Ao mesmo tempo em que resultou em fracasso retumbante a tentativa do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) de dar ao pleito tocantino um caráter nacional, a eleição para a Prefeitura de Imperatriz, que será decidida em 2º turno entre o deputado estadual Rildo Amaral (PP), que tem 55,5% das intenções de voto, segundo pesquisa do instituto Econométrica, divulgada ontem, e a suplente de deputado federal Mariana Carvalho (Republicanos), que aparece com 37,2%, caminha para a eleição do parlamentar. Essa tendência, nítida, é reforçada, segundo a Econométrica, com o fato de que 61,4% acreditam na vitória de Rildo Amaral e só 28,1% apostam na eleição de Mariana Carvalho.
O pleito na Princesa do Tocantins ganhou a dimensão de uma disputa de grande importância na seara estadual, isso porque, além de ser a segunda maior e mais importante cidade do Maranhão, conta com quase 275 mil habitantes, entre os quais mais de 200 mil eleitores, motivados por um PIB de R$ 7,5 bilhões/ano. E, no caso, reúne, além da sombra do ex-presidente, a presença forte do governador Carlos Brandão (PSB), do ministro do Esporte André Fufuca (PP), do ex-prefeito Sebastião Madeira (PSDB), e agora a entrada do prefeito reeleito de São Luís, Eduardo Braide (PSD), que declarou apoio à candidata do Republicanos, além, claro, do deputado federal Josivaldo JP (PSD), que apoia Rildo Amaral, outros deputados federais e estaduais com ligação com a antiga Vila do Frei.
Observada pelo viés político, a eleição para o comando de Imperatriz leva a duas conclusões muito claras e com muitos desdobramentos imediatos e futuros. Se Rildo Amaral sair vencedor como aponta a pesquisa Econométrica, o governador Carlos Brandão ampliará ainda mais o lastro da base política que lhe deu a posição de grande vencedor do pleito municipal, com poder de fogo para decidir os destinos da aliança em 2026. No mesmo patamar, a eleição do candidato do PP reforçará o cacife do ministro do Esporte André Fufuca na corrida por uma das vagas no Senado em 2026, ou, se preferir, renovar o seu mandado na Câmara Federal.
Sob o comando de Rildo Amaral, Imperatriz deixará de ser apenas um grande importante município com um prefeito politicamente sem prestígio, como é o caso do atual, Assis Ramos, para se tornar um grande centro de efervescência política. Nas disputas eleitorais estará também o deputado federal Josivaldo JP (PSD), que foi o terceiro colocado e declarou apoio a Rildo Amaral.
Se o eleito for Mariana Carvalho, o político com maior poder de fogo na sua gestão será o deputado federal Aluísio Mendes (Republicanos), o seu padrinho partidário e principal articulador. Sob um eventual governo da candidata do Republicanos, Imperatriz certamente passará a ser um empório bolsonarista, com influência direta do ex-presidente, que lá esteve no 1º turno para lhe declarar apoio, e só não voltou no 2º turno por conta de problemas que ele próprio criou com suas declarações destemperadas, agressivas e inúteis contra o deputado Josimar de Maranhãozinho (PL) e, indiretamente, o povo maranhense. Esse time ganha corpo agora com a tomada de posição do prefeito Eduardo Braide.
Rildo Amaral e Mariana Carvalho sabem o alcance e os limites do prefeito de Imperatriz. Se for ele o prefeito eleito, assumirá com a faca na mão e o queijo ao seu alcance, podendo colocar a cidade nos trilhos com o apoio do governador Carlos Brandão, do ministro André Fufuca e do presidente Lula da Silva (PT), cujo principal porta-voz no estado, o vice-governador Felipe Camarão (PT), já lhe declarou apoio incondicional. No caso da eleição de Mariana Carvalho, o seu acesso aos recursos do Estado e da União será bem mais complicado, exatamente pelo fato de ter mantido até aqui um discurso de hostilidade tanto em relação ao Palácio dos Leões quanto ao Palácio do Planalto. Terá de recorrer a outras fontes para deslanchar.
Tudo isso no mesmo tabuleiro confirma o forte viés político da sucessão em Imperatriz. Esse ambiente ganhou tintas mais fortes na noite de sábado, quando, ao participar de um comício de Rildo Amaral, o governador Carlos Brandão, colinense ranheta que reside em São Luís, manifestou vontade de morar em Imperatriz.
