Na semana que passou, numa conversa informal, o presidente regional do MDB, ex-governador João Alberto, afirmava que o partido não tinha ainda nome definido para disputar a Prefeitura de São Luís, confirmava o projeto de pré-candidatura do ex-deputado federal Victor Mendes nessa direção, e sinalizava que outras possibilidades poderiam estar a caminho. Mais cedo do que se podia imaginar, uma dessas possibilidades surgiu ontem, no final da manhã, numa conversa na sala do presidente emedebista, na sede do partido. Ali, na presença do ex-presidente José Sarney, do deputado federal João Marcelo e do presidente do partido na Capital, André Campos, o dublê de pai-de-santo e vereador Astro de Ogum (PP), que presidiu a Câmara Municipal, declarou que se o partido aceitar, ele está à disposição para ser o candidato do MDB à sucessão do prefeito Edivaldo Holanda Jr. (PDT), na corrida eleitoral do ano que vem. Em resposta, o presidente do MDB disse ter sido uma satisfação ouvir a proposta, que o partido tem interesse em analisá-la, e afirmou que o partido está de portas abertas para receber a sua filiação e do seu grupo. A entrada de Astro de Ogum na lista de possíveis candidatos do MDB mostra, de um lado, que o partido tenta encontrar um caminho e, de outro, que o Grupo Sarney está determinado a ter uma participação expressiva na guerra pelo poder na Capital.
O passo de Astro de Ogum na direção do MDB aconteceu ontem, no final da manhã. João Alberto recebia a visita do ex-presidente José Sarney. Os dois conversavam juntamente com o deputado João Marcelo. Astro de Ogum, que aguardava a oportunidade, foi informado e imediatamente se deslocou para a sede do MDB, acompanhado de um pequeno grupo. Ali chegando, não perdeu tempo e se declarou interessado em se filiar ao partido e ser o candidato emedebista à sucessão do prefeito Edivaldo Holanda Jr.. Sua proposta foi ouvida com atenção, ele foi elogiado por José Sarney e João Alberto, que o consideraram um bom nome, mas nada ficou decidido. Astro de Ogum, no entanto, deixou a sede do MDB otimista quanto à possibilidade de ser o candidato do Grupo Sarney.
Atual 1º vice-presidente da Câmara Municipal, cargo com o qual teve de se contentar depois que tentou em vão se reeleger presidente no pleito antecipado do qual saiu eleito o vereador Osmar Filho (PDT), o vereador Astro de Ogum vem se afastando progressivamente da aliança partidária liderada na Capital pelo prefeito Edivaldo Holanda Jr., embora não tenha ainda se declarado de Oposição ao Governo Municipal. Sua movimentação na direção do MDB confirma essa tendência, o que na verdade é uma espécie de “volta às origens”, já que ingressou na política pelas veredas do sarneysismo. Isso explica em parte a boa vontade com que foi recebido e também o seu visível afastamento do PDT e seus aliados.
Astro de Ogum se elegeu para este mandado pelo PR, hoje PL, partido controlado com mão de ferro pelo deputado federal Josimar de Maranhãozinho. E se está tentando ingressar o MDB, é porque certamente encontra-se insatisfeito no partido. Essa insatisfação pode ser explicada pelo fato de Josimar de Maranhãozinho vir há tempos tentando encontrar um nome de peso que aceite disputar candidato a prefeito da Capital. Na sua busca, o presidente do PL tentou atrair o deputado federal Eduardo Braide, que preferiu trocar o PMN pelo Podemos, e sondou também o deputado estadual Duarte Jr., que preferiu permanecer no PCdoB, pelo qual poderá vir a ser candidato. Mas em nenhum momento cogitou lançar o ex-presidente da Câmara, situação incômoda que pode ter contribuído para estimular Astro de Ogum a buscar outro pouso partidário, de preferência que lhe dê a vaga de candidato a prefeito.
Na conversa de ontem gerou uma proposta de Astro de Ogum e um gesto de boa vontade da cúpula do MDB, não houve batimento de martelo sobre o assunto tendo havido qualquer definição nesse momento é improvável que o vereador Astro de Ogum se filie ao MDB e seja alçado candidato a prefeito de São Luís. Por outro lado, é verdadeiro que na situação em que se encontra, o MDB acolha o ex-presidente da Câmara Municipal nas suas fileiras e – quem sabe? – possa até mesmo vir a dar-lhe a vaga de candidato. Nesse sentido, o ex-governador João Alberto foi preciso: “Não podemos dizer que dessa água não beberemos”.
PONTO & CONTRAPONTO
Weverton Rocha quebra silêncio e diz ser contra a expulsão de Gil Cutrim e outros “rebeldes” do PDT
O senador Weverton Rocha quebrou ontem, em entrevista à Rádio Difusora FM, o silêncio cuidadoso que vinha mantendo em relação ao caso dos oito deputados federais do PDT, entre eles o maranhense Gil Cutrim, que votaram a favor do projeto de Reforma da Previdência contrariando a orientação do partido. O comandante o PDT no Maranhão, se posicionou enfaticamente contrário à expulsão dos “rebeldes”, e revelou que se o Conselho de Ética da agremiação sugerir à Executiva Nacional – que tem palavra final – a expulsão dos parlamentares, ele votará contra.
