É verdade nua e crua que muitas doses de incerteza estão por ganhar definição no campo político nacional nos próximos quatro anos, a começar pela enorme e incômoda incógnita que já se instala em Brasília para dar as cartas no Brasil a partir de janeiro do ano que vem. E é igualmente verdadeiro que dentro desse contexto as principais figuras políticas do País já se mexem de olho na sucessão presidencial de 2022, em movimentos que se repetem nos estados, onde forças já tentam definir rumos com foco naquelas eleições. No Maranhão, a sucessão estadual já é assunto obrigatório em todas as rodas de conversa política, a partir de um dado decisivo: o governador Flávio Dino (PCdoB), hoje a liderança central da política maranhense, não será candidato ao Governo do Estado, podendo disputar a vaga de senador a ser aberta ou alçar voo mais alto, no plano nacional. E é nesse contexto que já se movimentam quadros que formam um grupo do qual certamente sairão o candidato governista e os candidatos oposicionistas ao Palácio dos Leões.
Um dos principais nomes da lista de prováveis candidatos a governador, o deputado federal e senador eleito Weverton Rocha (PDT), disse ao experiente jornalista Raimundo Borges, em entrevista publicada em O Imparcial (18/11): “Tenho sempre dito que não faço nenhum projeto pessoal, individual. O projeto majoritário é do grupo. Estou preparado para todos os projetos que o grupo definir. Hoje o grupo tem um comandante, que é Flávio Dino. Vamos aguardar. É cedo para discutir isso”. Ou seja, Weverton Rocha é pré-candidato, avisa que está “pronto” e, surfando num mandato senatorial de oito anos, aguarda o momento certo para colocar as cartas na mesa.
Weverton Rocha não está sozinho na banda dinista do tabuleiro sucessório, e que não será ungido pura e simplesmente. Nesse campo está, por exemplo, o deputado federal reeleito Rubens Pereira Jr. (PCdoB), um dos mais fiéis, ativos e destacados membros do “núcleo de ferro” do governador. Fala-se muito do deputado federal eleito Márcio Jerry (PCdoB), reconhecido como o principal estrategista e operador político do grupo dinista e que saiu dos bastidores para virar protagonista ao receber 134 mil votos para a Câmara Federal; e ainda do deputado estadual e federal eleito Bira do Pindaré (PSB), militante de primeira hora. Nesse grupo pontifica com destaque o prefeito de São Luís Edivaldo Holanda Jr. (PDT), gestor experiente e político respeitado e que tem um longo curso pela frente; assim como o presidente reeleito da Assembleia Legislativa, deputado reeleito Othelino Neto (PCdoB), que ganhou musculatura nas urnas, e da deputada federal e senadora eleita Eliziane Gama (PPS). E, por fim, o vice-governador Carlos Brandão (PRB), que sucederá o governador Flávio Dino. Há também os “sem mandato”, mas com prestígio suficiente para serem considerados no grupo dinista, caso de Felipe Camarão (DEM), secretário de Educação, por exemplo.
Na seara de aliados do governador Flávio Dino alguns nomes se movimentam de olho no Palácio dos Leões. O mais ousado e estruturado é o deputado estadual e federal eleito Josimar Maranhãozinho (PR), campeão de votos para a Assembleia Legislativa em 2014 e para a Câmara Federal em 2018, e que não esconde o objetivo de se candidatar a governador. Há projetos remotos em andamento, alinhavados cuidadosamente, como os dos deputados federais reeleitos Juscelino Resende (DEM) e André Fufuca (PP), dois casos bem sucedidos da nova geração.
No campo oposicionista ainda se fala na ex-governadora Roseana Sarney (MDB), mas poucos acreditam que ela se desaposente mais uma vez para encarar as urnas. Inclui também a ex-deputada Maura Jorge (PSL), se ela conseguir entrar na onda bolsonarista, como pretende. Dizem nos bastidores que o prefeito de Santa Rita, Hilton Gonçalo, estaria inclinado a disputar o Governo em 2022. Nesse campo, o projeto de poder mais consistente e bem concebido até agora é o do deputado estadual e federal eleito Eduardo Braide (PMN), que no momento mira a Prefeitura de São Luís, mas não esconde que seu objetivo maior é se tornar inquilino do Palácio dos Leões, se possível em 2022, num movimento arrojado, e provavelmente como braço do bolsonarismo.
