A julgar pelo teor e a segurança do pronunciamento que o deputado Bira do Pindaré (PSB) fez ontem ao retomar sua cadeira na Assembleia Legislativa e anunciar, em alto e bom tom, que é candidato irreversível à Prefeitura de São Luís, a corrida para o Palácio de la Ravardière deste ano será uma das mais movimentadas e saudáveis dos últimos tempos. A entrada no páreo parlamentar socialista, ex-secretário de Ciência, Tecnologia e Inovação, deve elevar expressivamente o nível da disputa. Tudo leva a crer que será uma corrida com a participação de candidatos que representam as diversas correntes da mais nova geração da política maranhense, o que infalivelmente resultará no isolamento de medalhões que já não se encaixam nesse novo momento da política estadual. A se confirmar esse cenário de renovação política, a grande disputa será travada entre o prefeito Edivaldo Jr. (PDT), a deputada Eliziane Gama (Rede), Bira do Pindaré (PSB), Andrea Murad ou Fábio Câmara (PMDB), Sérgio Braga (PSDB), Rose Sales (?), Raimundo Pedrosa (PSOL), um grupo de políticos que muito pode acrescentar à vida de São Luís no grande debate a ser travado ao longo da campanha.
Independente da arenga que movimentam o PSB e põem em risco sua candidatura pelo partido, o deputado Bira do Pindaré demonstrou que é um candidato com visão e preparo para disputar a Prefeitura por qualquer agremiação. Com um lastro político sólido e uma experiência eleitoral consolidada na Capital, Bira do Pindaré fez uma declaração que dá bem a medida da sua disposição para concorrer: “Nasci em Pindaré, mas São Luís é a minha cidade. Foi aqui que cresci, estudei, me formei e fiz a minha militância política. Conheço os seus problemas, porque os vivi na pela durante a minha vida. Ninguém precisa me contar o que precisa ser feito em São Luís. Eu sei o que precisa ser feito”, declarou com segurança surpreendente.
O deputado – que nasceu no PT, mas deixou o partido por não concordar com a aliança com o PMDB – mostrou que é um político focado, que tem noção exata do que diz e dos movimentos políticos que protagoniza. Tanto que deixou o governo no momento em que seu trabalho começa a dar frutos, com a inauguração dos três primeiros IEMAs, entre eles o implantado nas instalações do antigo Colégio Maristas, no centro de São Luís. Poderia continuar secretário durante mais dois anos e se consolidar como bom gestor, mas preferiu tentar viabilizar um projeto que sabe ser muito difícil, que é chegar à Prefeitura de São Luís, num movimento político sinuoso, arriscado, que pode vir a ser bem sucedido, mas que também pode significar um tombo de difícil recuperação. Mais ainda quando o primeiro grande obstáculo garantir a vaga de candidato do PSB, que lhe foi oferecida, mas que hoje lhe estão querendo negá-la.
Chamou a atenção, ontem, o tom com que Bira do Pindaré falou do imbróglio partidário. Ao invés do pré-candidato inseguro, cauteloso, do orador com medo de queimar a língua, o que se viu foi um pré-candidato falando firme, cobrando o que considera um direito e lembrando que não pediu para ser candidato do partido a prefeito de São Luís, mas que foi o partido que o fez seu candidato, e que dessa prerrogativa ele não abre mão. Estranhou, de maneira enfática e desafiadora, que a deputada Eliziane Gama esteja cogitando entrar no PSB e ser candidata do partido sem ter-lhe dado sequer um telefonema, lembrando que em 2012 foi único a ficar ao lado dela em 2012. E arrematou dizendo que se ela se converter ao socialismo ligth por via transversa, estará praticando um ato de covardia e de desrespeito à sua história. E avisou, reiteradas vezes, que não abre mão de ser o candidato do PSB à Prefeitura de São Luís.
O discurso e o posicionamento político funcionaram com o uma espécie de aviso de que o deputado Bira do Pindaré é um candidato a ser levado em conta. Ainda embalado pela histórica votação que recebeu em São Luís como candidato ao Senado em 2006, quando derrotou o legendário Epitácio Cafeteira (PTB) e o “bom de voto” João Castelo (PSDB) juntos em São Luís, Bira do Pindaré disse que não pode fugir a uma candidatura na Capital. Será, portanto, um candidato a entrar na briga em condições de enfrentar o prefeito Edivaldo Jr., Eliziane Gama, Andrea Murad ou Fábio Câmara, Sérgio Frota e todos os demais de igual para igual.
