O sistema de transporte coletivo de São Luís voltou a operar ontem, no final da tarde, e o serviço deve ser plenamente normalizado neste feriado, Dia de Finados, depois de 12 dias de paralisação. E com um compromisso respeitado: aumento de 5% nos salários dos rodoviários – motoristas e cobradores -, mas sem um centavo de aumento nas passagens. O ponto final na greve, que fora causada por um descompasso nos custos e pela reivindicação por aumento salarial por rodoviários, foi possível depois de intensas negociações, durante as quais o prefeito Eduardo Braide (Podemos) manteve o compromisso de não autorizar majoração no valor das tarifas, evitando assim que o ônus desse acordo saia do bolso do cidadão. Foi a primeira vez em anos que a “peleja” anual de rodoviários, empresários do setor e Prefeitura de São Luís terminou sem que a fatia maior da conta tenha sido debitada diretamente na conta do usuário, na forma de aumento de tarifa. E mais do que isso: em nenhum momento dos dias parados houve atos de violência, além da tensão natural que esse tipo de situação produz.
Na edição do dia 26, com a greve em andamento, a Coluna comentou o quadro daquele momento registrando a postura de firmeza e habilidade com que o prefeito Eduardo Braide vinha conduzindo a crise, e prevendo que ele não se dobraria ao jogo de pressão das “cobras criadas” desse sistema – empresários e líderes sindicais rodoviários. E também previu que muito provavelmente ele articularia uma solução oferecendo algum “subsídio” bancado com dinheiro público, mas que pouparia o usuário de pagar a conta no arremate final. O comentário provocou alguns comentários em sentido contrário, entre eles uns afirmando que o prefeito não suportaria a pressão e se dobraria concedendo o aumento de tarifa reivindicado pelos empresários com o aval dos rodoviários. Os fatos mostraram que a Coluna estava com a razão.
Dessa vez, a paralisação impôs os mesmos transtornos à população e danos corrosivos de sempre à economia municipal, principalmente na área de comércio, mas ocorreu sem tensões nem confrontos de rua, sem ônibus incendiados nem prisão de manifestantes. Isso foi possível, em grande medida, devido à postura do prefeito Eduardo Braide, marcada pelo pragmatismo, pela firmeza e pelo bom senso. Ele permitiu que a corda fosse esticada na medida certa, mas sem deixar que a fanfarronice política levasse o jogo de interesse um toma-lá-dá-cá. O processo foi tão bem conduzido que não restou espaço para a turma periférica da política pudesse tirar “uma lasca” em benefício próprio. Isso porque o prefeito encarou a pressão naturalmente, sem dar à greve uma roupagem catastrófica.
A chave dessa “normalidade” foi o fato de o prefeito Eduardo Braide ter se preparado reunindo meios para colocar na mesa de negociações, como auxílio emergencial e aumento de salário para os rodoviários e subsídios da Prefeitura às empresas – R$ 12 milhões em quatro meses, segundo o deputado estadual Yglésio Moyses (PROS), evitando assim que uma conta chegasse ácida aos mais de 600 mil usuários diários do sistema em São Luís. Foi assim, buscando concessões e compensações, que ele chegou a um aumento de 5% nos salários, 6% no vale-alimentação, o não desconto dos dias parados e nenhum centavo a mais nas tarifas, por enquanto.
No comentário do dia 26, a Coluna anotou que o prefeito Eduardo Braide é um político centrado, que se movimenta com o juízo e não com o fígado, que amadurece suas posições calculando possibilidade de ganho e risco de perda. Quando, no início da greve, ele declarou que não haveria aumento de preço nas passagens de ônibus, certamente já tinha cacife para sentar à mesa de negociações. E não foi surpresa quando ontem anunciou o fim da greve sem que o valor das passagens tenha sido aumentado, valendo a avaliação de que ele passou na sua segunda “prova de fogo”- a primeira foi a pandemia. Até quando essa normalidade permanecerá é difícil prever, mas quem conhece o prefeito Eduardo Braide sabe que ele não será apanhado de surpresa, sem munição para contra-atacar.
