Crise na base governista ganha força na Assembleia com situação reagindo a ataques da dissidência

Em cima: Sebastião Madeira, Neto Evangelista, Cláudia
Coutinho, Eric Costa e Viviane Silva defenderam o
Governo dos ataques dos dissidentes Othelino Neto,
Carlos Lula, Rodrigo Lago e Francisco Nagib

Todos os sinais emitidos em atos do Governo do Estado e nas manifestações da dissidência dinista na Assembleia Legislativa estão levando rapidamente à conclusão de que o rompimento entre o governador Carlos Brandão (PSB) e a banda dinista da aliança política e partidária já é fato e deve ser consumado a qualquer momento, caso não haja uma distensão que estanque o processo. Os discursos feitos na Assembleia Legislativa nesta semana não deixaram dúvidas quanto a esse desfecho. Ali, a dissidência dinista decidiu atuar de maneira articulada, disparando fortes e duras críticas em bloco a áreas do Governo. Na quarta-feira, os disparos verbais foram dirigidos à área de educação, alcançando também o setor rodoviário. Ontem, a fuzilaria transformou em alvo a área de saúde, com duras críticas e denúncias.

A investida da dissidência dinista aumentou de volume e intensidade depois que o chefe da Casa Civil, o experiente Sebastião Madeira (PSDB), numa atitude inédita, ao falar como convidado numa sessão solene na Assembleia Legislativa, realizada após a sessão ordinária de quarta-feira, defendeu o governador Carlos Brandão e criticou a oposição, e cobrou a base governista por não defender o governador dos ataques oposicionistas. Sebastião Madeira declarou que “o governador tem feito um trabalho extraordinário neste estado”, admitindo um ou outro problema localizado, devido às dimensões do Maranhão. E afirmou que o Governo está atuando “em todas as áreas”. O chefe da Casa Civil pediu desculpas à Mesa da sessão por desviar do tema do discurso, justificando o gesto com o fato de ter assistido deputados atacarem o Governo sem que parlamentares governistas saíssem em sua defesa.

Na mesma linha de quarta-feira, a metralha da dissidência foi aberta pelo deputado Othelino Neto (SD), que, como no dia anterior, quando chegou ao plenário avisando estar vindo de uma escola, disse estar chegando de uma visita a um hospital, onde, segundo ele, ouviu das pessoas declarações de que estavam sendo bem tratados. Mas, contraditoriamente, inverteu o reconhecimento fazendo duros ataques à política de saúde como um todo. Na sequência, o deputado Rodrigo Lago (PCdoB) entrou no tema, numa ação coordenada, que culminou com o discurso duro do deputado Carlos Lula (PSB), que foi secretário de Saúde nos dois Governos Flávio Dino.

Na esteira de um pronunciamento feito pela deputada Cláudia Coutinho, que, na condição de enfermeira, festejou os ajustes feitos na política de regulação hospitalar do Governo, o deputado Carlos Lula elogiou os avanços na regulação, mas logo partiu para o ataque denunciando que a Secretaria de Saúde estaria reservando leitos em hospitais para atender a “amigos do Governo”, criando, segundo ele, “duas categorias de cidadão no Maranhão”. Na mesma linha, o deputado Francisco Nagib (PSB) discursou fazendo críticas à política de saúde do Governo.

Na esteira da deputada Cláudia Coutinho, que defendeu a política de saúde do Governo, com base na sua experiência de enfermeira atuando no sistema de saúde de Caxias, a base governista reagiu com mais três discursos fortes em defesa do Governo. O deputado Eric Silva (PSD), que é ex-prefeito de Barra do Corda e conhece a fundo os problemas da rede de saúde, e que começou seu mandato distante do Governo, fez uma forte defesa do governador Carlos Brandão, classificando de injustos os ataques da dissidência à sua política de saúde, informando ter testemunhado o rigor com que o mandatário maranhense exige eficiência do Governo, destacando a construção do novo hospital de Imperatriz. A deputada Viviane Silva (PDT) emendou destacando a política de Saúde do Governo, saudando principalmente o novo hospital de Imperatriz, que atenderá a toda a região tocantina e vizinhança. “Saúde é uma área bastante desafiadora e jamais deixará de ter problemas, mas o governador Carlos Brandão está tentando resolver e avançando o máximo possível nesse setor”, declarou a deputada balsense.

