Barrado pela Justiça Eleitoral, Ivo Rezende sai da disputa e indica Miltinho Aragão em São Mateus

Ivo Rezende, visivelmente abatido,
anuncia um animado Miltinho Aragão

A desistência do prefeito de São Mateus (43 mil habitantes), Ivo Rezende (PSB), de tentar obter o direito a disputar a reeleição, que lhe foi negado pela Justiça Eleitoral, traz à tona alguns aspectos importantes e de forte simbolismo político. Ele teve sua candidatura impugnada por haver assumido o cargo de prefeito quando era vice-prefeito, o que o impede de tentar novo mandato, já que, com base na legislação, sua reeleição já aconteceu em 2020. A impugnação da candidatura foi confirmada pela Justiça Eleitoral, tornando-o inelegível neste pleito. Ivo Rezende poderia tentar reverter a decisão batendo às portas do TRE e do TSE, mas a sentença foi tão precisa e tão contundente que ele achou melhor não correr o risco de um desgaste maior. Ontem, o prefeito anunciou sua saída do páreo e indicou o ex-prefeito Miltinho Aragão (PSB) como substituto.

O primeiro aspecto a ser considerado é o fato de Ivo Rezende, um dos mais destacados líderes da novíssima geração de políticos maranhenses, que alcançou projeção estadual como presidente da Federação dos Municípios do Maranhão (Famem), ter a sua carreira temporariamente interrompida por uma tentativa de driblar a lei. Ele sabia que não poderia pleitear a reeleição, uma vez que esse direito foi exercido em 2020. Chama a atenção o fato de um jovem político, que deveria ser referência para todos as centenas de candidatos a prefeito, sair da disputa de maneira vexatória, ainda com a responsabilidade de continuar presidente da Famem até o final deste ano, já que a partir de 1º de janeiro do ano que vem ele não poderá continuar no comando da entidade – que via de regra só realiza eleição em meados de janeiro.

O segundo aspecto que vale a pena registrar foi a firmeza com que a Justiça Eleitoral acatou, confirmou e consumou a impugnação da candidatura do prefeito de São Mateus, proposta pelo candidato do Podemos, Coronel Rovélio, e pela coligação “São Mateus é de Todos Nós”.  Ao ser confrontado com os fatos, o juiz Aurimar de Andrade Arrais Sobrinho indeferiu de pronto a candidatura do prefeito. Isso porque, se Ivo Rezende concorresse e fosse eleito, obteria um terceiro mandato consecutivo, o que é vedado por lei. A decisão, claramente sustentada no que reza a regra, causou uma discreta, mas efetiva, agitação no meio político. Os políticos mais sensatos entenderam a decisão do magistrado como um recado direto e certeiro, que ecoou em todos os partidos e comitês de campanha: a Justiça não vai tolerar qualquer tentativa de burla à lei. E foi exatamente a resposta da Justiça que fez com que Ivo Rezende se conformasse com o indeferimento da sua candidatura e providenciar o substituto em tempo hábil – o prazo para tal terminou à meia noite de ontem.

E o terceiro aspecto foi a escolha do ex-prefeito e atual suplente de deputado estadual no exercício do mandato, Miltinho Aragão (PSB), como substituto. Político experiente, com forte liderança em São Mateus, ele foi eleito prefeito em 2012 e se reelegeu em 2016 tendo Ivo Rezende como vice. Durante o mandato, na condição de vice-prefeito ele assumiu a Prefeitura em razão de uma licença médica do titular. Em 2020 ele disputou o cargo e se elegeu prefeito de São Mateus, mas a substituição temporária do prefeito naquele momento o tornou inelegível para reeleição em 2024.

Se tiver sua candidatura deferida pela Justiça Eleitoral – e pelo visto não há motivo para não ter -, Miltinho Aragão, atual suplente de deputado no exercício do mandato e apoiado pelo governador Carlos Brandão (PSB), enfrentará nas urnas Atanildo de Oliveira (PDT), Mesquita (PMB) e Rovélio (Podemos). O último é coronel da reserva da PM, entrou para a política incentivado pelo então governador Luiz Rocha e já foi prefeito de São Mateus.

