Em clima de impasse, Brandão e a cúpula nacional vão decidir o destino do PSB até o final do mês

Sem se abalar com a indefinição no PSB, Carlos
Brandão cumpre agenda intensa no interior,
como sábado, em Alto Alegre, onde, junto com o ministro André Fufuca, entregou cartões do Fome Zero e títulos de terra

A tsunami de indefinições que invadiu o tabuleiro da política maranhense, desdobramentos previstos do rompimento que colocou em campos opostos o governador Carlos Brandão e o grupo remanescente da aliança liderada pelo ex-senador Flávio Dino, agora ministro do Supremo Tribunal Federal (e para todos os efeitos fora da política), pode produzir o seu primeiro resultado nesta semana com dois eventos relacionados ao futuro do PSB, hoje controlado no estado pelo governante maranhense. Um será a visita do vice-presidente Geraldo Alckmin, provavelmente na quarta-feira (30), e o outro será uma nova reunião do governador com o presidente nacional da legenda, o prefeito do Recife, João Campos. A soma dos resultados   desses dois eventos deve definir o destino do PSB no Maranhão.

No momento, o braço maranhense do PSB – que tem o governador, um deputado federal, 11 deputados estaduais, entre eles a presidente da Assembleia Legislativa, 19 prefeitos e uma legião de vereadores –   está travado por um impasse. Sob forte pressão do chamado grupo dinista e aliados, o comando nacional da legenda decidiu tirá-la do controle do governador Carlos Brandão e entrega-la à senadora Ana Paula Lobato, que está saindo do PDT. O governador Carlos Brandão não aceita a decisão da cúpula. O governador e o presidente se reuniram em Brasília na semana passada, e numa conversa longa e difícil, o presidente João Campos pediu o controle do partido, mas o governador Carlos Brandão se recusou a entregar, levando o encontro a um impasse. Os dois acertaram uma nova reunião nesta semana, depois que o governador conversar com o presidente Lula da Silva (PT).

Uma solução poderá ser encaminhada nesta semana, com a vinda do vice-presidente Geraldo Alckmin a São Luís. Hoje o quadro mais importante do PSB e conhecido pela sua moderação – tanto que foi escalado pelo presidente Lula da Silva para comandar o grupo de negociadores brasileiros na crise do tarifaço do presidente norte-americano Donald Trump -, o vice-presidente da República pode ser o mediador ideal para essa crise, a começar pelo fato de que cultiva relação de amizade com o governador Carlos Brandão, construída desde que os dois militaram por longo tempo no PSDB.

O impasse continuava na noite de sábado, com o comando nacional da legenda mantendo a decisão de retomar o controle do PSB e o governador Carlos Brandão decidido a manter o controle sobre a legenda no Maranhão. Mais do que isso: para a direção nacional, o problema tem de ser resolvido antes do fim do recesso parlamentar, no dia 02 de agosto.

O roteiro está definido e não há mais surpresa. Se o governador Carlos Brandão e seu grupo deixarem a legenda, o controle do PSB será entregue à senadora Ana Paula Lobato e terá como braço forte o deputado Othelino Neto, com a permanência de deputados estaduais e prefeitos identificados com o grupo dinista, como é o caso de Carlos Lula e Francisco Nagib. Mas se o controle permanecer com o governador Carlos Brandão, a estrutura do partido continuará como está, devendo perder os dois deputados dinistas. Nesse contexto, não se sabe exatamente qual será o destino do deputado federal Duarte Jr., o único representante socialista na bancada federal do PSB.

Se vier a deixar o PSB, o governador Carlos Brandão e seu grupo migração para o MDB, controlado por seu irmão, o empresário Marcus Brandão, reforçando ainda mais a sua já consolidada relação com o que restou do grupo Sarney, o que aumenta o seu poder de fogo político e eleitoral. No MDB, Carlos Brandão reforçará a candidatura de Orleans Brandão ao Governo do Estado, pois sabe que ele vai enfrentar o vice-governador Felipe Camarão (PT), que não abre mão de ser candidato “em qualquer circunstância”. E muito provavelmente o prefeito de São Luís, Eduardo Braide (PSD), que lidera a corrida, segundo todas as pesquisas que mediram a disputa aos Leões no último ano.

PONTO & CONTRAPONTO

Saída de Brandão atiça e torna indefinida a corrida ao Senado

Weverton Rocha, Eliziane Gama, André Fufuca e Pedro Lucas Fernandes
estão definidos; já Roberto Rocha, Roseana Sarney, Hilton Gonçalo
e César Pires estudam o cenário para se posicionar

A decisão do governador Carlos Brandão de não concorrer ao Senado alterou radicalmente, como previsto há tempos pela Coluna, a equação dessa disputa. Para começar, quatro pré-candidatos assumidos – os senadores Weverton Rocha (PDT) e Eliziane Gama (PSD) e os deputados federais André Fufuca (PP) e Pedro Lucas Fernandes (União) – encontram-se ainda navegando sem saber exatamente em que chapas majoritárias correrão para as urnas.

