Os 42 deputados estaduais do Maranhão irão nesta semana para o recesso parlamentar certos de que nos seis meses que lhes restam de mandato não mais viverão a rotina dos últimos três anos e meio. Sairão cientes de que emendarão o recesso oficial com um recesso “branco” da campanha eleitoral e de que, daqui há dois meses, o futuro de cada um deles será decidido nas urnas. Serão dez semanas muito difíceis, durante as quais travarão entre si e com os novos pretendentes às suas cadeiras uma verdadeira guerra pelo voto, tendo claro que nesse jogo, uma espécie de “vale tudo”, apesar das regras, “cobra fuma” e “vaca desconhece bezerro”. E o esforço para elegerem-se será agora um pouco mais complicado, já que não haverá coligações, devendo cada partido fazer o máximo de esforço político para embalar seus candidatos. Além disso, o cociente eleitoral aumentou, o que exigirá dos candidatos um pouco mais de empatia com o cidadão. As bolsas informais de apostas calculam que entre 50% e 60% dos atuais integrantes da Assembleia Legislativa renovarão seus mandatos, havendo previsões mais otimistas e mais pessimistas, como manda a tradição na seara política.
A atual Assembleia Legislativa vai entrar para a História, não como um parlamento excepcional, mas como uma Casa legislativa que, entre altos e baixos, deu conta do seu recado durante a pandemia do coronavírus, um dos momentos mais complicados e dramáticos da vida maranhense no último século. Se prevalecer o bom senso, nenhum eleitor excluirá esse dado da avaliação que fará dos atuais parlamentares na hora de decidir seu voto. Naquele período, em que o mundo vivia sua maior ameaça recente, e o Brasil se debatia entre a incompetência e a insanidade sanitária do Governo da República, a Assembleia Legislativa do Maranhão, liderada pelo deputado Othelino Neto (PCdoB), estabeleceu uma relação sensata e produtiva com o Poder Executivo liderado pelo governador Flávio Dino (então no PCdoB e hoje no PSB), que deu aos órgãos do Estado as condições legais e orçamentárias para a execução da mais eficiente e bem-sucedida política estadual de combate ao ataque avassalador do coronavírus, tendo o Maranhão o menor número de mortes, proporcionalmente, em todo o País. E com o fato de ter sido o primeiro parlamento do Norte e do Nordeste a implantar o inovador sistema de sessões remotas via internet.
Do ponto de vista político, a atual Assembleia Legislativa teve maioria governista, sintonizada com o Palácio dos Leões, mas com a vantagem de garantir sustentação a um bom Governo. Isso não impediu que a Casa debatesse intensamente problemas sociais e econômicos do Maranhão, principalmente porque esses foram agravados pela pandemia. Nesse ambiente, os líderes governistas tiveram de trabalhar muito para conciliar interesses dentro e fora da base situacionista. Minúscula, mas aguerrida, a oposição, formada por parte do que sobrou do Grupo Sarney, não deu trégua, fazendo o seu papel de fustigar o Governo, denunciar supostas irregularidades e tentar brecar as propostas legislativas encaminhadas ao parlamento pelo governador Flávio Dino. As situações mais tensas foram sempre mediadas pelo presidente Othelino Neto, que se esforçou para cumprir efetivamente, com bons resultados, a regra segundo a qual o comando da Casa é obrigado a tratar igualmente todos os deputados, independentemente de posições políticas e partidárias. As poucas queixas que surgiram nesse sentido não ganharam corpo e não se sustentaram.
