Quando se candidatou a vice-governador em 2014, na chapa liderada pelo então ex-deputado federal Flávio Dino (PCdoB), o então deputado federal Carlos Brandão (PSDB) tinha um objetivo bem definido, que não alardeou, mas também não escondeu: ser governador do Maranhão. Sete anos e três meses depois, no dia 03 de abril de 2022, o bastão lhe foi entregue com permanência garantida de nove meses no cargo, e o desafio de se reeleger e ganhar o seu próprio Governo. Nos nove meses de mandato em 2022, enfrentou um problema de saúde que o tirou do b atente por mais de 40 dias, enfrentou sete candidatos, reelegeu-se em um só turno, assumiu o novo mandato em 1º de janeiro e na segunda-feira, 03 de abril de 2023, completou seu primeiro ano de poder efetivo.
O Carlos Brandão discreto, meio sisudo, de sorriso raro, cuidadoso nas palavras e nos movimentos, cioso da sua posição de nº 2 na hierarquia do Poder Executivo, foi substituído pelo Carlos Brandão que, ao assumir a condição de titular, aos poucos abriu o sorriso e adotou o aperto de mão, o tapinha nas costas e a conversa franca para se comunicar politicamente. Agora, tendo o controle total do seu mandato, sem sombra para cobri-lo, nem adversário para cutucá-lo, o governador Carlos Brandão inicia uma contagem regressiva de 1090 dias para cumprir os seus compromissos de campanha na desafiadora seara da gestão e manter forte a estrutura política que montou comandando a aliança partidária que herdou do agora senador Flávio Dino (PSB), hoje ministro da Justiça e Segurança Pública, e até onde a vista pode alcançar, o seu maior parceiro político.
Diferentemente de boa parte dos governadores, Carlos Brandão vive uma situação diferenciada, a começar pelo fato de que recebeu um Governo bem armado, eficiente, realizador e bem cuidado. Logo nos primeiros meses da sua gestão, ele deu mostras claras de que manteria a máquina nesse diapasão, tendência que foi mantida no seu primeiro ano de poder efetivo: bom equilíbrio fiscal e contas em dia, a começar pela mais importante delas, os salários dos servidores. Na mesma pisada, tem mantido de pé, no mesmo ritmo, programas de importância superlativa, como, por exemplo, os Restaurantes Populares, que hoje estão em 168 municípios e deverão chegar aos 217 até o final deste ano. Os programas arrojados nas áreas de saúde, educação e infraestrutura não sofreram qualquer descompasso. O Portal das Transparência foi até ampliado.
Carlos Brandão ambiciona dar um passo muito mais largo, projetando um reforço radical na economia do Maranhão. Quando vice, foi escalado durante anos para garimpar investimentos dentro e fora do Brasil. Sabe, portanto, o que está dizendo quando alimenta o sonho da refinaria, da siderúrgica, de investimentos em pesca e no turismo. Aposta alto na parceria com o Governo Lula da Silva (PT) e exibe convicção de que os chineses, por exemplo, investirão no Maranhão. Tem dito que dificilmente inaugurará um complexo industrial no seu mandato, mas afirma que se deixar o processo em andamento, se dará por satisfeito.
No campo político, o governador Carlos Brandão surpreendeu a quem não percebeu seus eficientes movimentos antes de assumir o comando. Nascido no PSDB, acabou no PSB, e aliado com o PT e o PCdoB. Durante a campanha da reeleição, com o aval do ex-governador Flávio Dino e o apoio de raposas veteranas como o ex-governador José Reinaldo Tavares, os ex-prefeitos Sebastião Madeira (Imperatriz) e Luís Fernando Silva (São José de Ribamar), que hoje formam o “núcleo duro” do seu Governo, e ainda novas lideranças, como a deputada Iracema Vale (PSB), campeã de votos, construiu uma base com a qual triturou adversários nas urnas. O desempenho eleitoral associado às boas condições do seu Governo lhe permitiu criar um ambiente político com poucos adversários.
Os próximos três anos serão decisivos para manter o cenário de agora, podendo consolidá-lo ou não. A julgar pelo que protagonizou até aqui, tem condições de entregar ao seu sucessor, o jovem vice-governador Felipe Camarão (PT), no dia 03 de abril de 2026, um Maranhão em forte movimento como o que recebeu um ano atrás.
PONTO & CONTRAPONTO
Problemas com cotas femininas podem mudar perfil da Assembleia
Uma guerra político-partidária de “vida ou morte” está sendo travada em torno dos processos sobre suposta burla de cotas destinadas a mulheres nas eleições passadas. A decisão está nas mãos do Supremo Tribunal Federal. Na linha de tiro estão os deputados Wellington do Curso (PSC), Neto Evangelista (União Brasil) e Fernando Braide (PSD). Vivendo a tensa expectativa de ganhar cadeira na Assembleia Legislativa estão os suplentes Inácio Melo (PSDB), Edson Araújo (PSB) e César Pires (PSD).
Se a mudança for consumada, produzirá impacto forte na base política do prefeito Eduardo Braide, que terá o irmão fora da Assembleia Legislativa. O deputado Wellington do Curso, visto por todos como um “resistente”, por haver ganhado o terceiro mandato lutando contra tudo e contra todos. E se alcançar o deputado Neto Evangelista, a Assembleia Legislativa perderá um quadro importante da nova geração de políticos maranhenses.
Por outro lado, a mudança, se houver, será muito comemorada pela senadora Eliziane Gama (PSD), uma vez que o seu consorte, Inácio Melo (PSDB), assumirá uma cadeira no parlamento estadual. Edson Araújo, homem forte do setor pesqueiro e hoje secretário do Governo Carlos Brandão, voltará à Assembleia Legislativa para cumprir o quinto mandato. O mesmo acontecerá com César Pires, um quadro parlamentar de excelência retornará à Casa.
Será uma decisão de impacto no cenário político estadual.
Vereador quer criar frente parlamentar contra a fome em São Luís
Tramita na Câmara Municipal proposta da criação de uma Frente Parlamentar de Combate à Fome. A proposição, já formalizada na forma de projeto de resolução pelo vereador Ribeiro Neto (Mais Brasil), tem como foco principal cidade de São Luís, hoje com 1,2 milhão de habitantes e vista como um mosaico de problemas sociais, a começar pela insegurança alimentar.
A ideia principal do vereador Ribeiro Neto é abrir um grande debate sobre a situação alimentar do habitante de São Luís, principalmente depois das enormes dificuldades surgidas com a pandemia da Covid-19 e suas consequências econômicas e sociais. O vereador propõe discussão sobre o tema em seminários, fóruns, audiências e eventos afins, bem como avaliação de políticas públicas de distribuição de alimentos e programas de avaliação do estado nutricional de crianças das creches e escolas da rede municipal de ensino.
Ribeiro Neto fundamenta a iniciativa: “Essa Frente Parlamentar vai proporcionar o mais importante dos direitos, que é a alimentação e à qual todo cidadão deve ter garantida, pelo princípio da dignidade humana. Isso será garantido com a efetiva participação dos vereadores, a fim de contribuir para a discussão, aprimoramento a criação de formas de cooperação entre órgãos públicos e privados, com a finalidade de implementar políticas públicas de combate à fome”.
Em Tempo: O vereador Ribeiro Neto não está levando em conta o arrojado programa de segurança alimentar do Governo do Estado, que mantém seis restaurantes populares em São Luís, que atendem milhares de pessoas de baixa renda a cada dia.
São Luís, 05 de Abril de 2023.