Pedra cantada: Andrea Murad e Rogério Cafeteira estão saindo de controle.

 

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Andrea Murad e Rogério Cafeteiras: confronto fora dos padrões parlamentares

 

Estava escrito nas estrelas e registrado nesta Coluna que o clima de beligerância envolvendo os deputados Andrea Murad (PMDB), de oposição, e Rogério Cafeteira (PSC), líder do Governo, desembocaria numa situação imprevisível, mas certamente em descompasso com a postura parlamentar. A primeira eclosão aconteceu ontem, no plenário do Palácio Manoel Bequimão, onde Andrea Murad fez um discurso indignado, acusando Rogério Cafeteira de tê-la atacado com palavras de baixo calão, desrespeitosas, inteiramente incompatíveis com o padrão civilizado que deve ter discurso feito por detentor de mandato. Principalmente quando ele estiver se referindo a um colega, independente de gênero, da condição política e do grau das suas diferenças.

Integrando uma comissão parlamentar que foi a Timon inspecionar obras, o deputado Rogério Cafeteira, depois de tomar conhecimento de que um blog teria publicado que os deputados estariam farreando em vez de trabalhando, atribuiu a “informação” a uma ação do ex-deputado Ricardo Murad para atingi-lo. E numa conversa com um radialista, sem saber que estava sendo gravado, o líder governista desancou Ricardo Murad, tachando-o de “bandido”, “corrupto”, “ladrão”, entre outros adjetivos nada abonadores. E no embalo da sua ira, incluiu a deputada Andrea Murad na alça da sua mira verbal com palavras desrespeitosas, como “deputadinha”, entre outros termos nada adequados.

Ontem, a deputada Andrea Murad ocupou a tribuna e foi à forra, externando todo o seu sentimento de revolta e indignação em relação ao que foi dito pelo líder Rogério Cafeteira. “O deputado Rogério Cafeteira não tem moral nem ética para dizer o que disse”. E foi mais longe: “Ele agiu como um covarde, me atacando sem nenhum motivo. Ele atacou o meu pai, que pode se defender e vai se defender. Mas, além disso, ele me desrespeitou como deputada, e isso eu não posso aceitar”.

Em seguida, o deputado Rogério Cafeteira foi à tribuna e admitiu tudo. Disse que estava tomado “pela raiva, pelo ódio” diante do que julgou ser uma ação subterrânea e politicamente danosa do ex-deputado Ricardo Murad. “Estou aqui para reconhecer e pedir desculpas à deputada Andrea Murad”. Disse que perdeu a cabeça diante de uma informação falsa que envolveu a sua família. “Podem me atacar, mas na hora que tentam atingir a minha família, eu reajo”, declarou Rogério Cafeteira, para depois se dirigir à oposicionista Andrea Murad: “Eu lhe peço desculpas, deputada, mas não peço desculpas ao seu pai, porque ele não merece”. Não houve mais bate-boca, mas a julgar pelas atitudes, a serenidade continua longe dos dois parlamentares.

A conclusão óbvia: o que era uma situação de confronto entre vozes da oposição e da situação ultrapassou os limites do território parlamentar e invadiu a complicada seara das relações pessoais, que foram contaminadas por interesses políticos. Consequência: o conflito saiu de controle, colocando a Assembleia Legislativa numa situação de tensão. Solução possível: a Mesa Diretora pode acionar a Corregedoria da Casa para cobrar dos deputados o respeito aos padrões; e em caso mais complicado, a Comissão de Ética.

 

PONTOS & CONTRAPONTOS

 

PMDB tem comando

joao alberto“Enquanto eu for o presidente, quem comanda o PMDB do Maranhão sou eu!” A declaração, enfática, é do senador João Alberto, a despeito de informações, especulações, evidências e rumores indicando que o PMDB do Maranhão está mergulhado numa crise. À frente do partido desde o início dos anos 90, João Alberto admite que existem diferenças com o ex-deputado Ricardo Murad, mas que elas são normais dentro de uma agremiação política. E avisou, em tom de recado, que tais diferenças em nada mudarão a linha de ação implantada e mantida com o aval dos líderes maiores do partido.

 

Festa da oposição

adriano edilazioA oposição na Assembleia Legislativa comemorou ontem uma derrapada do Governo Flávio Dino, alimentada desnecessariamente. Quando o governador constituiu a Comissão Central de Licitação (CCL), um órgão de importância vital numa gestão que prega transparência, os deputados oposicionistas Adriano Sarney e Edilázio Jr., ambos do PV, denunciaram uma irregularidade na nomeação de um servidor do Ministério do Trabalho para integrá-la. Os líderes governistas exibiram uma infinidade de argumentos jurídicos para mostrar que a nomeação era legal. Diante da insistência do governo no propósito de desqualificar a denúncia, a oposição foi ao Ministério Público e ao Tribunal de Contas do Estado e levou a melhor.

 

Governo vacilou

Em parecer técnico, o TCE respondeu informando que, de fato, a vaga ocupada pelo servidor federal teria de ser preenchida por um servidor do Estado do Maranhão e recomendou a correção da irregularidade. Diante da manifestação técnica do TCE, o governador Flávio Dino dispensou o servidor federal e nomeou um servidor estadual para o cargo. Os deputados Adriano Sarney e Edilázio Jr., claro, aproveitaram a derrota do governo no embate e tentaram dar ao fato uma dimensão bem maior e chegaram a falar em acionar o governador Flávio Dino por improbidade e até em propor impeachment.

 

Coisa de marinheiro iniciante

O episódio deixou claro que o Governo do Estado trombou no excesso de confiança ao subestimar uma denúncia de irregularidade num órgão tão sensível e que atrai tantos interesses como a CCL. Poderia ter resolvido logo o problema, evitando o desconforto de ter de admitir e concertar um erro e de assistir à oposição festejar o ato falho. Coisa de marinheiro de primeira viagem.

São Luís, 11 de Maio de 2015.

 

 

 

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