Faltando pouco mais de uma semana para o início do período do calendário eleitoral destinado às convenções partidárias para a definição de candidaturas a prefeito, vice-prefeito e vereador às eleições de outubro, o quadro da disputa está praticamente fechado em sete dos maiores municípios do Maranhão, fora os quatro da Capital. Imperatriz, Caxias, Timon, Balsas, Barra do Corda, Pinheiro e Bacabal, que representam mais de 800 mil habitantes, terão disputas acirradas, alguns com prefeitos se submetendo ao dramático teste da reeleição, enquanto outros terão disputas, que se darão em polarizações que não deixarão espaço para terceiros nomes. E em todos eles o governador Flávio Dino (PCdoB) terá interesse direto, já que seu partido participará, seja com candidato próprio, seja com parte de coligação. A maioria dos seus candidatos têm chances reais de eleição ou reeleição, com as forças oposicionistas visivelmente fragilizadas e com poucas condições políticas de reagir por um enfrentamento mais duro. O cenário do momento naqueles municípios é o seguinte:
Imperatriz – O maior município maranhense, com 250 mil habitantes, está zerado, já que o prefeito Sebastião Madeira (PSDB) encerra o segundo mandato. Ali, as forças governistas apoiarão a candidatura da enfermeira Rosângela Curado (PDT), que enfrentará nas urnas o ex-prefeito Ildon Marques (PSB), que detém forte cacife eleitoral e não é inimigo declarado do governo; o delegado de Polícia Assis Ramos (PMDB), que entrou na briga com postura fortemente oposicionista; e o empresário Ribamar Cunha (PSC), o Ribinha, com o apoio do prefeito Sebastião Madeira, do irmão, deputado estadual Leo Cunha, e muitas vozes da classe empresarial. É visível o favoritismo de Rosângela Curado, como também é evidente o poder de fogo de Ildon Marques. Mas também é forte a tendência de crescimento de Assis Ramos, enquanto Ribinha também tem potencial de crescimento. É meta do Palácio dos Leões eleger Rosângela Curado, que lidera nas pesquisas.
Caxias – Os seus 165 mil habitantes aguardam o embate se dará entre adversários bem definidos. De um lado, o prefeito Leo Coutinho (PSB), que representa a poderosa corrente política liderada pelo deputado Humberto Coutinho (PDT), presidente da Assembleia Legislativa. Do outro, dois grupos, um liderado pelo ex-prefeito Paulo Marinho (PMDB), que tem como candidato Paulo Marinho Jr., expoente do Grupo Sarney; e o outro liderado pelo ex-vereador Fábio Gentil (PSDB). Há a possibilidade de Marinho Jr. e Gentil se juntarem, mas o problema está na definição de quem será o candidato a prefeito. Até agora não surgiu um terceiro pré-candidato, o que indica que a em Caxias a disputa será fortemente polarizada. O governador Flávio Dino certamente declarará apoio ao prefeito Leo Coutinho, que lidera a corrida, segundo pesquisa recente.
Timon – Também abrigo de 165 mil maranhenses, Timon deve ter uma das disputas mais renhidas de todo o estado. De um lado estará o prefeito Luciano Leitoa (PSB), que brigará pela reeleição, com o apoio de forças governistas e a torcida do governador Flávio Dino. De outro o deputado estadual Alexandre Almeida (PSD), que representa as forças do Grupo Sarney. A polarização sofre ameaça de uma terceira via, a ex-prefeita Socorro Waquim (PMDB), que anunciou recentemente que será candidata. No meio político, a expectativa é a de que Socorro Waquim acabe se aliando a um dos candidatos. Se isso acontecer, a disputa favorecerá seu aliado.
Balsas – A Prefeitura da sede do maior polo de agronegócio do Maranhão, com 89 mil habitantes, será disputada por três candidatos de peso. O primeiro é o prefeito Luis Rocha Filho, o Rochinha (PSB), que depois de um período de dúvidas devido a problemas de saúde, anunciou há pouco que será candidato à reeleição, com o aval do irmão, o senador Roberto Rocha (PSB). Terá como adversários Dr. Eric (PDT), que tem o apoio de 16 partidos – entre eles o DEM do grupo do ex-deputado Francisco Martins – e das forças governistas e lidera a corrida em todas as pesquisas. E o ex-prefeito Chico Coelho (PP), que entra como terceira via.
Barra do Corda – Principal município da região Central do Maranhão, com 86 mil habitantes, terá seu comando político e administrativo disputado por três candidatos, sendo um deles o prefeito Eric Costa (PCdoB), que corre pela reeleição com o apoio das forças governistas. Seus adversários será Nilda Barbalho (PSDB) e que terá o suporte do PV, liderado na região pelo deputado estadual Rigo Teles e pelo ex-prefeito Nenzim. Até aqui os prognósticos favorecem o prefeito, que conta com o apoio político do Palácio dos Leões, mas aliados de Nilda barbalho dizem que durante a campanha o jogo vai mudar.