O dado importante desse rascunho primário de uma lista de possíveis candidatos a governador é que ele não é formal nem é fruto de posicionamentos declarados. Os nomes, no entanto, são os que no momento fazem diferença no cenário estadual e por isso encontram-se, cada um a seu modo, credenciados para entrar na briga.
PONTO & CONTRAPONTO
José Sarney deu aval ao convite de Ibaneis Rocha a Sarney Filho para ser secretário no DF
A escolha do deputado federal Sarney Filho (PV) para a Secretaria de Meio Ambiente do Distrito Federal teve o suporte do ex-presidente José Sarney (MDB). A ação do paizão foi registrada pela coluna política do jornal O Estado de S. Paulo, em nota sob o título “Bênção”, e cujo teor é o seguinte: “Antes de convidar Sarney Filho para secretário de Meio Ambiente do DF, o governador eleito, Ibaneis Rocha, ouviu o ex-presidente José Sarney”. Explicação: Ibaneis Rocha é do MDB, cria do grupo do ex-governdor emedebista Joaquim Roriz, este por sua vez foi cria de José Sarney, a quem era muito ligado. Sarney Filho jamais seria convidado para o cargo como indicação do PV, que fez parte da coligação do governador Rodrigo Rollemberg (PSB), fazendo oposição pesada à candidatura de Ibaneis Rocha. Tanto que o anúncio da escolha desencadeou uma reação de revolta dentro do PV candango, que em nota criticou duramente Sarney Filho por ter aceitado o convite e pediu à Executiva nacional da agremiação verde, à qual o ex-ministro pertence, que “tome providências enérgicas” contra ele. Como nada tem a perder a essas alturas do campeonato, Sarney Filho não está nem aí para a reação do PV, postura que demonstrou durante a campanha eleitoral, na qual ignorou solenemente a candidatura presidencial de Marina Silva (Rede), que teve o PV como principal aliado, representado na chapa com o candidato a vice, ex-deputado federal paulista Eduardo Jorge, que foi candidato a presidente da República em 2014. Não será surpresa se Sarney Filho desembarcar do PV, ingressar no MDB e vier a disputar uma vaga na Câmara Federal por Brasília, onde o ex-presidente ainda tem forte influência sobre os candangos emedebistas.
Assediado pelo PSL, Eduardo Braide examina o cenário para decidir seu futuro partidário
Não é fácil a situação do deputado estadual e federal eleito Eduardo Braide, por mais confortável esteja sobre o colchão de quase 190 mil votos que recebeu nas urnas em Outubro. O parlamentar terá de resolver a sua situação partidária, já que o PMN não tem qualquer futuro como agremiação partidária. Braide terá de migrar para uma legenda mais sólida, que lhe dê suporte para concretizar os projetos que já desenhou, sendo o primeiro deles disputar a Prefeitura de São Luís em 2020 e, na sequência, e se for mesmo o caso, o Governo do Estado em 2022. O parlamentar, que representa uma fatia esclarecida e democrática da direita, está sendo assediado pelo PSL, partido que saiu do quase anonimato para se transformar numa força difusa e furta-cor na onda liderada pelo presidente eleito Jair Bolsonaro. Político jovem, mas que tem os pés no chão, Eduardo Braide está examinando cuidadosamente o convite, feito também ao deputado federal eleito Pastor Gildenemyr (PMN). Braide sabe que corre o risco de ser tragado e desaparecer na Câmara Federal como um governista a mais. Há outras opções, como se filiar ao MDB ou PSDB, partidos de centro que estão precisando de lideranças novas e que lhe darão espaço para uma atuação parlamentar independente e consistente. Tem muito tempo para refletir e encontrar o melhor caminho.
São Luís, 20 de Janeiro de 2018.
Esse pessoal é bem rápido, logo que terminou essas eleições já estão pensando nas proximas
Muito cedo ainda, primeiro ainda tem a briga pela prefeitura