De todos os eventos ocorridos na semana relacionados com a sucessão no Governo do Estado, o fato de maior peso político foi o discurso do deputado estadual Adriano Sarney, presidente do braço do PV no Maranhão, declarando apoio dele e do partido à pré-candidatura do vice-governador Carlos Brandão (PSDB) a governador. Não se trata de um apoio que lhe garanta um caminhão de votos nem lhe assegura vantagens do tipo tempo de rádio e TV. A importância está no farto der que a manifestação do deputado Adriano Sarney pode ser a senha para que o que restou do Grupo Sarney, tendo o MDB como segmento mais forte e organizado, está se movimentando na mesma direção, em que pese aí o fato de a ex-governadora Roseana Sarney ainda esteja fazendo charme com as duas dezenas de pontos percentuais que vem obtendo nas pesquisas de intenção de voto.
Por maior que seja a sua autonomia política como parlamentar de segundo mandato e presidente de partido, o deputado Adriano Sarney não tomaria uma decisão dessas sozinho. Ele no mínimo consultou o pai e guru político, o ex-deputado federal Sarney Filho, atualmente secretário de Meio Ambiente do Governo do Distrito Federal. É provável que ele tenha também conversado com o avô e líder maior do grupo, o ex-presidente José Sarney (MDB), podendo ter também trocado uma ideia com a tia, a ex-governadora Roseana Sarney, que preside o MDB maranhense. Mas a fonte principal das suas orientações política é mesmo o ex-deputado Sarney Filho, que ainda tem muitos aliados no Maranhão, o que dá à manifestação do herdeiro um peso político a ser considerado por Carlos Brandão na montagem da sua base de apoio.
Uma fonte bem situada no território sarneysista sugere que, como o PV, a tendência do MDB é somar força com o vice-governador, não havendo no momento sinais fortes de inclinação pela pré-candidatura do senador Weverton Rocha (PDT). O líder pedetista esteve, de fato, na pauta emedebista, mas uma série de movimentos reduziu seu cacife no grupo, ainda que ele continue tendo vozes emedebistas que advogam a aliança MDB/PDT. Com uma série de gestões e conversas, Carlos Brandão reverteu a tendência pró-Weverton Rocha dentro do MDB. O resultado positivo das investidas inverteu a tendência pró-Brandão, que segundo a fonte da Coluna é hoje majoritária dentro do MDB e de outros segmentos do grupo.
Além da afinidade existente pelo fato de Carlos Brandão haver ingressado na política pelas mãos do ex-governador José Reinaldo Tavares (PSDB) quando o sarneysismo era a força dominante no Maranhão, contribui para a posição do presidente do PV o fato de a eleição de Weverton Rocha para o Senado haver interrompido a trajetória política de Sarney Filho, depois de um mandato de deputado estadual e nove mandatos de deputado federal. Não se trata de dar o troco, mas da dificuldade de um adversário cuja eleição fragilizou o PV no estado. Ao que tudo indica, Adriano Sarney aposta que numa aliança com Carlos Brandão o PV pode ganhar uma sobreviva, inclusive com sua possível reeleição para a Assembleia Legislativa.
A declaração de apoio de Adriano Sarney, como já foi sugerido, pode ser o sinal verde para que o grupo como um todo se mobilize no apoio a Carlos Brandão. É verdade que ainda há tempo para muitas marchas e contramarchar na corrida sucessória, com o senador Weverton Rocha se movimentando para manter a base que construiu até aqui e acrescentar ao seu cacife pelo menos parte dos segmentos ainda alinhados ao ex-presidente José Sarney. Mas nesse momento, a tendência nítida é que na pisada do PV as principais correntes do grupo, a começar pelo MDB, reforcem a base do vice-governador Carlos Brandão.
É essa a fotografia da corrida sucessória do Maranhão no momento.
PONTO & CONTRAPONTO
Executivo e Legislativo encerram ano em perfeita sintonia
O governador Flávio Dino (PSB) e o presidente da Assembleia Legislativa, deputado Othelino Neto (PCdoB) têm dado seguidas demonstrações de que não misturam as relações institucionais com as de natureza partidária. Os dois chefes de Poder pertencem ao mesmo grupo, mas estão trilhando caminhos diferentes na corrida sucessória, com o chefe do Executivo apoiando a pré-candidatura do vice-governador Carlos Brandão (PSDB), enquanto o chefe do Legislativo é apoia a pré-candidatura do senador Weverton Rocha (PDT). Na audiência, presenciada pelo secretário das Cidades, Márcio Jerry, presidente do PCdoB, o presidente do Legislativo relatou ao chefe do Executivo a aprovação da Lei de Diretrizes Orçamentárias, que vai nortear a aplicação de R$ 22,5 bilhões previstos de receita no exercício do ano que vem. Informou também a aprovação da MP 372/2021, proposta pelo governador, concedendo reajuste linear de 9% para os servidores público a partir de fevereiro. O governador foi oficialmente informado da aprovação Projeto de Lei 403/2021, que institui o Estatuto Estadual dos Povos Indígenas, criando também o Sistema Estadual de Proteção a Comunidade Tradicionais, o que cola o Maranhão na vanguarda da luta em defesa dos povos indígenas.
“Conversamos sobre a pauta extensa que tivemos na Assembleia Legislativa nesta que foi a última semana antes do recesso parlamentar. Fizemos um resumo deste ano, onde nós tivemos essa relação de harmonia e respeito com o Poder Executivo, apreciando projetos importantes para o Estado”, avaliou Othelino Neto.
Flávio Dino agradeceu o apoio dos deputados estaduais: “Nessa audiência eu tive a oportunidade de agradecer ao presidente Othelino, ao líder do Governo, o deputado Rafael Leitoa (PDT), e a todos os parlamentares que nos ajudaram em um ano de tantas dificuldades sanitárias, econômicas e sociais, a concretizar bons projetos, desde a alocação de emendas parlamentares para a realização de obras em várias cidades do nosso estado, assim como também, essa atividade legislativa, intensa, importante e produtiva. A minha palavra é de agradecimento por essa relação harmônica, uma relação eficiente, ajudando nosso estado a superar os obstáculos nacionais hoje existentes”.
Vitória da esquerda no Chile é comemorada por Flávio Dino
A eleição do novo presidente do Chile, Gabriel Boric, 35 anos, um deputado de esquerda saído do movimento estudantil e que se consagrou como o mais votado da História chilena, repercutiu fortemente no Brasil, e com ênfase especial no Palácio dos Leões. No Brasil, as forças de esquerda estão vendo no pleito chileno a confirmação de uma tendência iniciada na Argentina no ano passado e que pode ser consolidada no País em no ano que vem, se Lula da Silva (PT) mantiver a performance que vem mostrando nas pesquisas realizadas até aqui. O resultado da eleição chilenas é uma péssima notícia para o presidente Jair Bolsonaro (PL), que apostava alto na eleição do candidato da extrema-direita José Antônio Kast – que civilizadamente reconheceu a derrota com 60% dos votos apurados e telefonou para o vencedor cumprimentando-o “pelo triunfo” e colocando-se à disposição para ajudar seu governo “no que for possível”, abraçando o apelo por união feito pelo presidente eleito. No Maranhão, o governador Flávio Dino, que como Gabriel Boric, saiu do Movimento Estudantil, esteve na Câmara Federal e se elegeu governador numa onda de mudanças, comemorou o resultado da eleição chilena. Ilustrando a mensagem, Flávio Dino postou milhares de chilenos cantado um hino que termina com a célebre frase-manifesto: “O povo, unido, jamais será vencido!”.
São Luís, 20 de Dezembro de 2021.