Em meio aos primeiros passos para as eleições gerais do ano que vem, inclusive com alguns dos seus integrantes, se preparando para disputar cadeira na Assembleia Legislativa e na Câmara Federal, a Câmara Municipal está sendo sacudida pela sucessão no cargo de presidente. Num processo deflagrado no final de março, o vereador Marquinhos (União), um dos mais bem votados nas eleições de outubro, se lançou candidato à sucessão do presidente Paulo Victor (PSB), que de acordo com os rumores que correm nos bastidores, disputará um mandato estadual. E o processo sucessório, cuja eleição poderá ser agendada para qualquer momento do próximo ano, ganhou velocidade tal, que nada menos que oito vereadores já se manifestaram, sendo o próprio Marquinhos, Concita Pinto (PSB) e logo em seguida Beto Castro (Avante), que também se lançou candidato a presidente e já dispara na frente como favorito ao receber declaração de votos do presidente Paulo Victor e dos colegas Marlon Botão (PSB), Daniel Oliveira (PSD), Marcos Castro (PSD) e ontem o Cléber Filho (MDB).
Primeiro a se lançar candidato a presidente, no final de março, menos de três meses da posse da nova Câmara e da nova Mesa Diretora para o novo mandato, o vereador Marquinho fez o que já havia planejado, só que com muita antecedência. Surpreendentemente, nenhum vereador lhe declarou apoio. Logo em seguida, o vereador Beto Castro, atual 2º vice-presidente da Casa, lançou sua candidatura, tendo, desde então, recebido o apoio de cinco vereadores. Mais discreta, mas muito experiente no jogo político que move o parlamento ludovicense, a vereadora Concita Pinto avisou que está no páreo, podendo se tornar uma opositora forte ao projeto eleitoral de Beto Castro.
Diferentemente de tempos recentes, quando era composta por vereadores fortes, mas sem liderança para formar grupos e definir disputas, a atual Câmara Municipal de São Luís tem um desenho político e partidário muito claro, com uma banda forte do PSB, liderada pelo presidente Paulo Victor, que mantém diálogo com os vereadores mais jovens, como o emedebista Cléber Filho e com os mais experientes, como a própria Concita Pinto, que é a atual 1ª vice-presidente da instituição parlamentar, e Astro de Ogum (PCdoB), que já comandou a Casa e sabe tudo sobre a política de São Luís.
Na avaliação de quem conhece as tendências e rumores da Câmara da Capital, o vereador Marquinho vai encontrar muita dificuldade para montar a base da sua candidatura. Primeiro pelo seu temperamento explosivo, que deixou muitos colegas estupefatos ao declarar, num inflamado discurso de viés bolsonarista, ter certeza de que o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal “é um psicopata”. Um vereador experiente avaliou que essa declaração praticamente liquidou as chances do vereador Marquinhos ser presidente. E foi exatamente no rescaldo dessa declaração que a vereadora Concita Pinto voltou a considerar a possibilidade de ser candidata.
A manifestação, ontem, do vereador Cléber Filho, que fez um discurso equilibrado, desenhou uma tendência na corrida à presidência da Câmara Municipal. Mas isso não significa uma definição. E a julgar pela tradição do parlamento ludovicense, e considerando o fato de que 23 dos seus 31 vereadores estão observando o cenário, tudo indica, não haver muita pressa para liquidar essa fatura. Isso significa dizer que o até aqui favorito Beto Castro tem chance ampla de chegar lá. Mas, mesmo ainda sozinho até aqui, Marquinhos pode alterar as condições e mudar o curso da corrida presidencial, podendo o mesmo ser dito em relação à vereadora Concita Pinto.
A verdade é que a Câmara Municipal de São Luís vive um momento em que as forçar que a compõem se mobilizam numa saudável luta pelo poder, que é, afinal, a essência da política. E vale registrar que essa movimentação está sendo acompanhada discreta, mas atentamente, pelo Palácio de la Ravardière, que não ficará fora do processo.