Em Tempo: A pesquisa Econométrica ouviu 950 eleitores entre os dias 15 e 17 de outubro, tem margem de erro de 3,2 pontos percentuais para mais ou para menos, intervalo de confiança de 95% e está registrada na Justiça Eleitoral sob o protocolo MA-06223/2024.
PONTO & CONTRAPONTO
Roberto Costa caminha para se tornar presidente da Famem
O deputado Roberto Costa (MDB), que saiu das urnas de Bacabal com estatura política reforçada, caminha para uma segunda conquista política de peso: a presidência da Federação dos Municípios do Maranhão (Famem). Vários prefeitos que haviam se lançado candidatos, como Miltinho Aragão (PSB), de São Mateus, por exemplo, abriram mão do projeto para lhe declarar apoio, ao mesmo tempo em que outros, como Dulcilene Belezinha (PL), de Chapadinha, e André da Ralpnet (Podemos), de Pinheiro, se lançaram e não há notícia de que retiraram suas candidaturas, deixando no ar a hipótese de que haverá disputa na eleição a ser realizada em janeiro.
Roberto Costa começa sua caminhada em direção à presidência da Famem com o aval do governador Carlos Brandão (PSB) e da presidente da Assembleia Legislativa, Iracema Vale (PSB) e com declarações de apoio também do deputado Rafael Brito (PSB), prefeito eleito de Timon, o que lhe dá gás suficiente para seguir em frente, inclusive com a possibilidade de um grande acordo pelo qual possa se tornar candidato único e ser eleito por aclamação.
A Famem, que congrega mais de 200 dos 217 municípios maranhenses, tem por razão de ser assistir aos prefeitos em diversos aspectos, como orientação sobre equilíbrio fiscal, suporte jurídico em caso, acompanhamento de pleitos de prefeituras nas searas estatual e federal, assistência a municípios em caso de tragédias naturais problemas de saúde – como enchentes e epidemias, por exemplo -, além da defesa dos interesses municipais na Confederação dos Municípios do Brasil. Essa natureza corporativa vem dando à entidade importância maior a cada ano. E mais do que isso, tem dado à Famem peso político que só aumenta a cada mandato.
Político integral, com a consciência de que a política só prevalece se a sociedade for contemplada, o deputado e futuro prefeito Roberto Costa, se eleito for, naturalmente comandará a entidade com esses dois vieses: dando prioridade ao viés corporativo, reforçando a defesa dos interesses municipais, mas também de olho dos reflexos políticos dessa atuação.
Forjado no movimento estudantil e na militância diuturna nas fileiras do MDB, e aprendendo com a experiência do ex-governador João Alberto e do ex-presidente José Sarney, o prefeito eleito tem tudo para se eleger presidente e dar à Famem o impulso que ela está precisando.
Maranhãozinho não quer briga com Bolsonaro nem teme expulsão do PL
O deputado federal Josimar de Maranhãozinho tem dito que não pretende alimentar a polêmica com o ex-presidente Jair Bolsonaro, que quer expulsá-lo do PL, atacando-o com adjetivos violentos.
O motivo principal da investida de Jair Bolsonaro nada tem a ver com as acusações de corrupção feitas ao chefe maior do PL no Maranhão, que já haviam ocorrido quando ele era Presidente da República e sempre recebia Josimar de Maranhãozinho e seu grupo de braços abetos e sorriso largo no Palácio do Planalto.
A chateação, que está virando ódio, se deve ao fato de Josimar de Maranhãozinho, Detinha, Pastor Gildenemir e Júnior Lourenço não terem embarcado na campanha do ex-presidente para arrastar o PL e as forças conservadoras do Congresso Nacional a apoiar o pedido de impeachment do ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal.
Segundo uma fonte próxima do chefe estadual do PL, Josimar de Maranhãozinho não vê sentido no pedido de impeachment de Alexandre de Moraes, e não vai embarcar na marola que Jair Bolsonaro e a turma da direita radical, que, na avaliação de deputados e senadores, vai morrer no protocolo do Senado Federal.
Quanto à permanência no PL, Josimar de Maranhãozinho tem a seu favor um histórico de mais de duas décadas de vitórias maiúscula, que começou no antigo PR e deu ao PL uma dimensão estadual que ele dificilmente teria com outro político.
Mas se quiserem expulsá-lo, tudo bem, mas sabendo que sua saída significará que o PL correrá o risco de desaparecer no Maranhão, assuma quem vier a assumir a sua direção no estado.
São Luís, 20 de Outubro de 2024.