Assembleia retoma atividades com foco político; Iracema ganha força e é lançada ao Senado

Iracema Vale, que tem ao lado os deputados Davi Brandão e
Júnior Cascaria reafirmou seu apoio ao governador
Carlos Brandão e à pré-candidatura de Orleans Brandão

Com o plenário renovado pelo novo sistema eletrônico – painel de votação, estrutura de comunicação e de som – que dá suporte aos trabalhos legislativos, a Assembleia Legislativa reuniu ontem 36 dos 42 deputados para a sessão de retomada das atividades parlamentares, e como não poderia deixar de ser, os movimentos políticos e partidários voltados para as eleições do ano que vem dominaram as conversas e parte das manifestações na tribuna. Nesse contexto, em que foi alvo de elogios pelas mudanças, a presidente do Poder Legislativa, deputada Iracema Vale (PSB), entrou no plenário como chefe do Poder e dele saiu apontada como nome forte para a reeleição e até mesmo como opção do grupo governista para a segunda vaga de senador. Ela esteve também no epicentro das conversas envolvendo o futuro do PSB, que nos próximos dias deve sair do controle do governador Carlos Brandão para ser controlado pelo grupo político ligado ao ministro Flávio Dino (STF).

Em concorrida entrevista, que concedeu no intervalo da sessão, a presidente da Assembleia Legislativa demonstrou, mais uma vez, por que é apontada como o principal nome da base governista depois do governador Carlos Brandão. Sem demonstrar qualquer traço de dúvida ou insegurança, a deputada-presidente defendeu a decisão do governador de permanecer no cargo até o fim do mandato, elogiou o conjunto das obras do Governo do Estado, e reafirmou, sem deixar dúvidas, o seu apoio ao projeto de candidatura do secretário de Assuntos Municipalistas, Orleans Brandão (MDB), à sucessão de Carlos Brandão. Ela garantiu que o grupo, formado em grande parte por deputados estaduais, está fechado com o governador e com o pré-candidato do grupo a governador.

Com habilidade, Iracema Vale minimizou a crise no PSB, dizendo acreditar que possa haver um diálogo pelo qual o partido permaneça sob o comando do governador Carlos Brandão, quando já seria fato consumado que a legenda socialista vai mesmo sair do controle governista para ser entregue ao chamado grupo dinista, de oposição. “Nós não gostaríamos de sair do partido dessa forma”, declarou, acrescentando: “Ainda acreditamos numa ponderação, acreditamos que o nosso presidente nacional do partido escute os deputados, escute aqueles que têm representatividade no partido, com mandato, para que a gente conduza o nosso partido ainda nessas próximas eleições”, declarou, admitindo, porém, que essa é a sua expectativa, que pode não ser o que vai acontecer.

A presidente da Assembleia Legislativa não se manifestou qual será o seu caminho partidário se a saída do PSB vier a se confirmar, como está sendo prevista.

Com a mesma firmeza, Iracema Vale reafirmou o seu apoio e do seu grupo ao projeto de reeleição do senador Weverton Rocha (PDT), que segundo ela é uma situação já resolvida. E perguntada sobre a outra vaga de senador – que tem a senadora Eliziane Gama (PSD), os deputados federais André Fufuca (PP), que é ministro do Esporte, e Pedro Lucas Fernandes (União) como postulantes -, ela respondeu que está aguardando uma sinalização do governador Carlos Brandão sobre o assunto. Momentos depois, de volta ao plenário, a presidente da Assembleia Legislativa foi surpreendida pelo deputado Adelmo Soares (PSB), que em discurso empolgado, a lançou candidata ao Senado.

A presidente da Assembleia Legislativa deixou nos seus entrevistadores a forte impressão de que o seu peso no grupo aumenta a cada dia, o que a credencia como nome forte um projeto eleitoral bem mais amplo do que a simples reeleição de deputada estadual. Não foi sem razão que o deputado Adelmo Soares fez um discurso tão empolgado lançando-a pré-candidata ao Senado.