O líder governista Neto Evangelista (União) iniciou o rebate aos ataques com uma alfinetada no deputado e ex-secretário Carlos Lula, afirmando que os problemas ainda enfrentados na área de saúde não são recentes. Ele atribuiu parte dos problemas na área de saúde ao SUS, e garantiu que o governador Carlos Brandão “tem feito as ações necessárias para honrar compromissos fiscais e garantir o atendimento à população”.

O fato é que o bate-rebate entre a dissidência na Assembleia Legislativa e a situação já desenham um cenário de rompimento.

PONTO & CONTRAPONTO

Crise na aliança governista coloca PT, PCdoB e PV em situação divergente

Francimar Melo, Márcio Jerry e Adriano Sarney:
posições diferentes na Federação

O enfrentamento que se dá na base governista entre partidários dos projetos de candidatura do vice-governador Felipe Camarão (PT) e do secretário de Assuntos Municipalistas Orleans Brandão (MDB) está atingindo em cheio a Federação Brasil Esperança, que reúne PT, PCdoB e PV. Ali divergências começam a ganhar forma que pode criar uma situação política embaraçosa. São três posições que começam a ganhar definição.

O PT, que é o partido maior e mais forte, quer a candidatura do vice-governador Felipe Camarão (PT), mas não admite sequer pensar em brigar com o governador Carlos Brandão, com quem, seguindo a linha das lideranças nacionais, a começar pelo presidente Lula da Silva, mantém boa relação com o chefe do executivo. O presidente do partido, Francimar Melo, tem reiterado apoio ao governador Carlos Brandão.

O PCdoB, que tem mais força no estado, mesmo estando perdendo gás, defende decididamente a pré-candidatura do vice-governador Felipe Camarão, apostando alto na saída do governador Carlos Brandão para disputar o Senado. O PCdoB trilha hoje sobre uma linha tênue entre se manter alinhado ao governador Carlos Brandão e partir para a oposição, que já faz na Assembleia Legislativa. O presidente do partido, deputado federal Márcio Jerry, vem fazendo malabarismo para evitar o rompimento efetivo.

O PV, por sua vez, está totalmente alinhado ao governador Carlos Brandão, não admitindo a possibilidade de mudar de posição. Sob o comando do ex-deputado Adriano Sarney, que preside a MOB, defende aberta e enfaticamente que o partido deve seguir o posicionamento do governador Carlos Brandão. Se ele sair para o Senado e formar dobradinha com o vice-governador Felipe Camarão, o PV estará junto, o mesmo acontecendo se o governador decidir ficar no cargo e lançar um candidato à sucessão, seja ele Orleans Brandão ou não.

Dificilmente os três partidos se juntarão numa posição comum na corrida sucessória no Maranhão.

Eliziane defende mudança no tempo dos mandatos propondo seis anos para presidente, sem reeleição

Eliziane Gama quer mandato de seis anos e fim da reeleição para presidente

A senadora Eliziane Gama engrossou as fileiras de congressistas que empunharam a bandeira de mudanças nos mandatos executivos e legislativos em vigor no Brasil, incluindo no pacote o ponto central da discussão: o fim da reeleição para presidente, governador e prefeito, que passariam a ter mandato de seis anos, sem direito de renovação consecutiva.

Para a senadora maranhense, o ideal seria que, além dos mandatos de seis anos para cargos executivos, as mudanças definissem mandatos de seis anos também para senador e de três anos para deputado estadual e deputado federal. Nesse modelo, presidente, governadores, prefeitos e parte do Senado seriam eleitos de seis em seis anos.

Com isso, o País realizaria eleições de três em três nos, e não de dois em dois como é agora. E na visão da senadora, o novo modelo, além de oxigenar mais intensamente o universo político, aliviaria gastos com eleições.

O tema está ganhando corpo no Congresso nacional, já havendo várias iniciativas nessa direção, com o aval de lideranças nas duas Casas do Legislativo federal.

São Luís, 23 de maio de 2025.

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