Pinheiro – A corrida para a Prefeitura de Pinheiro, o mais importante município da Baixada Ocidental Maranhense, com 80 mil habitantes, reúne até aqui três candidatos. O prefeito Filuca Mendes (PSD), que representa o Grupo Sarney, tentará a reeleição numa coligação de oposição, que reunirá inclusive o PMDB. Seus adversários são Leonardo Sá (PCdoB), com parte das forças governistas, apoiado pelo deutado Othelino Neto com o aval do Palácio dos Leões, e Luciano Genésio (PSDB), que hoje comanda o grupo do ex-prefeito José Genésio. Há quem afirme que o resultado ali é imprevisível.
Bacabal – Mais importante polo municipal do Médio Mearim, com 80 mil habitantes, Bacabal deverá ter nesta eleição uma grande virada. Dois candidatos estão definidos até aqui. O primeiro é o deputado estadual Roberto Costa (PMDB), uma das mais ativas lideranças da nova geração, que tem o respaldo do senador João Alberto, a mais importante liderança do município. Desgastado e sem condições para se recuperar eleitoralmente, o prefeito José Alberto abriu mão de disputar a reeleição e reuniu vários grupos em torno do ex-prefeito Zé Vieira (PP). Todas as pesquisas apontam Roberto Costa como franco favorito, que deverá ampliar seu cacife com o apoio do grupo liderado pelo ex-vice-governador Jura Filho.
PONTO & CONTRAPONTO
Madeira joga cartada decisiva ao apoiar Ribinha Cunha
O prefeito de Imperatriz, Sebastião Madeira (PSDB), viverá uma situação quase plebiscitária na corrida à sua sucessão. Com planos de se candidatar ao Senado em 2018, ele saiu do arco de alianças controlado pelo governador Flávio Dino e apostou numa via que não reza efetivamente na cartilha do Palácio dos Leões, mas também não faz oposição agressiva ao atual Governo. Preferiu apoiar a candidatura do empresário Ribamar Cunha, o Ribinha, com o objetivo de construir uma espécie de terceira via na qual ele próprio seja a alavanca maior. Essa opção é o desfecho de um xadrez complicado que ele jogou para se manter de pé desde que desatou o nó que o ligava à natimorta candidatura de Luiz Fernando Silva, então no PMDB, ao Governo do Estado, em 2014. Em seguida, declarou apoio ao então candidato Flávio Dino, fez campanha para ele em Imperatriz, mas não foi tratado como esperava pelo novo Governo. De lá para cá, vem sobrevivendo com muita habilidade, sem, no entanto, evitar o estrago na área administrativa, causado porque, como tucano, não tinha apoio em Brasília, e mesmo seu partido participando da aliança pró-Dino, foi tratado com reservas pelo Palácio dos Leões. Não poderia, assim, participar da aliança em torno da pedetista Rosângela Curado nem do seu arqui-adversário, o neosocialista Ildon Marques (PSB). Ao apoiar Ribinha Cunha, Madeira joga uma cartada decisiva para testar seu prestígio em Imperatriz e na região Tocantina. Se sair da corrida eleitoral com seu candidato bem situado, terá ganhado fôlego para seguir em frente. Mas o desempenho de Cunha for minguado, o líder tucano terá de parar e rever seu projeto.
Repaginado, DEM faz contas otimistas para o resultado das urnas
No jogo pela sobrevivência na seara partidária, Um dos partidos que mais perdeu espaço no tabuleiro político brasileiro foi o DEM, que foi assim rebatizado depois de ter sido Arena, PDS e PFL. Seu encolhimento aconteceu também no Maranhão, onde até no início dos anos 90 do século passado deu as cartas na política local, como carro-chefe do Grupo Sarney. De lá barra cá, perdeu muita força, tendo sobrevivido sob o controle do ex-senador Mauro Fecury. O partido, porém, deu a volta por cima no Maranhão. Aproveitando a reforma e a janela partidárias, o deputado estadual Stênio Rezende, cobra criada de cinco mandatos consecutivos, que vinha mudando de partido, resolveu assumir o comando do DEM no Maranhão. Para tanto, foi decisivo a articulação do deputado federal Juscelino Filho, que ganhou a confiança dos chefes nacionais do DEM e deles recebeu a tarefa de comandar o partido no Maranhão. Ás da inteligente jogada política, Stênio Rezende assumiu o comando do partido em São Luís, agregou novos prefeitos, vereadores e um deputado federal e um deputado estadual a mais. A operação partidária está dando tão certo que o DEM não apenas ganhou ânimo novo e se repaginou como seus novos dirigentes estão fazendo contas otimistas. Eles acreditam que o partido sairá das urnas com suas digitais na eleição de pelo menos 20 prefeitos “puros” e outras duas dezenas com prefeito coligados, como é o caso do prefeito de São Luís, Edivaldo Jr. (PDT), e Rosângela Curado (PDT) em Imperatriz. É aguardar e conferir.
São Luís, 10 de julho de 2016.