Dino diz que em vez estimular ato contra Congresso e Supremo, Bolsonaro deve agir contra crise global

 

Flávio Dino defende “ações urgentes” do Governo Central para minimizar os efeitos da crise global 

Em meio ao impacto da crise econômica mundial causada pelo novo corona vírus e agravada ontem por medidas drásticas adotadas na Itália e por uma guerra entre Arábia Saudita e Rússia pelo mercado de petróleo, transformando a Segunda-Feira, 9 de Março, num dia de pânico no mercado financeiro internacional, com a queda drástica e dramática de bolsas de valores no mundo inteiro, o governador Flávio Dino (PCdoB), antevendo problemas fiscais e financeiro graves para a União, estados e municípios, propôs a adoção de “ações urgentes” por parte do Governo Federal. Para ele, tais ações devem ser adotadas imediatamente, contrariando o argumento do ministro da Economia, Paulo Guedes, avalizado pelo presidente Jair Bolsonaro (sem partido), segundo o qual a resposta para a crise é a aprovação das reformas. E para demonstrar que tem consciência da situação e a convicção de que sabe o que está dizendo, anunciou: “Em face da gravidade do quadro econômico nacional, com consequências ainda imprevisíveis, determinei à equipe de Governo revisão de todo o planejamento de 2020. Precisamos de prudência em um momento de grandes incertezas”, anunciou.

Em face da inércia e da visão dominante no Governo Central,   Flávio Dino criticou o presidente Jair Bolsonaro (sem partido), que em vez de procurar entender essa crise e adotar as medidas necessárias para proteger a já combalida economia do País, utiliza seu tempo e sua condição presidencial para estimular o ato dos seus partidários contra o Congresso Nacional e o Supremo Tribunal Federal, previsto para o próximo domingo. “Por que, em um quadro de crise gravíssima, há quem aposte em mais confusão institucional? É golpismo ou é manobra para esconder incompetência? Ou as duas coisas? O Brasil precisa de paz, respeito à Constituição e ações governamentais efetivas”, assinalou o governador.

Flávio Dino concorda com a importância das reformas tributária e administrativa e com o Pacto Federativo, mas argumenta que há uma situação de urgência causada pela crise de saúde pública e econômica global. No seu entendimento, para evitar que o Brasil seja mais prejudicado do que certamente será, o Governo Central deve adotar medidas fortes, como aplicar recursos públicos em obras fundamentais, estimulando assim a circulação de capital e a geração de empregos.

O governador maranhense discorda frontalmente da postura do Governo Central de manter inflexível a linha liberal de cortar gastos. Ele defende o controle de gastos e o equilíbrio das contas públicas, mas advoga também por investimentos públicos, principalmente em momentos como esse, quando o investimento privado, que tem sempre o caráter especulativo, se recolhe por conta das incertezas que afetam o mundo inteiro, com prováveis consequências mais fortes em países em desenvolvimento, com economias fortes, mas muito dependente dos investimentos estrangeiros, como é o caso do Brasil, cujo crescimento é acanhado – produziu apenas um “pibinho” de 1% no ano passado, quando gigantes como a China crescem a taxas elevadas.

Na linha de economistas que não aprovam a política econômica liberal extremada, focada principalmente no corte de gastos e nas reformas, sem levar em contas a necessidade de investimentos sociais, o governador Flávio Dino avalia que o Brasil corre sério risco de agravar ainda mais a crise econômica interna se não agir urgentemente com ações que estimulem a economia nacional e amenizem os impactos da crise global que só tende a se agravar. Isso porque o agravamento tornará governos e mercados incapazes de prever o que está a caminho. Para o governador, diante da gravidade do quadro em evolução, não basta esperar a aprovação de reformas pelo Congresso Nacional. “Não há dúvida de que a reforma tributária e outras reformas são necessárias. Mas o dólar está chegando a R$ 5, a economia não cresce e o desemprego é gigante. Ações são urgentes. Não basta ficar esperando reformas”, alertou ontem, no twitter.

O governador Flávio Dino não é voz solitária na defesa de que nesse momento o Governo deve agir. Economistas importantes da nova geração, como a brasileira Mônica Debolle, respeitada principalmente nos EUA, onde é voz ativa no meio financeiro, têm o mesmo entendimento, enfatizando que manter a política de não investir e aguardar as reformar é um erro que pode custar muito caro ao País.