Como é comum em todos os parlamentos, os períodos legislativos são marcados por desempenhos coletivos e por atuações individuais. No sentido coletivo, não há dúvida de que a atual Assembleia Legislativa fez a parte que lhe coube nesse mandato, incluindo a decisão mais recente: a redução do ICMS para os combustíveis, proposta pelo governador Carlos Brandão (PSB). No campo individual, foi clara a atuação de alguns parlamentares, que se destacaram nas ações de liderança – Othelino Neto, Marco Aurélio (PSB), Rafael Leitoa (PSB) e César Pires (PV) -, na produção legislativa – Yglésio Moises (PSB), Duarte Jr. (PSB) e Neto Evangelista (PDT) e Helena Duailibe (SD) -, nas articulações nos bastidores – Roberto Costa (MDB), Glaubert Cutrim (PDT), Zé Inácio (PT), Cleide Coutinho (PSB), Paulo Neto (DEM), Arnaldo Melo (PP), Hélio Soares (PL), Andreia Resende (PSB), Vinícius Louro (PL), Neto Evangelista e Ciro Neto (PDT) -, e no desempenho na tribuna, onde defenderam suas posições e pontos de vista – Wellington do Curso (PSDB), Yglésio Moises, César Pires, Roberto Costa, Fábio Braga (SD), Daniella Tema (PSB), Antônio Pereira (PSB), Thaísa Hortegal e Neto Evangelista. Outros deputados tiveram atuação efetiva nesses itens, e uns poucos só votaram com atuações muito discretas, quase não percebidas. Todos atuaram politicamente.
Vale registrar que vários desses parlamentares não estarão na disputa pela renovação do mandato. Duarte Jr. será candidato a deputado federal, Carlinhos Florêncio (PCdoB) tentará eleger o filho Florêncio Neto, Cleide Coutinho decidiu se aposentar e Rigo Teles (PL), Fernando Pessoa (PDT) e Felipe dos Pneus (PRTB) elegeram-se prefeitos de Barra do Corda, Tuntum e Santas Inês, respectivamente.
A expectativa é de que as urnas mandem para o plenário do Palácio Manoel Beckman uma composição pelo menos no nível da atual.
PONTO & CONTRAPONTO
Lahesio e Aluísio estancam crise e anunciam convenção do PSC para 31 de Julho
A ação de bombeiros fez com que fosse estancada a crise dentro do PSC, onde o presidente regional, Aluísio Mendes, abriu as portas para que o candidato a governador, Lahesio Bonfim, fizesse uma trouxa e deixasse o partido. O sinal mais evidente da superação da crise veio à público nesse fim de semana, quando Lahesio Bonfim e Aluísio Mendes, divulgaram um vídeo convidando para a convenção do partido que oficializará sua candidatura ao Governo do Estado. As chamas da crise foram apagadas depois de vários dias de tensão dentro do PSC, causada pela iniciativa de Lahesio Bonfim de abraçar a pré-candidatura de Pastor Bell (Agir36) ao Senado, contrariando frontalmente a orientação do comando partidário no sentido de ele apoiar a pré-candidatura do senador Roberto Rocha (PTB) à reeleição. A reação do presidente do PSC ao gesto do candidato a governador causou estranheza no meio político. Isso porque Lahesio Bonfim é um nome que ganha peso na disputa pelo Palácio dos Leões, ocupando a terceira colocação, com chances reais de alcançar uma vaga no segundo turno, enquanto o senador Roberto Rocha parece distante da reeleição na disputa com o ex-governador Flávio Dino. Esse cenário provavelmente foi avaliado, medido e pesado, levando à conclusão de que seria um grave erro político tirá-lo do partido por esse motivo. Tanto que no vídeo Lahesio Bonfim e Aluísio se esforçam para mostrar que a crise ficou para trás.
Brandão entra forte nos Lençóis e Weverton faz festa em Balsas
O governador Carlos Brandão e o senador Weverton Rocha intensificaram suas pré-campanhas no final da semana. Carlos Brandão, que lidera a corrida, segundo as últimas pesquisas, foi à Região dos Lençóis, sendo alvo de um grande movimento em Barreirinhas, cujo prefeito, Amílcar Rocha, é seu aliado linha de frente, que está também alinhado à pré-candidatura do ex-governador Flávio Dino ao Senado. Weverton Rocha teve como ponto alto sua passagem por Balsas, onde foi recebido com um grande ato liderado pelo prefeito Eric Silva (PDT), que trabalha pela sua pré-candidatura, mas não segue sua orientação de apoiar o senador Roberto Rocha (PTB) para o Senado, tendo optado pelo projeto senatorial do ex-governador Flávio Dino, a quem recebeu há duas semanas com uma grande recepção política.
São Luís, 17 de Julho de 2022.