As coligações partidárias serão fundamentais no cenário que começa a ser de fato desenhado para a corrida à Prefeitura de São Luís. Sua importância envolve os mais diferentes aspectos que embasam as candidaturas, como, por exemplo, o tempo de propaganda eleitoral no rádio e na TV, além dos votos com que os partidos coligados poderão turbinar as chapas que apoiarão. E nesse campo, o deputado federal Rubens Júnior, pré-candidato do PCdoB, sai na frente, construindo uma aliança com cinco partidos, a começar pelo PT. Na mesma direção se movimenta o deputado Neto Evangelista, pré-candidato do DEM que já conta com o apoio do PDT e pode confirmar nos próximos dias o ingresso do PSL na base de apoio ao seu projeto eleitoral. Outras alianças estão sendo articuladas, entre elas a comandada pelo deputado federal Eduardo Braide, pré-candidato do Podemos, que deve confirmar os entendimentos com o PSC e com o PSD, entre outras siglas ainda indefinidas.
Rubens Júnior vem trabalhando duro para ampliar a coligação que vai liderar na corrida às urnas. A base dessa aliança será o PT, que fortalecerá o lastro da candidatura do PCdoB com um expressivo tempo de TV, uma militância aguerrida e, além disso, a indiscutível força do ex-presidente Lula da Silva, associada ao imenso poder de fogo do governador Flávio Dino na Capital. O problema é que o PT está dividido, com uma banda propondo candidatura própria e outra pregando aliança com o PCdoB. Pelos movimentos mais recentes, a aliança vem ganhando força e tudo indica que vai prevalecer. Um dos mais aguerridos defensores da presidente Dilma Rousseff no processo de impeachment, Rubens Júnior tem cacife para propor a aliança, que já tem o apoio do braço do PT em São Luís. Deve ganhar também parte do eleitorado evangélico que segue a senadora Eliziane Gama via Cidadania, além dos eleitores do PP, DC e PMB.
Eduardo Braide trabalha para formar uma coligação que lhe garanta algum tempo de rádio e TV, que serão instrumentos fundamentais na sua campanha. Até aqui, seu parceiro mais certo é o PSC, comandado no Maranhão pelo deputado federal Aluízio Mendes e que tenta ampliar sua presença nacional incentivado pelo remoto sonho presidencial do governador fluminense Wilson Witzel. É possível até que o PSC indique o vice, mas ainda é cedo para confirmação. Outra aliança já confirmada é do Podemos com o PSD, comandado no estado pelo deputado federal Edilázio Júnior, que já declarou expressamente o seu apoio a Eduardo Braide. Aluízio Mendes e Edilázio Júnior são apontados como parte do sarneysismo, mas sua movimentação política sinaliza que buscam independência.
Neto Evangelista está consolidado no DEM e se movimenta agora, intensamente, para oficializar a aliança com o PDT e com o PSL. Em relação ao arraial brizolista, mesmo afirmada e reafirmada pelo senador Weverton Rocha, chefe inconteste do PDT no Maranhão, a aliança do DEM com o PDT ainda está encoberta por uma densa sombra de dúvida, esta motivada pelo distanciamento do prefeito Edivaldo Holanda Júnior dessa movimentação do seu partido. Rumores cada vez mais fortes dão conta de que o prefeito não aprova a aliança PDT/DEM, o que cria, pelo menos, um forte embaraço. Ao mesmo tempo, Neto Evangelista caminha para ter o apoio do PSL, que reúne uma turma com peso eleitoral, como os vareadores Chico Carvalho e Isaías Pereirinha, além do ex-prefeito Tadeu Palácio, que parece disposto a renascer no cenário político de São Luís.
Outras alianças estão sendo desenhadas, com maior ou menor chance de sucesso. Pré-candidato do Republicanos, o deputado estadual Duarte Júnior trabalha para atrair o PSL, enquanto o pré-candidato do PV, deputado estadual Adriano Sarney estaria apostando numa aliança com o MDB, que por sua vez sinaliza com a possibilidade de coligar-se com Neto Evangelista ou com o pré-candidato do PROS, deputado estadual Yglésio Moises. O pré-candidato do PSB, deputado federal Bira do Pindaré, não desistiu de ter o apoio do PT, onde tem muitos apoiadores, e também uma aliança com o PSOL.
Há outros projetos de aliança em andamento, que serão definidos até as convenções marcadas para Setembro. Até lá, muita conversa vai rolar nos bastidores partidários, podendo até surgir alianças diferentes do que as desenhadas agora.