Pelo que está posto até aqui, o senador Weverton Rocha deve concorrer como candidato na chapa a ser liderada por Orleans Brandão (MDB), o que exigirá uma aliança formal entre os dois partidos. E aí surge uma certa confusão: André Fufuca e Pedro Lucas Fernandes pertencem à Federação União Progressista, que deverá se aliar ao MDB na majoritária em torno de Orleans Brandão. E vem a pergunta: pode uma coligação ter três candidatos às duas vagas no Senado? Se puder, o senador Weverton Rocha terá de concorrer com dois “aliados”. Se não puder, um dos dois lançados pela federação terá de cair fora da chapa.

A situação da senadora Eliziane Gama é mais complexa. Ela pertence à base governista, mas se encontra filiada a um partido, o PSD, que está na oposição a esse Governo. E o mais curioso é que esse é o partido do prefeito Eduardo Braide, que lidera as pesquisas, mas não disse até agora se será ou não candidato. Se Eduardo Braide entrar na disputa pelo Governo, Eliziane Gama ganhará uma grande chance de reeleição, à medida que será candidatada de proa nesse movimento. Mas se o prefeito não entrar, ela enfrentará uma situação muito complicada, podendo ter como saída uma eventual aliança do PSD com o vice-governador Felipe Camarão (PT).

No grupo dos candidatos atua o ex-prefeito de Santa Rita, Hilton Gonçalo (Mobiliza), que faz uma campanha solitária e sem ter declarado ainda apoio a qualquer candidato a governador.

O complicado cenário da disputa vai mais além, uma vez que as duas cadeiras da Câmara Alta estão sendo miradas também, à distância pelo ex-senador Roberto Rocha, que continua sem partido e nem declarou ainda se vai tentar voltar à Casa, e pela deputada federal Roseana Sarney (MDB), que vem sendo tentada a entrar na briga para ser senadora de novo. O que chama a atenção é que ambos aparecem entre os primeiros nas preferências dos eleitores quando os seus nomes são incluídos nas pesquisas.

Além disso, aguarda-se os candidatos ao Senado na chapa do ex-prefeito de São Pedro dos Crentes, Lahesio Bonfim (Novo). Ele andou falando do ex-deputado estadual César Pires, que se manifestou disposto a aceitar, mas até agora não houve confirmação. E, finalmente, não está descartado o surgimento de outros candidatos, com menos poder de fogo, mas com voz para animar o cenário.

Denúncia sobre “Operação 18 Minutos” é nova pancada ética no Judiciário, na advocacia e na política

Nelma Sarney, Edilázio Júnior e Fred Campos:
acusados com fortes laços com a política

A dignidade do Poder Judiciário do Maranhão, do braço maranhense da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) e da classe política estadual receberam mais uma pancada forte na semana que passou, com a denúncia, pela Procuradoria Geral da República, que acusou os envolvidos na chamada escandalosa e inacreditável “Operação 18 Minutos”. Quatro desembargadores, dois juízes, 13 advogados militantes, dois advogados que atuam na política partidária e três servidores do Tribunal de Justiça foram acusados de montar e colocar em prática um esquema criminoso de fraude contra o Banco do Nordeste, com desvio estimado em de mais de R$ 50 milhões.

Os desembargadores são Antônio Guerreiro, Luiz Gonzaga Almeida, Marcelino Weverton e Nelma Sarney, que figuram na cúpula da trama. Os juízes são Alice de Souza Rocha e Cristiano Simas.

Nesse imbróglio, que envolve corrupção pesada, orgânica, porque foi tramada e executada por uma cadeia hierárquica no Poder Judiciário do Maranhão em conluio com militantes da advocacia, em que três envolvidos têm situação delicada em relação à opinião pública.

A desembargadora Nelma Sarney, pelos laços de família com o ex-presidente José Sarney, de quem é cunhada; o ex-deputado federal Edilázio Jr., que é genro da desembargadora Nelma Sarney; e o prefeito de Paço do Lumiar, que já passou pelo vexame de usar tornozeleira eletrônica durante a campanha eleitoral, e agora amarga a condição de denunciado como integrante do esquema criminoso contra o Banco do Nordeste.

 Com a denúncia do Ministério Público Federal, os acusados têm agora a oportunidade de apresentar as suas defesas. Se convencerem a Justiça, poderão se safar. Mas se não conseguirem desmontar a consistente denúncia do MPF, serão transformados em réus e terão de brigar nos tribunais para salvar as suas peles.

São Luís, 27 de Julho de 2025.

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