Conflito de interesses: Roberto Rocha e José Reinaldo mantêm seus projetos e PSB vai decidir com quem ficará em 2018

 

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Roberto Rocha e José Reinaldo: interesses conflitantes no PSB

Uma reunião recente em Brasília, com a presença de políticos das mais diferentes correntes e posições, colocou na mesma mesa, lado a lado, o senador Roberto Rocha e o deputado federal José Reinaldo Tavares, ambos do PSB, mas, devido às complicadas relações que mantêm, são vistos por muitos como adversários inconciliáveis. Os dois teriam conversado tranquila e animadamente, sugerindo a conclusão de que podem estar superando as divergências com vistas a andarem lado a lado nas eleições do ano que vem. Roberto Rocha e José Reinaldo podem ter conversado abertamente, e até avaliado a situação de cada um no contexto político e no cenário eleitoral que se aproxima. Mas certamente chegaram à zona cinzenta onde seus interesses entram em choque e se retornam inconciliáveis. E não se trata de má vontade de um em relação ao outro e vice-versa, mas dos seus projetos políticos que, a menos que um desista para apoiar o outro, se tornam pura e simplesmente inconciliáveis.

O cenário do racha é o seguinte: Roberto Rocha é candidato até aqui irreversível a governador, enquanto José Reinaldo é candidato assumido a senador. Até aí, nada anormal, muito ao contrário, já que aparentemente não há óbice que atrapalhe a formação de uma saudável chapa majoritária do PSB. Mas a realidade é outra e o pomo da discórdia está no fato de Roberto Rocha ser candidato a governador para confrontar o governador Flávio Dino (PCdoB), e José Reinaldo ser candidato a senador exatamente apoiando a candidatura do governador à reeleição. Roberto Rocha não enxerga qualquer possibilidade de abrir mão da sua candidatura para declarar apoio a Flávio Dino, enquanto José Reinaldo não admite tocar seu projeto senatorial numa linha contrária ao governador.

Em conversas informais, Roberto Rocha tem dito e repetido que não é contrário ao projeto senatorial de José Reinaldo, que diz exatamente a mesma coisa. Só que Roberto Rocha acha que esse é o momento de dar passos ousados e seguros para desenhar o seu futuro político e de uma corrente que ele acha que existe e está aguardando somente um líder que a convoque, acreditando que pode tem as condições necessárias para ser esse condutor, não sendo justo, portanto, que abra mão dessa oportunidade. José Reinaldo, por seu turno, avalia que essa é a sua grande chance de concretizar o projeto e o sonho de chegar ao Senado, mas acha que não seria politicamente correto abandonar o movimento liderado pelo governador Flávio Dino para viabilizar um projeto pessoal.

Os dois garantem que, apesar do choque de interesses que os afastou nas eleições de 2010 – quando os dois disputaram as duas cadeiras no Senado contra Edison Lobão e João Alberto, ambos do PMDB – e 2014 – quando Roberto Rocha viabilizou sua candidatura e José Reinaldo se conformou em disputar cadeira na Câmara Federal – não alimentam restrições pessoais. O problema é que estão no mesmo partido e não dá para os dois seguirem rumos diferentes. No vai-não-vai, Roberto Rocha trabalha para direcionar o PSB para viabilizar sua candidatura a governador, argumentando que esse projeto é mais interessante para o partido, acreditando que pode chegar ao Palácio dos Leões atropelando Flávio Dino. José Reinaldo acha que o PSB tem muito mais a ganhar elegendo um senador e dois ou três deputados federais no Maranhão.

E é exatamente nesse ponto que o poder de decisão sai das mãos dos dois e se concentra na direção nacional do partido, que deverá se posicionar para entregar o comando estadual a um dos dois. Se a cúpula socialista optar por Roberto Rocha, entregando-lhe o poder de decidir os rumos no Maranhão, o PSB ganhará um candidato a governador disposto a jogar pesado para reverter o favoritismo do governador Flávio Dino, mas sofrendo o peso de perder José Reinaldo, que com certeza não permanecerá no partido. Mas se a opção for pelo ex-governador, terá um candidato a senador bem situado e alinhado ao projeto de Flávio Dino, mas perdendo o senador Roberto Rocha, que certamente migrará para um partido que abrace a sua candidatura do Governo – o PSDB, por exemplo.

Pelo andar da locomotiva que segue em direção às urnas, essa decisão será tomada até junho, de modo a que Roberto Rocha e José Reinaldo Tavares possam se ajustar à situação que a cúpula nacional do PSB escolher.