PONTO & CONTRAPONTO
Weverton repete evento de massa em Peritoró, dando força à pré-campanha
Articuladores da pré-campanha do senador Weverton Rocha (PDT) ao Governo do Estado deixaram Peritoró, na noite de sábado, em clima de euforia com o resultado da edição do projeto “Maranhão mais feliz” naquele município. Um deles afirmou não ter dúvidas de que o líder pedetista será candidato a governador, “em qualquer situação”, com cacife para chegar ao Palácio dos Leões. Para essa fonte, três aspectos do evento de Peritoró indicaram a força do senador nessa faze prévia da corrida aos Leões: a presença massiva da população de Peritoró, o discurso do prefeito de Coroatá, Luiz (PT), e o apoio do presidente da Assembleia Legislativa, deputado Othelino Neto (PCdoB), ao projeto de candidatura.
No seu discurso, o senador Weverton Rocha se disse entusiasmado com os eventos da pré-campanha: “Além da adesão da classe política, a população como um todo tem participado em grande número. Isso nos dá a responsabilidade de saber que estamos no caminho certo e, claro, nos preparar para esse importante desafio, que é ajudar o Maranhão a ser mais feliz”, disse o senador.
Antes dele, o deputado Othelino Neto, o mais ativo e importante avalista do projeto, destacou a série de eventos “Maranhão mais feliz”, assinalando que, neles, o pré-candidato do PDT tem ouvido e anotado as demandas das regiões por onde tem passado, e que a população está assimilando e se envolvendo no projeto. “É muito bom ver que, a cada edição, mais pessoas estão participando e levando a mensagem desse grande movimento que tem buscado ouvir a população para a construção de um estado cada vez mais forte”, frisou o parlamentar.
Já o prefeito reeleito de Coroatá, Luiz da Amovelar Filho (PT), declarou apoio determinado a Weverton Rocha, o que reforça seus movimentos na corrida pelo apoio petista. “Assim como eu fui o prefeito mais jovem da história de Coroatá, com apenas 21 anos, eu tenho certeza que você vai ser o governador mais jovem do nosso estado”, declarou. O prefeito de Peritoró, Josué Júnior (PP), disse acreditar no movimento e num eventual governo de Weverton Rocha. Outros prefeitos marcaram presença: o de Cajari, José Constâncio (PDT), a de Pedreiras, Vanessa Maia (Solidariedade) e o de São Benedito do Rio Preto, Wallas Rocha (PSC), participaram do ato, totalizando 85 prefeitos que já marcaram presença no “Maranhão Mais Feliz”. A eles se somaram os deputados estaduais Neto Evangelista (DEM) e Ciro Neto (PP), vice-prefeitos, ex-prefeitos, vereadores, entre outras lideranças.
Brandão se mostra coerente ao participar da prévia tucana para presidente
O vice-governador Carlos Brandão se posicionou pelo governador do Rio Grande do Sul, Eduardo Leite, nas prévias do seu partido, o PSDB, para escolher o candidato a presidente da República. Ao contrário do que alfinetaram alguns adversários, sua participação no processo tucano de escolha de candidato presidencial mostra que o vice-governador tem identidade partidária. Isso não significa que ele esteja impedido de batalhar pelo apoio do PT. Faz parte do jogo político, principalmente nas montagens para eleições. Vale lembrar que Carlos Brandão não caiu de paraquedas no PSDB. Ele foi deputado federal duas vezes pelo partido e só o deixou em 2016 quando o senador Roberto Rocha, usando o peso do mandato recém iniciado, retomou o controle do partido, que manteve até 2021, quando Carlos Brandão, que estava abrigado no Republicanos, retomou o controle do ninho dos tucanos no Maranhão. O fato é que o vice-governador parece saber exatamente o que está fazendo quando participa da prévia e escolhe seu candidato a candidato a presidente pelos tucanos.
São Luís, 02 de Outubro de 2021.