Não há dúvida de que a situação que envolveu o prefeito Ivo Rezende criou um embaraço político para o Palácio dos Leões, que o tinha na lista dos prováveis eleitos. Agora, o comando do PSB vai apostar todas as suas fichas na candidatura de Miltinho Aragão, que é, de fato, o grande líder político de São Mateus.

PONTO & CONTRAPONTO

Correção: quem lidera em Santo Antônio dos Lopes é Cibelle Napoleão e não Ana do Gás

Cibelle Napoleão lidera em
Santo Antônio dos Lopes

Na edição de ontem, a Coluna publicou informações comentadas sobre a participação de deputados estaduais na disputa por prefeituras. E informou que entre os oito parlamentares que estão na corrida, a deputada Ana do Gás (PCdoB) estaria liderando a disputa em Santo Antônio dos Lopes, sua principal base eleitoral. Informação errada.

Ontem, o tradicional e respeitado instituto Econométrica publicou pesquisa sobre a disputa naquele município, e os números encontrados são os seguintes: Cibelle Napoleão (PL) lidera com 67,3% das intenções de voto, estando a deputada Ana do Gás em segundo com 27%. Ali, 5,2% não souberam ou não quiseram responder e apenas 0,6% disseram que votarão em branco ou anularão o voto.

De acordo com as informações estatísticas da Econométrica, a vantagem de Cibelle Napoleão é tão ampla e densa que nada menos que 60% dos entrevistados disseram que ela será eleita prefeita, enquanto apenas 23,9% responderam acreditar que a eleição será vencida por Ana do Gás.

Como a disputa se dá entre apenas duas candidatas, os números da Econométrica indicam que o eleitorado de Santo Antônio dos Lopes já se posicionou. Tanto que, se a eleição fosse agora e todos os indecisos optassem por Ana do Gás, isso em nada alteraria o desfecho do embate, já que dificilmente a candidata do PCdoB reverteria uma diferença que alcança 40 pontos percentuais.

Além dessa correção, a Coluna corrigirá o texto anterior com a informação de que a deputada Ana do Gás não lidera a disputa em Santo Antônio dos Lopes.

Em Tempo: A pesquisa Econométrica realizada entre os dias 5 e 7 de setembro, ouviu 330 eleitores, tem margem de erro 5,4 pontos percentuais, para mais ou para menos, intervalo de confiança de 95%, e está registrada na Justiça Eleitoral sob o protocolo MA-04309/2024.

PCdoB enfrenta crise pela sobrevivência na corrida às Prefeituras

Márcio Jerry comanda o PCdoB no estado

A campanha para as eleições municipais está repetindo um fenômeno que tem acontecido com frequência no Maranhão: a derrocada de partidos que dominaram a política estadual em tempos recentes. É o que aconteceu com o PDS, o DEM, o MDB, o PDT, e agora atinge em cheio o PCdoB.

Comandado no Maranhão pelo ativo deputado federal Márcio Jerry, o velho “partidão”, que dominou a política estadual no primeiro e até metade do segundo mandato do governador Flávio Dino, elegendo ele próprio, deputados federais, deputados estaduais, prefeitos e vereadores nas mais diversas regiões do estado, encontra-se agora numa situação de luta tenaz pela sobrevivência.

Nestas eleições, além de não ter nome disputando em São Luís, por exemplo, o PCdoB vê seus candidatos mergulhados em situação de penúria eleitoral. O seu candidato mais destacado, o ex-deputado estadual Marco Aurélio, amarga o quarto lugar na corrida à Prefeitura de Imperatriz, apesar do apoio explícito do presidente Lula da Silva e do PT. A deputada Ana do Gás está em segundo lugar – muito atrás da primeira colocada – na corrida pela Prefeitura de Santo Antônio dos Lopes.

E para complicar ainda mais a situação do partido, o prefeito de Barreirinhas, Amílcar Rocha, um dos seus quadros mais prestigiados, desistiu de concorrer à reeleição devido à forte rejeição do eleitorado, que resolveu apostar um candidato jovem, Vinícius Vale (MDB), que vem liderando a corrida.

O PCdoB briga pela sobrevivência como membro da Federação Brasil Esperança, da qual fazem parte o PT e o PV.

São Luís, 17 de Setembro de 2024.

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