Se confirmada, a revelação feita pelo presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), de que o senador Roberto Rocha (ainda no PSDB) teria lhe confidenciado que não será candidato a governador, tem o poder de causar forte alteração e tornar mais intensa a corrida ao Palácio dos Leões. Essa informação – não negada pelo senador, que ouviu a “inconfidência” do presidente do Senado esboçando um sorrido de concordância -, enxuga o quadro de pré-candidatos e pode promover algumas mudanças no ranking da corrida, na qual Roberto Rocha, mesmo sem se declarar pré-candidato, vinha disputando a terceira colocação com o ex-prefeito Edivaldo Holanda Jr. (PSD), na zona dos 10% das intenções de voto. Agora, a primeira pergunta a ser feita é para onde irão os eleitores que manifestaram a intenção de votar no senador. E a segunda indagação é sobre qual mandato ele disputará em outubro. A lógica que move a política sugere que seu caminho natural será tentar a reeleição ao Senado, ou, numa hipótese que quase ninguém leva em conta, uma cadeira na Câmara Federal.
Roberto Rocha não fez qualquer comentário a respeito da declaração do presidente do Senado, dada uma entrevista concedida quinta-feira em Imperatriz, onde foi a convite do senador Weverton Rocha (PDT). Mas seus movimentos já vinham sinalizando incertezas quanto ao seu futuro eleitoral, a começar pelo fato de que vinha encontrando dificuldades para ingressar no PL, partido ao qual se filiou o presidente Jair Bolsonaro, mas controlado no Maranhão com mão de ferro pelo deputado federal Josimar de Maranhãozinho, ele próprio autoproclamado pré-candidato irreversível ao Governo do Estado.
Numa entrevista ao jornalista Manoel dos Santo Neto, publicada na edição de domingo (20) do Jornal Pequeno, ao ser provocado sobre o assunto, o senador respondeu: “Eu venho afirmando, há meses que serei candidato a um cargo majoritário. Da minha preferência, à reeleição ao Senado”. Se aceitou como verdadeira a revelação da sua confidência de que não será candidato a governador, só existem quatro cargos majoritários possíveis: presidente da República, vice-presidente, senador e vice-governador. E levando-se em conta o fato de que dificilmente será candidato a presidente ou a vice, restam duas possibilidades: senador ou vice-governador.
A candidatura à reeleição para o Senado é um desafio e tanto, a começar pelo fato mais importante de que seu principal adversário será ninguém menos que o governador Flávio Dino (PSD), por quem foi apoiado na sua eleição em 2014, mas com quem rompeu em seguida, tendo se afastado do centro-esquerda para se juntar à direita radical e se tornar aliado de proa do presidente Jair Bolsonaro. O tamanho do desafio está nos números de todas as pesquisas feitas até agora sobre a disputa para o Senado no Maranhão, nas quais via de regra o governador Flávio Dino tem aparecido com o dobro das intenções de votos, protagonizando um favoritismo difícil de ser revertido.
A possibilidade de vir a ser candidato a vice-governador é muito remota, a começar pelo fato de que ser o segundo de uma chapa majoritária em nada lembra o perfil do senador Roberto Rocha, um político cujos movimentos são sempre no sentido de ser o protagonista do espaço político que ocupa.
Com a não participação do senador Roberto Rocha, conforme a revelação feita pelo senador Rodrigo Pacheco em Imperatriz, como já foi dito, deve mudar o desenho da corrida ao Governo a partir de agora. Essa mudança pode favorecer o ex-prefeito Edivaldo Jr., mas pode também turbinar as pré-candidaturas de Lahesio Bonfim (Agir36) ou a de Josimar de Maranhãozinho. Por outro lado, levando em conta a imprevisibilidade da política, parte expressiva das intenções de voto de Roberto Rocha podem migrar para a ponta, e vir a favorecer o senador Weverton Rocha (PDT) ou o vice-governador Carlos Brandão.
A próxima pesquisa deverá responder.
PONTO & CONTRAPONTO
Cassação de liminar abre espaço para negociação na Assembleia
Uma liminar da desembargadora Nelma Sarney cassando liminar dela própria resolveu, pelo menos no campo judicial, o ensaio de crise que tomou de conta dos bastidores da Comissão de Constituição e Justiça da Assembleia Legislativa. A demanda judicial partiu da base governista, que tem larga maioria na Casa, e não aceitou que o PDT tivesse o controle da CCJ por meio do presidente e do vice-presidente, deputado Ricardo Rios. A desembargadora concedeu liminar desmanchando a eleição, mas logo em seguida foi alertada de que sua decisão seria uma intromissão indevida nos assuntos internos de outro Poder, o que a fez escrever outra liminar cassando a primeira e devolvendo o que o presidente do Poder Legislativo, deputado Othelino Neto (PCdoB migrando para o PDT), avaliou como uma correção de rumo. O mal-estar continua, um pouco mais ameno, entre a maioria governista e a Mesa da Assembleia Legislativa. Só que agora num outro clima, com amplo espaço para o que há de mais eficiente em casos como esse, a negociação, que é a razão de ser da política e do parlamento.
Aconteceu o que tinha de acontecer: ônibus mais caro
As passagens de ônibus de São Luís foram majoradas em R$ 0,20, a partir de amanhã. O valor das linhas não integradas – que não fazem o circuito dos terminais – custarão R$ 3,40 e as integradas passarão a custar R$ 3,90.
Foi esse o desfecho dos movimentos grevistas de motoristas e cobradores que, como sempre acontece, via de regra apoiados pelas empresas, a cada ano, não havendo um único ano em que a confusão tenha sido resolvida sem que a conta fosse bancada pelo usuário.
Já está comprovado que não adianta o prefeito, seja ele quem for, bater pé afirmando que não autorizará aumento nas tarifas, nem fazer aperto de caixa para subsidiar o serviço por algum tempo. O fato é que, cedo ou tarde, os paliativos fiscais se esgotam e a conta tem de ser mandada para o usuário.
A maneira mais correta de compensar os mais de 600 mil ludovicenses que usam a frota e pagam caro pelo uso, seria a Prefeitura assegurar o cumprimento da regra segundo a qual as empresas são obrigadas a prestar um serviço de qualidade, com ônibus novos, confortáveis e pontuais.
É esse o desafio do prefeito Eduardo Braide (Podemos), que saiu das urnas autorizado a fazer as mudanças necessárias nessa área essencial, doa em quem doer.
São Luís, 26 de Fevereiro de 2022.