 

PONTO & CONTRAPONTO

 

Oposição agita sessão, mas governistas mobilizam bancada e aprovam projeto de benefício fiscal a grandes atacadistas

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Humberto Coutinho manteve o controle apesar do embate entre os líderes governistas Rogério cafeteira e Rafael Leitoa e oposicionistas Eduardo Braide e Adriano Sarney

A Oposição estrilou e se desdobrou usando todos os artifícios regimentais para, pelo menos, adiar a votação, o quórum necessário esteve ameaçado, mas a ação dos líderes governistas, a firmeza do presidente Humberto Coutinho e a eficiência da Mesa Diretora garantiram a votação, ontem, pela Assembleia Legislativa, do Projeto de Lei nº 244/2017, por meio do qual empresas atacadistas com capital a partir de R$ 100 milhões e que gerem mais de 500 empregos diretos terão abatimento de 2% nas alíquotas do ICMS. O primeiro beneficiário será o Grupo Mateus, que tem capital acima do exigido e emprega nada menos que mil pessoas nas suas redes de supermercado, atacadões e lojas de eletrodomésticos.

Na sua grita, a Oposição não se cansava de esclarecer que nada tinha contra o projeto, pretendendo apenas que o benefício fiscal fosse estendido a todas as empresas atacadistas, independente do valor do seu capital e do número desempregos que geram. As lideranças governistas explicavam que se tratava de um projeto diferenciado, para estimular a vinda de grandes empresas atacadistas para o Maranhão, citando como exemplo as políticas fiscais nessa direção adotadas por estados como São Paulo, Pernambuco, Minas Gerais, entre outros, que conseguiram atrair grandes empresas exatamente concedendo esse benefício fiscal.

Foi a terceira vez que o projeto entrou na pauta, já que nas duas primeiras, terça e quarta-feira, por uma série de manobras oposicionistas e uma visível dispersão da bancada governista, a votação fora adiada. Ontem, porém, a bancada governista chegou ao plenário em número suficiente para garantir a votação e os líderes do Governo, Rogério Cafeteira (PSB) participou ainda se recuperando de uma cirurgia, e da Maioria, Rafael Leitoa (PDT), se articularam com eficiência para não permitir novo adiamento. Mesmo assim, a sessão foi dominada por escaramuças – bancadas em obstrução, pedidos de verificação de quórum, organização de clack nas galerias, presença de lobistas no plenário durante a sessão – com deputados oposicionistas – Carlos Braide (PMN), Edilázio Jr. (PV), Adriano Sarney (PV) e Max Barros (PRP) -, usando todas as brechas regimentais para inviabilizar a sessão. Desta vez, porem, encontraram as lideranças governistas jogando pesado no contraponto e viram seus esforços inviabilizados. E após quase duas horas de bate-rebate, o projeto foi aprovado por maioria, resultado comemorado pelas lideranças governistas.

Roberto Costa votou a favor “porque o projeto é bom”

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Roberto Costa votou pelo projeto “porque é bom”

O deputado Roberto Costa (PMDB) foi decisivo para garantir a votação do projeto nº 244/2017. Ele atuou na contramão dos blocos de oposição, argumentando que não poderia se posicionar contrariamente ao projeto nem criar obstáculos à sua aprovação. Encontrava-se em Brasília, mas decidiu se deslocar para São Luís para votar a favor do projeto, que na sua avaliação “é uma iniciativa que fará muito bem à economia do Maranhão, e eu não vejo motivo para que algum deputado, seja governista ou oposicionista ficar contra ou criar problemas para sua aprovação”.

Durante a sessão, o Bloco de Oposição foi colocado em obstrução – não vota -, e isso poderia comprometer o quórum. Roberto Costa comunicou à líder Andrea Murad (PMDB) que confirmava sua presença para participar da votação. E foi além ao informar à líder que votaria a favor do projeto, por enxergar nele um bom instrumento de governo para atrair investimentos para o estado.

Num surpreendente rasgo de sinceridade, Roberto Costa declarou abertamente que apoiava o projeto por ser ele um bom instrumento de atração de grandes empresas atacadistas para o Maranhão, mas também por ele beneficiar o Grupo Mateus, que na sua avaliação merece o benefício fiscal previsto por ser “uma das grandes alavancas da economia maranhense na atualidade”. E indagou: “Como pode um deputado estadual ser contra um projeto desses? É claro que é preciso também encontrar mecanismos de incentivo aos pequenos atacadistas, mas não é o caso do, que tem um objetivo muito claro, que é atrair grandes empresas atacadistas para o maranhão e incentivar o crescimento de empresas como as que integram o Grupo Mateus”.

Roberto Costa declarou que respeita a posição dos seus colegas de Oposição, mas argumentou que “é preciso entender que vivemos num momento econômico crítico, com milhares de desempregados, e que são inciativas como essas que poderão possibilitar a volta das contratações com a geração de mais empregos”.

São Luís, 30 de Março de 2017.

 

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