PONTO & CONTRAPONTO
Dino diz que, mais que uma crítica sobre militares, Gilmar Mendes apontou um problema grave
Em vez de um ataque às Forças Armadas ao afirmar que elas estão participando excessivamente das atividades civis no Governo do presidente Jair Bolsonaro, o ministro Gilmar Mendes, do Supremo Tribunal Federal, fez, na verdade, uma crítica e apontou um problema grave. E a reação irada e agressiva de generais que ocupam cargos-chave no Governo Federal foi mais uma demonstração de que o Brasil vive uma situação inédita, inacreditável aos olhos do mundo democrático. Flávio Dino também criticou duramente a situação do Ministério da Saúde e manifestou um fio de esperança com a escolha do novo ministro da Educação, Milton Ribeiro, “depois de 18 meses sem ministro”. Foi a interpretação do Governador Flávio Dino (PCdoB), dada em entrevista à CNN, ontem à tarde, ao ensaio de crise que sacudiu o meio político nacional por conta das declarações do ministro.
Militares X Gilmar Mendes
“Acho que o ministro Gilmar Mendes apontou um problema grave que nós temos hoje no Brasil, que é altíssima ocupação de cargos do serviço público civil por militares. Isto é de constitucionalidade duvidosa, uma vez que são missões e papéis diferentes. Isso se já em vários âmbitos, hoje, na máquina pública federal, inclusive nesta sensível área da Saúde. Creio, portanto, que há um convite à reflexão feito pelo ministro Gilmar Mendes, que longe de despertar reações corporativas, deveria despertar sim uma revisão disto. Do ponto de vista formal, não vejo nenhuma reação para essas reações, que são lamentavelmente corporativistas. In felizmente, as Forças Armadas, ao exercerem esse plexo de funções públicas, de modo inusitado, acabam expostas a esse tipo de crítica. Então, eles têm os bônus, é claro que devem ter os ônus derivados dessa inusitada, inédita, eu diria, assunção de funções públicas civis, que talvez nem na ditadura houvesse se verificado com essa largueza”.
Mudança de postura de Bolsonaro –
“Nos últimos dias as condições institucionais do País melhoraram. Nós temos uma situação em que a ausência do presidente da República é bem-vinda, o que seria a negação quase conceitual da noção de presidencialismo. Quanto mais ausente ele está, melhor para o País. Isto obviamente é um grave problema. Agora, infelizmente, não acredito que isso seja algo que perenize. Eu conheço o Bolsonaro, e o estilo dele é muito singular, eu diria. Nós temos os problemas que o cercam, que cercam seus amigos, familiares e aparentados. Ele deseja estancar processos judiciais. Temos agora a decisão judicial sobre o Queiroz e sua esposa. Acho que a atitude pessoal dele depende muito desses processos. Como eu não acredito que haverá uma espécie de pizza, uma operação abafa, o Ministério Público e a Polícia têm de continuar a apurar os graves indícios que existem. Creio que muito em breve teremos uma tensão institucional derivada do fato de o presidente República não aceitar controles institucionais. Estamos vendo isso com os militares, que reagem mal a uma crítica, como se eles fossem intocáveis. Qual a instituição humana que é intocável? No momento em que querem exercer funções políticas, têm de se submeter ao debate político. Inclusive para serem criticados. Se não querem ser criticados, não assumam funções públicas. Então, como eles reagem mal a até uma crítica, fico realmente pouco esperançoso de que esse amainar do ambiente se estenda. Eu particularmente gostaria de que se estendesse. Só não faço neste instante é acreditar nisto, por conta destes fatores”.
Ministério da Saúde
“Não é possível que em meio a uma pandemia nós tenhamos esse nível de instabilidade gerencial. Isso é de fato inusitado, é realmente quase que inacreditável. Então não há dúvida de que já passou da hora de haver uma equipe estável no Ministério da Saúde. Esse é um problema institucional que o Jair Bolsonaro tem de corrigir o quanto antes”.
Ministério da Educação
Tenho a viva esperança de que finalmente tenhamos um ministro da Educação. Estamos há um ano e meio sem ministro da Educação. Este senhor que foi agora nomeado tem atividades na área, numa universidade privada (Mackenzie) reconhecida no País. É claro que o perfil (do novo ministro) não converge com aquilo que eu particularmente, mas o presidente tem legitimidade popular, uma vez que foi eleito, de escolher os seus auxiliares segundo a sua visão ideológica, que não é a minha. Espero que o ministro tenha a capacidade de renunciar a crenças pessoais – que ele tem o direito de ter – e colocar em primeiro lugar o interesse público, que tenha a capacidade de ouvir, de dialogar. A educação brasileira tem desafios dramáticos”.
Assembleia não terá recesso e manterá a agenda de duas sessões por semana
A Assembleia Legislativa realiza hoje mais uma sessão presencial e dentro das regras. Por causa do período em que o Palácio Manoel Beckman permaneceu fechado por causa da pandemia do novo coronavírus, o presidente Othelino Neto (PCdoB), após ouvir os membros da Mesa Diretora e o Colégio de Líderes, decidiu que não haverá recesso, e que nesse período só haverá sessões deliberativas às Terças e Quartas-Feiras. A estrutura do plenário foi alterada, os deputados trabalham usando máscara, com assessoria reduzida, rigorosamente de acordo com os protocolos universais. Esse “novo normal” será mantido até que o “velho e bom normal esteja plenamente de volta.
São Luís, 14 de Julho de 2020.