Campanhas ganham intensidade na reta final da corrida em São Luís

Eduardo Braide e Duarte Jr. reforçam polarização

A campanha para a Prefeitura de São Luís entrou, de fato, numa nova dinâmica, com bandeiraços, caminhadas, carreatas e incursões por bairros com grande peso eleitoral. E como não poderia deixar de ser, o incremento maior se deu no horário gratuito no Rádio e na TV, onde os principais candidatos – o prefeito Eduardo Braide (PSD), que busca a reeleição e lidera a corrida, e o deputado federal Duarte Jr. (PSB), que ocupa o segundo lugar -, turbinaram suas campanhas. Entre os três candidatos que não têm direito ao horário eleitoral, por conta da inexpressividade dos seus partidos – Yglésio Moises (PRTB), Wellington do Curso (Novo) e Saulo Arcangeli (PSTU) – o primeiro tenta de todas as maneiras capitalizar eleitoralmente a visita do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) a São Luís, na segunda-feira, usando um só argumento: ele é o nome da direita radical nessa disputa.

A julgar pelo ânimo e pelos movimentos dos candidatos, ainda que nenhum dado ou fato tenha alterado o cenário de polarização entre Eduardo Braide e Duarte Jr. nem a tendência de que a corrida será fechada em um só turno, isso não significa que esse desfecho já possa ser considerado prego batido com ponta virada. Ao contrário, à medida que a campanha avança para a linha de chegada, no próximo dia 30 de setembro, os sinais são de que Eduardo Braide não entrou na onda traiçoeira do “já ganhou”, mantendo inalterado o seu ritmo da sua caça ao voto, nem Duarte Jr. admitiu que a que a eleição seja resolvida em um só turno.

Ontem, por exemplo, Duarte Jr. deu um tom de corpo-a-corpo ao seu horário na TV, para ter um “papo reto” com o eleitor, “uma conversa com olho no olho”. Nesse jogo da verdade, falou francamente do seu potencial como candidato, relacionou problemas que podem ser resolvidos rapidamente e concluiu como que fechando uma conversa definitiva: “Eu só preciso de uma chance!” A isso se seguiram promessas na área de saúde. Logo na sequência, um vídeo pesado exumou, com dose extra de veneno, o Clio vermelho e a dinheirama encontrada no seu porta-malas. O texto envolve o irmão e o pai do prefeito numa suspeita de crime, como um aviso eloquente de que o caso não está encerrado no contexto da campanha.

Sem manifestar preocupação, mas deixando claro que não descuida diante da movimentação dos seus adversários, o prefeito Eduardo Braide intensificou o ritmo da sua corrida, apresentando realizações e anunciando obras programadas. Ontem, por exemplo, dedicou parte do seu tempo na TV à construção de creches de tempo integral – construiu seis e construirá mais uma dezena se reeleito for, enfatizando que já tem dinheiro garantido para isso, por conta da sua gestão financeira. Líder em todas as nas cinco pesquisas mais recentes, nas quais aparece como virtual eleito em turno único, o prefeito continua dando sinais de que não vai entrar em bola dividida e colocar sua liderança em risco.

O candidato Yglésio Moises passou o dia tentando transformar em dividendos eleitorais a visita do ex-presidente Jair Bolsonaro a São Luís em apoio à sua candidatura. Ninguém duvida que ele amealhe alguns pontos percentuais, usando principalmente as redes sociais. Mas poucos acreditam que ele chegue mais longe embalado pelo bolsonarismo, e isso só se saberá por meio de pesquisa cujas entrevistas tenham sido feitas depois do evento.

De agora por diante, a tendência é no sentido de que as duas principais campanhas para a Prefeitura de São Luís ganhem intensidade, à medida que as demais, por maior que seja a boa vontade dos seus protagonistas, não emitem sinais de que ganhem em competitividade. Assim, o cenário da polarização continua prevalecendo, assim como a possibilidade de que a de solução em turno único.

PONTO & CONTRAPONTO

É de indefinição cenário sucessório em Imperatriz, Caxias, Timon, Pinheiro e Paço do Lumiar

Rildo Amaral, Mariana Carvalho e
Josivaldo JP na disputa em Imperatriz

Ganharam a marca da imprevisibilidade as disputas pelas prefeituras de Imperatriz, Timon, Caxias, Pinheiro e Paço do Lumiar.

O cenário em Imperatriz não está ainda permitindo que se enxergue com nitidez quem disputará o segundo turno com o deputado Rildo Amaral (PP), uma vez que há uma briga de foice no escuro entre o deputado federal Josivaldo JP (PSD) e a suplente de deputada federal Mariana Carvalho (Republicanos).

Em Caxias, diferentes pesquisas mostram ora Gentil Neto (PP), ora Paulo Marinho Jr. (PL) na liderança, fomentando um forte frenesi na banca de apostas.

A corrida sucessória em Timon foi mergulhada numa grande incerteza. Nem mesmo vozes experientes da cidade se arriscavam ontem a prever com segurança o desfecho da disputa entre a prefeita Dinair Veloso (PDT), o deputado estadual Rafael (PSB) e o candidato do PL, Henrique Júnior.

E, finalmente, uma forte pressão incorporada pelo médico Felipe Gonçalo (Mobiliza), parece ameaçar a liderança de Fred Campos (PSB) em Paço do Lumiar. A esmagadora maioria dos observadores ainda aposta em Fred Campos, mas já há vozes achando que o desfecho pode ser outro.

A imprevisibilidade das corridas eleitorais parece ter desembargado também em Pinheiro. Ali, André da Ralpnet (Podemos), que liderou com folga por meses a fio, chega na reta final fortemente pressionado por Kaio Hortegal (PP), Batista Segundo (PL) e por Geraldo Jr. (União Brasil), criando um cenário de indefinição.

Pode haver desfechos surpreendentes nesses municípios.

Yglésio Moises e Wellington do Curso brigam pelo posto de “voz da direita”

Yglésio Moises e Wellington do
Curso querem liderar a direita

Amigos comuns não devem convidar para a mesma mesa os deputados Wellington do Curso e Yglésio Moises. Os dois, que chegaram a cultivar boa relação sem nutrir simpatia um pelo outro, agora caminham para uma azeda inimizade política.

O motivo é o posto de principal “voz da direita” na Assembleia Legislativa, que os dois passaram a disputar fortemente.

Yglésio Moises vem se declarando detentor do posto, intensificando essa declaração depois que entrou de vez para as hostes bolsonaristas e se tornou, por exemplo, defensor intransigente do impeachment do ministro Alexandre de Moraes. Agora, ele só se refere a Wellington do Curso como “aquele outro, que se diz de direita”.

Wellington do Curso reivindica, com veemência, a condição de mais ativa “voz da direita” na Assembleia Legislativa. Recorda que foi sargento do Exército por oito anos, e que isso o tornou a “voz da direita” no Maranhão. E tem reagido às estocadas do bolsonarista.

Pelo visto, os dois aguardam que um “ser superior” da extrema direita aponte, finalmente, “ a voz da direita” na Capital do Maranhão.

São Luís, 25 de Setembro de 2024.

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