogo sobre o Maranhão com os companheiros senador Weverton e vice-governador Carlos Brandão. Seguimos juntos lutando a favor do nosso Estado”. O vice-governador Carlos Brandão fez um registro na mesma linha: “É sempre bom dialogar sobre política. Hoje, não foi diferente. Registro do encontro em que eu e o nosso governador Flávio Dino tivemos com o senador Weverton Rocha”. E o senador Weverton Rocha confirmou o clima positivo da conversa: “Sábado de reunião e boas conversas com o governador Flávio Dino e Carlos Brandão. Seguimos firmes no projeto, apostando na unidade e trabalhando pelo Maranhão”.
Também sob a forte repercussão da mudança partidária do governador, que migrou do PCdoB para o PSB, a reunião desta Segunda-Feira com os líderes partidários se dará num ambiente novo, mais bem definido, no qual o governador conta com uma base firme de quatro partidos (PSB, PCdoB, PT e PSDB) e o apoio dos demais que integram a aliança governista. Tudo indica que não será uma definição fácil nem sairá do encontro de hoje, que terá o sentido de conversa prévia, de avaliação, sem decisões açodadas. Afinal, o roteiro traçado há pouco tempo pelo governador Flávio Dino prevê o final deste ano como momento para a definição da candidatura que terá o seu aval.
Até lá, várias conversas com a mesma pauta acontecerão, sempre gerando expectativas.
PONTO & CONTRAPONTO
Roseana não disputará Governo nem Senado; tentará mesmo é vaga na Câmara Federal
A ex-governadora Roseana Sarney, mesmo saboreando a liderança nas três pesquisas recém divulgadas, não será candidata ao Governo do Estado nem se aventurará na corrida ao Senado, na qual o governador Flávio Dino lidera disparado. Na avaliação de duas fontes a ela ligadas, as pesquisas mostram também que a agora presidente do MDB amarga uma desalentadora rejeição, o que lhe tira qualquer margem para crescer, não fazendo nenhum sentido entrar numa guerra sem chances reais de sair-se bem. Quanto ao Senado, ela própria rejeita enfaticamente a ideia, reafirmando a pouca simpatia que sempre teve pela Câmara Alta. Seu projeto é mesmo disputar uma cadeira na Câmara Federal, movida pela perspectiva de voltar ao “caldeirão” da política brasileira e de ajudar o MDB a ampliar sua bancada, atendendo a apelo do comando nacional do partido, do qual faz parte como membro da Executiva. “Escrava” de pesquisa, a ex-governadora monitora eventualmente o cenário político maranhense, estando, portanto, ciente de que suas chances na disputa majoritária de agora são absolutamente mínimas.
Por outro lado, Roseana Sarney sabe que tem lastro político suficiente para influenciar fortemente numa disputa entre Carlos Brandão, Weverton Rocha e Roberto Rocha. Tanto que a grande pergunta feita em relação às pesquisas é a seguinte: se a ex-governadora não for candidata, para onde irão os 30% de votos que lhe seriam dados? Mesmo que dois terços se pulverizem, restará pelo menos um terço que pode seguir sua orientação. Isso significará nada menos que 10% dos votos, percentual suficiente para desequilibrar qualquer disputa. É claro que uma corrida eleitoral não comporta análises cartesianas, mas não há dívidas de que um líder bem posicionado pode influenciar, sim.
Pesquisa prevê que Lula vai triturar Bolsonaro no Maranhão
Realizada em todas as regiões do Maranhão, segundo afirma seu relatório, a pesquisa Escutec desenhou a tendência da eleição presidencial no estado. Se a votação ocorresse agora, o ex-presidente Lula da Silva (PT) daria uma surra de fazer dó no presidente Jair Bolsonaro (sem partido). Lula teria nada menos que 57% dos votos contra 20% de Bolsonaro, ou seja, uma diferença de mais de um terço da votação. De acordo com o Escutec, Ciro Gomes (PDT) seria o terceiro colocado com 6%, seguido de Sérgio Moro (sem partido) com 4%, João Dória (PSDB) com 2%, Guilherme Boulos (PSB), Nenhum 5% e NS/NR 4%.
Além da vantagem astronômica de Lula em relação a Bolsonaro, alguns dados da pesquisa chamam a atenção. Para começar, nada menos que 91% dos entrevistados já têm candidato, restando apenas 9% de indecisos, percentual que em nada altera a disputa entre Lula e Bolsonaro. O fato de o governador do Rio Grande do Sul, Eduardo Leite (PSDB) e do ex-ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta (DEM), não terem recebido nenhuma intenção de voto.
São Luís, 04 de Julho de 2021.