A reta final da corrida às urnas começa hoje com um cenário em que favoritos são apontados para a Assembleia Legislativa, para a Câmara Federal, para o Senado, para o Governo do Estado e para presidente da República. A indefinição que persiste é a seguinte: no caso de haver segundo turno na disputa para o Palácio dos Leões – o que começa a parecer improvável -, quem será o adversário do governador Carlos Brandão (PSB)? Não há dúvida de que está em curso uma disputa renhida entre o senador Weverton Rocha, candidato do PDT, e o ex-prefeito de São Pedro dos Crentes, Lahesio Bonfim, postulante do PSC, havendo quem inclua na lista o ex-prefeito de São Luís, Edivaldo Holanda Jr., candidato do PSD, cujo percentual de intenção de votos, que era de dois dígitos, nas últimas pesquisas voltou ao patamar de um só dígito.
Separado do segundo colocado por uma vantagem superior a duas dezenas de pontos percentuais, o governador Carlos Brandão, que busca a reeleição, vem reforçando sua musculatura política e eleitoral a cada dia, levando as avaliações a concluírem que ele pode vencer já no primeiro turno, e que, se isso não acontecer, será confirmado no segundo turno. Além de ampla, a vantagem do governador é sólida, não havendo até aqui qualquer indício de que ela possa ser revertida pelos seus concorrentes nos próximos seis dias. Ao mesmo tempo, as posições de Weverton Rocha e de Lahesio Bonfim são frágeis, à medida que eles pararam de se movimentar nas pesquisas, como se tivessem chegado aos seus tetos. Essa situação favorece fortemente o governador Carlos Brandão, que dispõe de argumento convincente para pedir voto útil e fechar a disputa em turno único.
Nesse cenário, confirmado ontem pela pesquisa do instituto Escutec, a grande disputa nessa seara está se dando e será intensificada na reta de chegada entre Weverton Rocha e Lahesio Bonfim. A primeira impressão de quem observa com atenção essa medição de força é a de que Weverton Rocha leva uma vantagem visível sobre Lahesio Bonfim. Mas com uma fragilidade: em duas dezenas de pesquisas feitas ao longo do ano, o pedetista está amarrado nesse patamar, com variação de uns poucos pontos, quase que tornando impossível uma reação a essa altura da corrida. Lahesio Bonfim, por sua vez, teve crescimento compassado, mas firme, só que ele também parece ter chegado no seu limite, como mostram os levantamentos mais recentes. Entre os dois está o fator “margem de erro” das pesquisas, que impede qualquer afirmação a respeito de quem será o adversário do governador Carlos Brandão numa eventual segunda rodada.
Nos últimos dias, o senador Weverton Rocha sentiu o chão fofar sob seus pés, com a perda de prefeitos que lhe haviam declarado apoio, com suas carreatas ganhando ares mais modestos, bem como suas caminhadas e comícios. Ao mesmo tempo, a movimentação – caminhadas, comícios e passeatas – do governador Carlos Brandão ganhou volume e densidade em todas as regiões do estado. É o caso de Imperatriz, segundo maior colégio eleitoral do Maranhão, onde o senador pedetista tem um exército de apoiadores, mas esse número já não é tão grande, havendo quem diga que Carlos Brandão já o alcançou. No caso de São Luís, onde o PDT tem uma militância ativa e o senador conta com o apoio declarado do prefeito Eduardo Braide (sem partido), o governador Carlos Brandão lidera, seguido do ex-prefeito Edivaldo Holanda Jr., que parece fora da briga, mas conserva um bom cacife na Capital.
