Não bastasse a complicada situação vivida pela ex-governadora Roseana Sarney, pré-candidata do MDB ao Governo do Estado, que tenta levar à frente seu projeto eleitoral com o apoio de um presidente rejeitado pela maioria e por um pré-candidato a presidente que é quase traço nas pesquisas de opinião, o cenário político do Maranhão vem sendo tomado por uma indagação relacionada com a disputa presidencial, só que no sentido inverso: como a presidenciável Marina Silva (Rede) vai capilarizar sua candidatura no estado? Terceira colocada na corrida presidencial num cenário com o ex-presidente Lula da Silva (PT), e segunda na disputa incluindo o líder petista, Marina Silva vive a curiosa situação de não ter um grupo forte disposto a levantar sua bandeira para seduzir o eleitorado maranhense, mesmo tendo sempre aparecido em terceiro lugar nas pesquisas que mediram até aqui, o que justificaria plenamente o interesse de qualquer grupo por uma aliança com a Rede.
Nas duas eleições presidenciais que disputou, Marina Silva ficou em terceiro lugar na preferência do eleitorado maranhense. Mas isso não a estimulou a movimentar-se para ampliar a posição da Rede e a sua pessoal no cenário político estadual, estando o seu partido sempre nas mãos de pequenos grupos sem lastro para alargar os seus horizontes no estado. E o resultado é que agora, a pouco mais de três meses das eleições, e apontada como um dos três candidatos com possibilidade real de vencer a eleição presidencial num cenário sem Lula da Silva, o que é o mais provável, a ex-senadora não conta com um suporte político-partidário no Maranhão.
No contexto político mais recente, Marina Silva e sua Rede estiveram prestes a ser abraçadas pela deputada federal Eliziane Gama, quando ela procurava um partido para disputar a Prefeitura de São Luís. Seu caminho natural seria a Rede, mas uma série de encrencas causadas por pequenos grupos interessados no controle da agremiação no Maranhão e ela própria inviabilizaram a migração de Eliziane Gama, que depois de flertar com outros partidos, decidiu permanecer no PPS, pelo qual disputou a Prefeitura da Capital e agora vai encarar as urnas como candidata ao Senado na chapa da aliança partidária liderada pelo governador Flávio Dino (PCdoB). Matina Silva chegou a visitar o Maranhão e atravessou o centro de São Luís de braços dados com Eliziane Gama em meados de 2015, mas pernadas e cotoveladas dadas nos bastidores fizeram-na desistir do projeto de comandar a Rede no Maranhão.
Outro momento em que a Rede de Marina Silva se mexeu para ocupar mais espaço na seara polpitica maranhense foi quando o seu comando foi assumido pelo ex-juiz Márlon Reis, hoje candidato a governador no vizinho Estado do Tocantins. Um dos articuladores do movimento nacional que resultou edição da Lei da Ficha Limpa, Márlon Reis abandonou a magistratura mudou-se para Brasília para militar como advogado na área do Direito Eleitoral. Suas posições políticas e ecológicas o aproximaram de Marina Silva, de quem se tornou conselheiro político, assumindo também a condição de advogado da Rede. Márlon Reis deixou a magistratura para, a princípio, candidatar-se ao Senado pelo Maranhão, admitindo também a possibilidade de vir a se candidato ao Governo do Estado. Ciente das imensas dificuldades que enfrentaria, o ex-juiz desistiu de entrar na política maranhense, transferiu se domicílio eleitoral para o Tocantins, seu estado de origem, e se lançou candidato ao Governo do Estado – até agora sua candidatura não decolou como ele esperava.
A migração de Márlon Reis para o Tocantins deixou a Rede sem uma liderança expressiva no maranhão. No seu comando ficou um grupo remanescente do PT, liderado por Sílvio Bembem, que há alguns meses anunciou intenção de retornar ao partido de Lula da Silva, o que não se concretizou, pelo menos formalmente. Essa movimentação produziu uma situação no mínimo estranha e curiosa: um partido com uma candidata presidencial forte não tem – pelo menos até aqui – uma representação expressiva no Maranhão.
As próximas semanas dirão se o punho maranhense da rede de Marina Silva permanecerá fora da escápula no estado.
PONTO & CONTRAPONTO
Candidatos a senador do Grupo Sarney definem seus suplentes
Os candidatos a senador da aliança liderada pela ex-governadora Roseana Sarney (MDB), o senador Edison Lobão (MDB) e o deputado federal Sarney Filho (PV), praticamente definiram seus suplentes. Edison Lobão manterá o empresário Lobão Filho na primeira suplência, devendo definir na próxima semana quem será o segundo suplente. Já Sarney Filho está com a chapa completa, pois terá como primeiro suplente o ex-deputado federal Clóvis Fecury, atual primeiro suplente do senador João Alberto, e o professor João Manoel Souza, filho do senador João Alberto, que decidiu não concorrer à reeleição. Essas definições ocorreram sem maiores problemas. No momento, o senador Edison Lobão movimenta-se na busca do candidato a segundo suplente. Seu atual é o Pastor Bel, que resolveu disputar a vaga de senador pelo PRTB em aliança com a pré-candidata do PSL ao Governo do Estado, Maura Jorge, que é o braço do presidenciável Jair Bolsonaro (PSL) no Maranhão.
Coronel que quer ser governador diz que escola não é para “ensinar a ser gay”
Preterido pelo colega de caserna Jair Bolsonaro (PSL) do posto de “comandante das suas forças” no Maranhão, preferindo entrega-lo à pré-candidata do PSL ao Governo do Estado, Maura Jorge, o coronel da reserva do Exército Ribamar Monteiro, afastou-se do braço bolsonarista para seguir em frente como pré-candidato ao Palácio dos Leões. Para tanto, adotou um discurso preconceituoso e homofóbico, que vem pregando onde lhe dão espaço. Recentemente, ao falar em um programa de TV, ele reafirmou sua condição de direita perigosa ao afirmar que num eventual governo por ele dirigido “escolha não será para ensinar a ser gay”. Difícil imaginar que alguém com tal visão esteja militando na política com a pretensão de ser governador do Estado. Mas ele está aí, vendendo suas ideias, garantido pela democracia que pretende engessar.
São Luís, 30 de Junho de 2018.