 

PONTO & CONTRAPONTO

 

Frente parlamentar proposta por Daniella Tema é criada para combater feminicídio

Em cima: Daniella Tema homenageia Silvia Leite ao lado de Suzan Lucena, Ama Mendonça, Helena Duailibe e Viviane Fontenele. Embaixo: Líderes de movimentos de mulheres festejam a criação da Frente contra o feminicídio

A Assembleia Legislativa instalou ontem a Frente Parlamentar de Combate e Erradicação do Feminicídio. A Frente nasceu de proposição formulada pela deputada Daniella Tema (DEM), aprovada ainda no ano passado, que fechou com 57 casos de feminicídio no Maranhão, número considerado alarmante – neste ano já são 10 casos registrados até aqui. A instalação se deu em sessão solene presidida pela deputada Daniella Tema, com a presença da deputada Helena Duailibe (Solidariedade), procuradora da Mulher da Assembleia Legislativa, da deputada Mical Damasceno (PTB), e da deputada licenciada Ana Mendonça (PCdoB), atual secretária de Estado da Mulher, e de representantes de várias organizações de defesa e apoio à mulher, entre elas a ativista Silvia Leite, homenageada com a Medalha Manoel Beckman, a maior honraria do Legislativo maranhense.

Desde que chegou à Assembleia Legislativa, em fevereiro do ano passado, a deputada Daniella Tema tem se destacado por um discurso de forte viés social, com ênfase para a área de saúde, que conhece bem a partir da sua formação de nutricionista e sua experiência exitosa de diretora-geral do Hospital Regional de Presidente Dutra, que comandou por mais de três anos. Na mesma linha, tem tratado de temas delicados, entre eles os problemas ainda enfrentados pela mulher na sociedade atual, e nesse contexto, o feminicídio. No ano passado, diante do número crescente de assassinato de mulheres no Maranhão, tratou do assunto várias vezes na tribuna, criticou a presença forte do machismo na sociedade maranhense e defendeu a adoção de políticas de apoio à mulher, estimulando no sentido de que ela alcance a necessária igualdade de direitos.

A Frente Parlamentar de Combate e Erradicação do Feminicídio começou a ganhar forma no dia 11 de novembro de 2019, quando a deputada Daniella Tema encaminhou à Mesa Diretora da Assembleia projeto de resolução legislativa criando a organização parlamentar, que foi acatado pelo presidente Othelino Neto (PCdoB) e referendado unanimemente pelo plenário. E a julgar pela disposição de Daniella Tema, que vai presidi-la, a Frente Parlamentar de Combate e Erradicação do Feminicídio poderá se transformar de fato num instrumento efetivo de ação contra essa inaceitável chaga social.

 

Disputa em Matões será guerra política pesada entre os Coutinho e os Pereira

Gabriel Tenório e a festa da sua filiação ao PP com o apoio dos Pereira em Matões

Chamou a atenção o tamanho da festa que marcou a filiação de Gabriel Tenório ao Progressista para disputar a Prefeitura de Matões enfrentando o prefeito Ferdinando Coutinho (PSB). Ali desembarcaram ninguém menos que o presidente nacional do partido, senador Ciro Nogueira (PI), o presidente estadual da legenda, deputado federal André Fufuca, e o deputado federal licenciado Rubens Júnior, pré-candidato a prefeito de São Luís pelo PCdoB, e o prefeito de Caxias, Fábio Gentil (Republicano), além de Rubens Pereira e Suely Pereira, ex-prefeitos do município. Os Pereira foram aliados do prefeito Ferdinando Coutinho enquanto o deputado Humberto Coutinho viveu. Com a sua morte, o Grupo Coutinho perdeu sua referência e começou a sofrer um processo de enfraquecimento, perdendo aliados em vários municípios. Após romperem com Ferdinando Coutinho, Rubens Pereira e Rubens Júnior lançaram a pré-candidatura de Suely Pereira, mas logo a retiraram diante das pesquisas que indicaram uma forte polarização entre Fernando Coutinho e Gabriel Tenório. Há quem diga que o desfecho daquela disputa é imprevisível.

Chama atenção também o fato de que a eleição em Matões – um pequeno município com pouco mais de 30 mil habitantes e situado o Leste maranhense, a quase 500 quilômetros de São Luís – será uma guerra que terá reflexos muito além das suas fronteiras. Por trás do prefeito Fernando Coutinho está o Grupo Coutinho, comandado pela deputada Cleide Coutinho (PDT), aliada de primeira hora do Palácio dos Leões. Embalando Gabriel Tenório está a família Pereira, também fortemente ligada aos Leões. Antes aliados incondicionais, os Coutinho e os Pereira viraram adversários figadais. Tanto que na cúpula do Grupo Coutinho há vozes convocando aliados a fazerem campanha contra Rubens Júnior em São Luís.

São Luís, 10 de Março de 2020.

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