PONTO & CONTRAPONTO

Destino do PSB no Maranhão deve ser decidido nos próximos dias

Carlos Brandão e Ana Paula Lobato disputam o PSB

Caminha para um desfecho, provavelmente nesta semana, a disputa pelo controle do PSB no Maranhão. O governador Carlos Brandão se movimenta para manter a legenda como base partidária dele e do seu grupo, e o chamando Grupo Dinista trabalha para retomar o domínio na agremiação, que foi presidida por Flávio Dino até dias antes de ele renunciar ao mandato de senador e assumir cadeira no Supremo Tribunal Federal.

A presidente da Assembleia Legislativa. Iracema Vale, disse que espera que o diálogo faça com que o PSB permaneça na seara brandonista, enquanto nos bastidores se dava como certo que a direção nacional já fechou questão e quer o partido sob o controle do grupo oposicionista.

Até onde se sabe, a direção nacional decidiu que o PSB será entregue à senadora Ana Paula Lobato, que está de saída do PDT para retornar à legenda socialista, pela qual se elegeu suplente de senador em 2022 Junto com ele, assumirão os deputados Othelino Neto, que está deixando o Solidariedade, e Carlos Lula e Francisco Nagib.

Se a troca de comando se consumar, o PSB vai perder nada menos que sete deputados estaduais, que formam a linha de frente da base governista na Assembleia Legislativa: Iracema Vale, Andrea Rezende, Antônio Pereira, Daniella Gidão, Davi Brandão, Florêncio Neto e Edson Araújo – Adelmo Soares, que é suplente no exercício do mandato, também deixará o partido.

A grande incógnita é Duarte Jr., o único deputado federal do PSB do Maranhão. Ele ainda não se manifestou com clareza a respeito do seu futuro. Se deixar o partido, se manterá na base de apoio do governador Carlos Brandão. Se ele permanecer na legenda, confirmará sua ligação com o grupo dinista, do qual foi linha de frente, o que significará um rompimento com o grupo brandonista. Há quem diga que Duarte Jr. poderá deixar o PSB, mas não seguirá o grupo governista para o MDB, preferindo uma terceira via.

Essa novela, com ritmo de minissérie, terá seu desfecho conhecido em poucos dias.

Carlos Lula reafirma que projeto do grupo dinista é a candidatura de Felipe Camarão

Carlos Lula reafirma
apoio a Felipe Camarão

“O nosso projeto é a candidatura do vice-governador Felipe Camarão e a reeleição do presidente Lula. Não há como mudar isso”. A declaração, feita de maneira enfática, foi pronunciada pelo deputado estadual Carlos Lula, que juntamente com o deputado Francisco Nagib, se mantém no PSB e faz dura oposição ao governador Carlos Brandão, que ainda controla o partido no Maranhão.

Expressando a posição do chamado Grupo Dinista, do qual é o membro mais atuante, Carlos Lula já vê a permanência do governador Carlos Brandão no cargo e a pré-candidatura do secretário Orleans Brandão (MDB) como fatos consumados. Nesse cenário, ele não vê qualquer possibilidade de reatamento da corrente dinista com o governador Carlos Brandão.

– Não fomos nós que saímos. Foi ele que nos tirou da base governista. E isso é irreversível. O governador nos fechou a porta, trancou-a e jogou a chave fora, e ainda colocou cimento em cima – declarou Carlos Lula, que afirma que não permanecerá no partido se ele continuar sob o controle do governador Carlos Brandão.

Carlos Lula não vê o vice-governador Felipe Camarão (PT) quase isolado no contexto da disputa pelo comando do Estado. Ao contrário, o parlamentar dinista afirma que a candidatura do vice-governador ao Palácio dos Leões é fato irreversível. E perguntado como viabilizar a candidatura, que nas pesquisas aparece em quarto lugar, Carlos Lula rebate afirmando que Felipe Camarão é bem avaliado e que pesquisas internas apontam que o vice-governador tem lastro para disputar o pleito com chances de eleição.

– Nada está definido. Estamos longe da eleição. Tem muito tempo pela frente. E até lá muita água vai correr, muita coisa vai acontecer – declarou.

São Luís, 06 de Agosto de 2025.

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