Uma carta de 17 linhas datilografadas dirigida aos “Amigos e Amigas do Maranhão”, assinada pelo ex-presidente Lula da Silva (PT) e lida ontem pelo governador Flávio Dino durante um comício da coligação “Todos pelo Maranhão” no aprazível município de Paulino Neto, colocou ponto final no bate-rebate sobre quem o líder petista apoia na corrida ao Governo do Maranhão. Na carta, o ex-presidente Lula declara, direta e enfaticamente, seu apoio ao projeto de reeleição do governador Flávio Dino (PCdoB), confirmando o que dissera no ato em que encerrou, no ano passado, em frente ao Palácio dos Leões, a movimentada Caravana pelo Nordeste, uma espécie de pré-campanha à presidência da República. A entrada da Carta de Lula na campanha do governador maranhense acontece exatamente no momento em que a propaganda da candidata da coligação “Maranhão quer Mais”, Roseana Sarney (MDB), tenta afastar Flávio Dino do ex-presidente e vinculá-lo ao senador mineiro Aécio Neves (PSDB), exibindo um vídeo que registra a passagem do tucano pelo Maranhão em campanha para o Palácio do Planalto em 2014, anos antes de ser o zumbi político em que foi transformado pela Operação Lava Jato. Trata-se de mais um “round” da campanha eletrônica, que promete mais bombas até sexta-feira da semana que vem.
O vídeo, de 2014, por meio do qual os estrategistas da campanha da ex-governadora Roseana Sarney tentam “queimar” o governador Flávio Dino, não tem pólvora suficiente para tanto. Nele, o então candidato a governador sem o apoio de Lula, que apoiava Lobão Filho por conta do acordo nacional PMDB/PT, recebe o presidenciável Aécio Neves, líder maior do PSDB, que estava coligado com o PCdoB tendo o então deputado federal Carlos Brandão, seu presidente regional, como candidato a vice-governador na chapa dinista. Flávio Dino e Aécio Neves trocam elogios, e nada aconteceu depois disso, além do líder comunista se eleger, já que Aécio Neves foi derrotado pela presidente Dilma Rousseff. Passadas as eleições daquele ano, PSDB e PCdoB conviveram no Maranhão por conta do esforço do vice-governador Carlos Brandão, mas romperam depois das eleições municipais, quando os tucanos lideraram o movimento que resultou no impeachment da presidente Dilma Rousseff. Ou seja, Flávio Dino e Aécio Neves, que sempre estiveram em trincheiras partidárias e ideológicas opostas, se toleraram enquanto foi possível. Portanto, o vídeo não contém uma gota de nitroglicerina política.
O cenário de hoje é totalmente diferente do de 2014. Naquele ano, o ex-presidente Lula fez campanha aberta a favor do candidato do PMDB ao Governo do Estado, Lobão Filho, fazendo parceria com Roseana Sarney, então à frente do Governo do Estado. Sem o apoio do PT, Flávio Dino deixou em aberto a corrida presidencial, mantendo duas janelas abertas, uma para os descontentes do PT, que foram muitos, e outra para outras opções de apoio partidário. Vendo a janela do grupo dinista aberta, Aécio Neves, então candidato a presidente, entrou de cabeça, esperando obter uns votinhos no Maranhão, onde o eleitorado estava quase que integralmente alinhado à candidatura de Dilma Rousseff. Deu com os burros n’ água. E o distanciamento foi aumentando até que o comando tucano tomou o partido do vice Carlos Brandão para entregá-lo ao senador Roberto Rocha.