Weverton Rocha é favorável que os oito “rebeldes” sofram algum tipo de punição, como uma censura, por exemplo, alegando que eles seguiram a orientação partidária se posicionando a favor da Aposentadoria Rural, o Benefício de Prestação Continuada (BPC) – que o texto original propunha extinguir – e contra a Capitalização. Para ele, o partido também tem de olhar para si, por não ter tido poder de convencimento dos filiados. “A punição tem a pena máxima de expulsão. Mas não precisa ser. Imagina se um pai expulsa um filho a cada erro. Não teria família. O caminho é o diálogo, o convencimento. Temos que ver porque não convencemos nossos filiados a seguir o nosso entendimento”, argumentou, em tom de alerta.
Político que enxerga mais de um palmo além do nariz, o senador Weverton Rocha sabe o quanto o PDT perderá se expulsar os oito deputados, entre eles a paulista Tábata Amaral, um dos fenômenos produzidos pelas urnas em 2018 e que vem se destacando na Câmara Federal principalmente na área da Educação. Certamente já calculou o preço que o PDT do Maranhão pagará se o deputado Gil Cutrim for expulso e levar junto o irmão, deputado estadual Glaubert Cutrim, 1º vice-presidente da Assembleia Legislativa, o apoio do conselheiro do TCE Edimar Cutrim – que trabalha com a possibilidade de vir a ser candidato a prefeito de São José de Ribamar pelo PDT – e um bom número de aliados. Empenhado na preparação do PDT para as eleições municipais com o objetivo de alcançar um desempenho que embale sua pré-candidatura ao Governo do Estado, Weverton Rocha não vai perder um quadro com esse peso por causa de um voto que, afinal, “não foi tão mal assim”, como ele próprio reconhece.
Presidente da Famem promete pedir apoio de Bolsonaro contra bloqueio de FPM de municípios
O presidente da Federação dos Municípios do Maranhão (Famem), Erlânio Xavier (PDT), disse ontem que poderá bater às portas do Palácio do Planalto para pedir o apoio do presidente Jair Bolsonaro (PSL) contra o bloqueio ou retenção, pela Receita Federal, de duas das três cotas de FPM de municípios maranhenses de Julho, para cobrir dívidas das Prefeituras com a Previdência Social, cobradas pela União. Ele assumiu tal compromisso argumentando que o caso exige a busca de todos os meios possíveis de solução. “Acho que neste momento de crise não existe bandeira de esquerda ou de direita. Nossa bandeira é a bandeira dos municípios, temos que bater na porta da Presidência da República para encontrarmos uma solução para este estado de calamidade que enfrentamos”, justificou.
Não há dúvidas de que o bloqueio ou a retenção de duas das três parcelas da cota de um mês de uma Prefeitura maranhense causa um problema grave, começando pelo não pagamento da folha de pessoal e outras obrigações só cobertas por esses recursos, já que esses municípios não têm renda própria, sendo inteiramente dependentes do FPM. O dinheiro bloqueado ou retido não entra no bolso dos servidores e fornecedores, não circula no comércio local e isso produz uma cadeia de consequências, que acabam resultando numa pequena tragédia socioeconômica municipal. Um problema dessa natureza alcançando quase três dezenas de municípios, entre eles alguns de peso, como Pedreiras Rosário e Santa Rita, por exemplo, desencadeia uma pequena crise no estado.
Participaram da reunião na Famem prefeitos de Amapá do Maranhão, Anajatuba, Bacabal, Bernardo do Mearim, Boa Vista do Gurupi, Colinas, Conceição do Lago-Açu, Dom Pedro, Esperantinópolis, Fortuna, Igarapé Grande, Governador Archer, Grajaú, Guimarães, Lago Verde, Lagoa Grande, Paraibano, Paulo Ramos, Pedreiras, Rosário, Santa Rita, São Benedito do Rio Preto, São João Batista, São José dos Basílios, São Luís Gonzaga, Vitorino Freire e Vitória do Mearim. Isso quer dizer que pelo menos R$ 15 milhões deixaram de circular, bolada que pode aumentar se a terceira parcela do FPM deste mês, que sai nesta terça-feira, for também bloqueada ou retida. Mais do que isso: é possível que um número bem maior de municípios esteja encrencado com esse problema, podendo representar a não injeção muitos milhões de reais na economia desses municípios.
Na busca de uma solução para o impasse em Brasília, a Famem pretende atacar em duas frentes: uma judicial e outra política. No campo judicial, tentará desbloquear os valores por meio de ações formais na Justiça. Já no campo político, recorrerá à bancada federal para que pressione a Receita Federal, podendo chegar ao presidente da República, como sugeriu o presidente Erlânio Xavier. A guerra judicial-política será travada por Uma Comissão de prefeito formada Alexandre Lavepel (Conceição do Lago-Açu), Dr. Francisco (Lago Verde), Chico Freitas (Lagoa Grande), Antônio França (Pedreiras), Milton Aragão (São Mateus) e Arlindo Filho (Fortuna).
São Luís, 30 de Julho de 2019.