Se tudo correr como está previsto, os maranhenses saberão nesta segunda-feira, 29, quem será o candidato da aliança partidária liderada pelo governador Flávio Dino (PSB), ou de parte dela, ao Governo do Estado. O nome sairá de uma reunião na qual o governador e os líderes da base governista avaliarão quatro nomes: o vice-governador Carlos Brandão (PSDB), o senador Weverton Rocha (PDT), o secretário Educação, Felipe Camarão (PT), e o secretário de Indústria e Comércio, Simplício Araújo (Solidariedade). A escolha se dará com base em alguns critérios, mas o que pesará mesmo na definição é o potencial político e eleitoral de cada um, a começar pelo apoio do governador, que é, de longe, o “eleitor” mais diferenciado do grupo, exatamente pela condição de líder inconteste do movimento que articulou, consolidou e manteve até aqui.
Na avaliação de muitos políticos experientes, e até mesmo de apoiadores dos aspirantes, “vai dar a lógica”, que no caso é o vice-governador Carlos Brandão. Mas como em política a lógica não funciona como regra, a definição poderá se dar pela quota, sempre muito expressiva, da imprevisibilidade em casos como esses, e isso significará a escolha do senador Weverton Rocha. Nesse ambiente, são poucas as apostas em Felipe Camarão, se confirmado pela maioria do PT, e nenhuma em Simplício Araújo, que se mantém na briga majoritária solitariamente, mas com muita dignidade.
O que faz de Carlos Brandão o nome da lógica é um conjunto de fatores que se formaram a partir da sua escolha para vice em 2014. No primeiro mandato, ele manteve a integridade política e a correção institucional, sendo um vice discreto, atuante, e absolutamente confiável, credenciando-se para se manter no cargo. Ao mesmo tempo, mergulhou no funcionamento da máquina, exerceu o papel de emissário e representante do Governo em missões diversas, dentro e fora do Maranhão e do Brasil. Foi mantido em 2018, e com a reeleição se aproximou mais ainda das esteiras de funcionamento do Governo, o que lhe permitiu ter hoje um completo domínio do que é, como funciona e em que condições será recebido. E o fator decisivo: assumirá o Governo do Estado em 2 de abril, de modo que com correrá à reeleição no cargo, o que o torna um quadro efetivamente credenciado. No plano nacional, chega à reunião com o governador de São Paulo, João Doria, escolhido para ser candidato a presidente da República.
O senador Weverton Rocha é o inverso desse roteiro. Militante partidário e presidente do PDT do Maranhão, tem uma carreira parlamentar bem-sucedida, elegendo-se senador da República com o suporte do seu partido e o apoio integral do governador Flávio Dino. Político arrojado, que não mede esforço para alcançar seus objetivos, decidiu ser candidato a governador no meio de um mandato de senador, o que é visto por observadores como um fator que lhe favorece com a garantia do mandato, mas que gera polêmica à medida que esse pacto com o grupo não foi feito. Em 2020, conseguiu ampliar sua base política com a eleição mais de 40 prefeitos e renovou o comando da Famem, criando as condições de bancar sua candidatura.
No meio político, a grande pergunta que se faz é a seguinte: Weverton Rocha retornará sua candidatura se Carlos Brandão for o escolhido? Carlos Brandão abre mão da candidatura se der Weverton Rocha? A impressão geral é a deque dificilmente haverá um acordo nesse sentido.
Ontem, o governador Flávio Dino disse à Coluna que até aquele momento – início da noite de sábado -, continuava conversando, com todas as frentes e que nada estava decidido. Passaria também o domingo atuando forte nos bastidores, movido pela determinação de encontrar um resultado. “Sigo comprometido com a máxima união possível”, disse ele, confiante de que encontrará uma solução negociada para o nome do seu grupo que disputará a sua sucessão.
PONTO & CONTRAPONTO
Brandão entra com Doria e Weverton com Ciro
O colégio de líderes partidários que se reunirá com o governador Flávio Dino nesta segunda-feira para definir o candidato do grupo à sua sucessão deverá levar também em conta a posição dos pré-candidatos no cenário da disputa presidencial. Carlos Brandão chega cacifado pela decisão do PSDB de escolher o governador de São Paulo, João Doria, candidato à presidência, com a vantagem de ter sido escolhido em prévia partidária e obtido a unidade dos tucanos. Weverton Rocha chegará à reunião tendo o ex-governador cearense Ciro Gomes como pré-candidato do partido, mas sem nenhuma garantia de que será o candidato, o que faz com que o senador invista suas fichas numa improvável aliança com o PT no Maranhão, de modo a obter o apoio do ex-presidente Lula da Silva, que também é pretendido por Carlos Brandão. O problema é que o líder petista só pretende declarar-se candidato a presidente em março, situação que não satisfaz nem ao tucano nem ao pedetista no Maranhão, que esperam um posicionamento do PT tão logo o candidato do grupo governista for escolhido.
Se Rocha entrar no PL, Maranhãozinho pode ceder-lhe a vaga de candidato a governador num grande acordo
A filiação do presidente Jair Bolsonaro ao PL pode mudar os planos do deputado federal Josimar de Maranhãozinho, que preside o partido no Maranhão, de manter sua candidatura ao Governo do Estado. O “X” da questão está no destino partidário do senador Roberto Rocha. Se o senador ingressar também no partido, como está previsto, e resolver disputar o Palácio dos Leões com o aval do presidente da República, é provável que a cúpula nacional do partido desencadeie uma operação no sentido de convencer o chefe do PL a ceder a vaga de candidato a governador a Roberto Rocha. Um interlocutor habitual e confiável de Josimar de Maranhãozinho garante que, se tal situação vier a se configurar, a cúpula do PL nada imporá ao parlamentar, devendo resolver a situação na base da conversa. Isso porque, segundo essa fonte, Josimar de Maranhãozinho é hoje “homem de confiança” do presidente Waldemar Costa Neto, que não tem nenhum interesse em enfraquecê-lo na sua base. E afirma que Roberto Rocha e Josimar de Maranhãozinho são amigos e estão afinados, o que assegura que, se houver a mudança, ela será negociada, sem prejuízo para o chefe do PL. Outra hipótese viável, mas um pouco mais distante, será Roberto Rocha disputar a senatória e Josimar de Maranhãozinho manter sua candidatura aos Leões.
São Luís, 28 de Novembro de 2021.