A Carta de Lula a Flávio Dino é uma pancada na estratégia imaginada pelos marqueteiros de Roseana Sarney de vinculá-lo ao senador mineiro. Nela, o líder petista foca dois pontos. O primeiro é o reconhecimento de que Flávio Dino faz “um Governo sério, com trabalho firme em favor dos mais pobres e das causas sociais”. O outro assinala que governador do maranhão “também tem demonstrado muita coragem para defender a democracia, lutando contra a violência de que eu tenho sido vítima”. Com relação ao Governo, o ex-presidente Lula diz o que têm dito diferentes avaliações. No que respeito à sua coragem política, o líder petista só reforça o registro sobre o papel destacado que Flávio Dino vem desempenhando no esforço de combater abusos na Operação Lava Jato, o que para ele está caracterizado no caso do processo, condenação e prisão do ex-presidente. Não é sem razão, portanto, que Lula encerra a carta assim: “Por isso, me dirijo carinhosamente a vocês pedindo todo o apoio possível para que o companheiro Flávio Dino continue governando o Maranhão e ajudando o nosso país a ser mais justo”.
A Coluna mantém a impressão de que os marqueteiros da ex-governadora Roseana Sarney estão perdidos no espaço.
PONTO & CONTRAPONTO
Sarney Filho reage a suspeita e mostra que sua ficha é limpa
O deputado federal e candidato a senador Sarney Filho (PV) não tem mancha na sua ficha de gestor público. A possibilidade foi levantada em matéria publicada no Jornal Pequeno. O parlamentar, por meio da sua assessoria, demonstrou cabalmente que sua condição de réu numa ação popular que questionou uma licitação – na forma de pregão – no valor de R$ 78 milhões feita no Ministério do Meio Ambiente durante sua última gestão, vai deixar de existir com o arquivamento do processo, já que o processo de concorrência foi arquivado. Sarney Filho tem dito, de maneira enfática, na sua campanha na TV e no Rádio, que é “ficha limpíssima”, aguçando com isso, os sentidos de adversários, que resolveram passar a declaração a limpo. Encontraram a tal licitação suspeita, que gerou uma ação popular de contestação e um processo no qual o ministro aparece como réu. Na sua publicação, o Jornal Pequeno relata as explicações do ex-ministro e candidato a senador sobre o assunto. A assessoria de Sarney Filho encaminhou ao jornal um relatório detalhado mostrando que o processo praticamente não existe e que será arquivado por falta de objeto. Nesse contexto, Sarney Filho deixará de ser réu. Vale lembrar que a condição de réu não mancha a ficha de um gestor, pois a condição de ficha suja existe se o réu for condenado em qualquer instância da Justiça e receba como pena a perda dos direitos políticos por oito anos, entre outras punições, como cadeia, por exemplo. O ex-ministro do Meio Ambiente segue na corrida ao Senado altamente preocupado. Não com a condição da sua ficha, que está imaculada até aqui, mas com o poder de fogo dos seus adversário na corrida pelo voto.
Wellington do Curso quer marcar mandato como o que menos faltou
O deputado Wellington do Curso (PSDB) está decidido a entrar para os registros da Assembleia Legislativa como o membro da atual legislatura com o menor número de faltas, o que mais discursou e que será um dos mais bem votados em São Luís. Agora mesmo, quando a esmagadora maioria dos deputados está embrenhada nas cidades e nos povoados em busca de votos , o parlamentar neotucano marca presença diariamente no plenário do Palácio Manoel Beckman, ocupando a tribuna quando os presentes instalam sessão. Oposição do Governo Flávio Dino (PCdoB) e do prefeito Edivaldo Hilanda Jr. (PDT), faz sempre pronunciamentos estridentes contra ações governistas. De uns tempos para cá, seus discursos têm sido repetitivos sobre leilão de motos apreendidas por falta de pagamento do IPVA e sobre temas ligados à educação, de tal maneira que os líderes do Governo não lhe dão nenhuma atenção. O deputado é acompanhado o tempo todo por um assessor, que registra em vídeo todos os seus movimentos, discursos, apartes, consultas e pedidos à Mesa Diretora. Esse material é em seguida cuidadosamente editado e jogado nas redes sociais, o que torna o deputado Wellington do Curso o parlamentar com o maior número de seguidores – dizem que são milhares . Nas rodas de conversa entre jornalistas, a impressão geral é a de que ele poderá ter uma votação surpreendente em São Luís, formada por parte dos que nele votaram para prefeito em 2016 e consolidada com suas ações.
São Luís, 27 de Setembro de 2018.