Em tempo: horas depois de Bira do Pindaré mandar seu recado na Assembleia Legislativa, a TV exibiu vezes uma propaganda do PSB na qual o senador Roberto Rocha falou de um projeto para, segundo ele, revolucionar a economia do Maranhão. O tom da fala do senador do PSB passa a impressão de que se afasta do governador Flávio Dino para trilhar voo próprio, que também não inclui apoiar q candidatura de Pindaré a prefeito.
PONTO & CONTRAPONTO
Mesa da Assembleia: aliados e adversários são recebidos por Flávio Dino no Palácio dos Leões
Liderada pelo presidente Humberto Coutinho (PDT), a Mesa Diretora da Assembleia Legislativa eleita para o biênio 2017/2018, foi ontem formalmente apresentada ao governador Flávio Dino (PCdoB), em audiência no Palácio dos Leões à qual compareceram também os secretários de Estado da Casa Civil. Marcelo Tavares que já presidiu o Poder Legislativo, e o de Comunicação e Articulação Politica, Márcio Jerry. Compareceram todos os nove deputados membros eleitos para a nova Mesa Diretora, quais sejam: Presidente – Humberto Coutinho (PDT); 1º Vice-Presidente – Othelino Neto (PC do B); 1º Secretário, Ricardo Rios (PEN); 2º Vice-Presidente – Fábio Macedo (PDT); 2º Secretário – Stênio Rezende (DEM); 3º Vice-Presidente – Josimar de Maranhãozinho (PR); 4º Vice-Presidente, Adriano Sarney (PV); 4º Secretário – Nina Melo (PMDB). O presidente Humberto Coutinho justificou a presença da Mesa Diretora recém eleita como uma visita de caráter institucional ao chefe do Poder Executivo, durante a qual ele reafirmou o compromisso de que os dois Poderes trabalhem em harmonia e parceria na defesa dos interesses do Maranhão. “Foi um momento muito importante porque se manifestou e se renovou a vontade recíproca de manter-se o relacionamento harmonioso entre o Poder Executivo e o Legislativo”, acrescentou. O que chamou a atenção na visita foi a presença do deputado Adriano Sarney (PV), o mais duro adversário e crítico do Governo Flávio Dino, e a deputada Nina Melo (PMDB), que faz uma oposição moderada, mas mantém o discurso anti-governista. A audiência, porém, transcorreu em clima de muita descontração e civilidade política.
Desvio em Bacabal e água suja em Timon
Dois discursos feitos ontem na Assembleia Legislativa – um pelo deputado Roberto Costa (PMDB) e outro pelo deputado Alexandre Almeida (PSD) – produziram uma ideia interessando de como estão avançando o embate eleitoral em municípios como Bacabal e Timon.
Em franca caminhada na direção da prefeitura de Bacabal, o pemedebista Roberto Costa fez ontem, na tribuna, uma forte denúncia contra o prefeito José Alberto, que deve ser candidato á reeleição. Roberto Costa relatou ao plenário do Legislativo o genro e a filha do prefeito seriam os verdadeiros proprietários de uma empresa contratada pela Prefeitura para construir calçadas e meio fio em ruas onde máquinas e trabalhadores até agora não chegaram, apesar de a Prefeitura já haver efetuado pagamentos de mais de R$ 1 milhão. ”É um escândalo”, bradou o pemedebista, acrescentando que “o prefeito está beneficiando seus parentes como se a Prefeitura fosse de sua propriedade”. Roberto Costa informou aos deputados que vai levar o caso ao Ministério Público, por estar convencido de que parentes do prefeito estão sendo fortemente beneficiados com dinheiro público.
Já o deputado Alexandre Almeida (PSD), candidato assumido á prefeitura de Timon, subiu à tribuna com duas garrafas de plástico contendo uma agua escura, que segundo ele está sendo consumida pela população timonense. Para lembrar: o abastecimento de água de Timon é hoje feito por uma empresa privada, mediante contrato firmado com a prefeitura por meio de licitação. Há tempos Alexandre Almeida vem batendo na tecla de que o contrato é ilegal e que o serviço prestado pela empresa deixa a desejar. Ontem. Ele levou a denúncia a um grau de confronto, principalmente quando, ao exibir o frasco com a água suja, sugeriu que ela fosse ingerida pelo deputado Rafael Leitoa (PDT), primo e defensor do prefeito Luciano leitoa (PSB). Foi um momento curioso e que certamente vai entrar para o folclore da política estadual.
São Luís, 16 de Março de 2016.
Eliziane está só tumultuando o partido, não está querendo ir pra agregar absolutamente nada!
Estão certos, tem que rechaçar Eliziane mesmo, que quer a qualquer custo usar o partido como bem entender.