Os próximos dias serão de corrida intensa para o candidato favorito e de tensão para os que veem suas chances lhes escapar pelas mãos. Isso porque, independentemente do resultado final da eleição, se Weverton Rocha for ultrapassado e ficar em terceiro lugar, sua carreira será seriamente prejudicada, tornando incerta sua reeleição para o Senado em 2026. Já Lahesio Bonfim, seja segundo ou permaneça em terceiro, sairá do processo com um capital político e eleitoral respeitável, autorizado, por exemplo, a voltar à prefeitura de São Pedro dos Crentes daqui a dois anos. Os demais sairão do jeito que entraram, exceção feita a Simplício Araújo, que deverá sair um pouco menor do que entrou.
PONTO & CONTRAPONTO
Brandão está a três pontos de vencer no primeiro turno, diz Escutec
A guerra já em curso e que será intensificada nesta semana entre o senador Weverton Rocha (PDT) e o ex-prefeito de São Pedro dos Crentes, Lahesio Bonfim (PSD) foi confirmada pela pesquisa Escutec, divulgada neste domingo. De acordo com o levantamento, o governador Carlos Brandão (PSB) tem 44% das intenções de voto, contra 21% de Weverton Rocha e 19% de Lahesio Bonfim. Na quarta posição aparece o ex-prefeito de São Luís, Edivaldo Holanda Jr. (PSD), com 9%, enquanto os demais candidatos – Simplício Araújo (SD), Joás Moraes (DC), Enilton Rodrigues (PSOL), Hertz Dias (PSTU) e Frankle Costa (PCB) somaram 2%. Outro detalhe importante: brancos, nulos e indecisos sobem apenas 5%, o que indica que esse cenário pode sofrer poucas alterações na final da corrida.
Transformados em votos válidos, Carlos Brandão chega a 47%, faltando apenas três pontos percentuais para liquidar a fatura no primeiro turno. E pela intensidade da campanha na reta final, é perfeitamente possível ao governador conseguir esses três pontos percentuais e evitar uma segunda rodada. Nos votos válidos, Weverton Rocha chega a 22% e Lahesio Bonfim a 20%. Os números mostram que o maior obstáculo de Carlos Brandão está nos 9% do ex-prefeito Edivaldo Holanda Jr..
Em Tempo: Registrado na Justiça Eleitoral sob o protocolo MA 4989/2022, a pesquisa ouviu 2 mil eleitores no período de 19 a 25 de setembro em 70 município, tem grau de confiabilidade de 95% e margem de erro de 2,19% para mais ou para menos.
Uma pergunta não quer calar: qual é, de fato, a posição do senador Roberto Rocha na corrida presidencial?
Não é segredo que o senador, que concorre à reeleição pelo PTB, depois de haver tentado comandar o PL no Maranhão, tem uma relação política e ideológica estreita com o presidente Jair Bolsonaro, sendo por muitos apontados como o principal agente do bolsonarismo no estado. Roberto Rocha foi colocado numa saia justa quando o presidente do seu partido, o ex-deputado federal Roberto Jefferson, condenado por corrupção, decidiu disputar a presidência da República para atuar como linha auxiliar da candidatura do presidente Jair Bolsonaro. Só que, por ser ficha suja, Roberto Jefferson teve o registro da sua candidatura negado pela Justiça Eleitoral.
Fora da disputa, Roberto Jefferson deu a vaga de candidato a presidente pelo PTB a Kelmon da Silva, um padre ortodoxo de extrema direita e integrante da turma que dá suporte ao presidente Jair Bolsonaro. Padre Kelmon assumiu com determinação espantosa a condição de linha auxiliar do presidente Jair Bolsonaro. Isso ficou claramente demonstrado no debate de sábado (24) na CNN, quando o candidato do PTB, em vez de apresentar propostas e pedir votos, atuou enfaticamente como para-choque do presidente e atacando os demais candidatos, principalmente as candidatas Simone Tebet (MDB) e Soraya Thronike (UB).
O senador Roberto Rocha não fez qualquer declaração sobre a candidatura de Roberto Jefferson, enquanto ele foi candidato. Da mesma maneira, mantém até aqui silêncio ostensivo em relação a Padre Kelmon.
São Luís, 25 de Setembro de 2022.