PONTO & CONTRAPONTO
Em domingo de sol, Paço do Lumiar ganhou feira, praças e intensa movimentação política

na inauguração da praça no Paranã; Carlos Brandão corta
um bolo e fala à população ouvido por Weverton Rocha
posicionado entre Felipe Camarão e Iracema Vale
Na ensolarada manhã de domingo (13), Paço do Lumiar foi palco de uma grande festa, que movimentou a população e teve dois vieses, um administrativo, com a inauguração de obras pelo governador Carlos Brandão (PSB), tendo o prefeito Fred Campos (PSB) como anfitrião, e outro político, pelos movimentos do próprio chefe do Executivo, do vice-governador Felipe Camarão (PT), da presidente da Assembleia Legislativa, deputada Iracema Vale (PSB), e do senador Weverton Rocha (PDT), que surpreendeu a muitos ao aparecer na festa.
A agenda do evento de entregas aconteceu primeiro na Vila Isabel Cafeteira, onde o governador entregou a nova Feira Municipal, equipada com 22 boxes e infraestrutura completa, o que fez a alegria de feirantes e consumidores, e a nova sede da União dos Moradores da Vila Epitácio Cafeteira, e uma praça moderna e funcional. Dali, a comitiva seguiu para o Paranã, onde foi entregue uma grande e bem equipada praça, construída numa área onde até meses atrás foi um lixão.
Numa das suas falas, o governador Carlos Brandão reforçou o caráter municipalista do seu Governo: “Precisamos ter parcerias. Eu prego pelo Maranhão inteiro a importância de termos unidade com os municípios. De mãos dadas, nós chegamos mais longe. A presidente Iracema é uma grande parceira do nosso Governo. Quando mandamos um projeto para a Assembleia, ela rapidamente conversa com os deputados e aprova. Até mesmo porque os projetos são bons e visam atender a população”.
A deputada-presidente bateu na mesma tecla quando se manifestou: “Grata a Deus por estar aqui celebrando a entrega de obras tão importantes. Essa parceria forte que o governador Carlos Brandão tem com todos os municípios do Maranhão”.
No viés político, o destaque foi a presença do vice-governador Felipe Camarão na comitiva, atuando de maneira discreta, mas intensa, conversando muito com líderes comunitários e vereadores, respeitando o protagonismo do governador, que era o líder da festa, e da presidente da Alema, que atua na área. Consolidando a cada dia o projeto de assumir o comando do Governo em abril do ano que vem, Felipe Camarão teve de trocar duas vezes de camiseta, a primeira com a declaração “Amo Paço” e a outra estampando “Orgulho de ser luminense”.
Mas a surpresa política da festa foi a presença do senador Weverton Rocha, que se encontra em franca corrida pela reeleição, tendo como estratégia o discurso segundo o qual uma das vagas deve ser do governador Carlos Brandão. Com surpreendente desenvoltura para um oposicionista assumido até pouco tempo atrás, o senador pedetista ganhou até o direito de falar nos atos e elogiar as ações do governador. Vai assim, aos poucos, construindo a base para a tentativa de renovar o mandato.
Posições na bancada do Maranhão serão mantidas em qualquer situação do projeto de anistia a golpistas
A bancada do Maranhão já está definida em relação ao projeto de anistia aos que participaram dos atos golpistas que culminaram com o 8 de Janeiro e que, se aprovado, poderá livrar o ex-presidente Jair Bolsonaro de uma condenação e, muito provavelmente, da cadeia.
De acordo com deputados federais, o placar de 11 contrário e sete a favor, que se materializou no número de assinaturas relacionado com o pedido de urgência, deve ser mantido também no plenário, se ele for colocado em votação, como manda a regra. E esses números serão confirmados na hipótese de o projeto vir a ser votado.
Esses parlamentares ouvidos – dos dois lados – avaliam que, por conta dos seus laços muito estreitos com o bolsonarismo – caso de Allan Garcês (PP), Aluísio Mendes (Republicanos) e Josivaldo JP (PSD), e por conta da pressão que estão recebendo da cúpula – Josimar de Maranhãozinho (PL), Detinha (PL), Júnior Lourenço (PL) e Pastor Gil (PL), dificilmente voltarão atrás.
Já os deputados Pedro Lucas Fernandes (União), Juscelino Filho (União), Márcio Jerry (PCdoB), Rubens Júnior (PT), Duarte Jr. (PSB), Amanda Gentil (PP), Hildo Rocha (MDB), Márcio Honaiser (PDT), Marreca Filho (PSD), Cléber Verde (MDB) e Fábio Macedo (Podemos) manterão seguramente sua posição contrária à urgência e ao projeto em si.
São Luís, 15 de Abril de 2025.