Em meio a alguns pontos fomentadores da crise que vem ameaçando fortemente a aliança partidária governista, o que coloca em situação de grave risco o seu projeto de assumir o comando do Estado em abril de 2026 e, na condição de governador, pleitear a reeleição, o vice-governador Felipe Camarão (PT) decidiu sair da condição de motivo de desavenças para assumir o papel que de fato lhe cabe: atuar como apaziguador, operando para conter focos de incêndio. Com isso, cria as condições para consolidar de vez o seu credenciamento como sucessor natural do governador Carlos Brandão (PSB), que reúne todas as credenciais para pleitear uma cadeira no Senado.
A julgar pelos seus movimentos e declarações mais recentes, o vice-governador de fato entrou em campo para evitar o agravamento da crise contendo os ímpetos dos seus aliados dinistas na Assembleia Legislativa. Essa postura foi evidenciada por ele próprio, quando representou o governador Carlos Brandão na posse dos novos deputados. “Vou conversar com todos”, disse em contato com jornalistas, deixando claro que essas conversas deverão ocorrer o mais rapidamente possível, de modo a, pelo menos, evitar que a situação se agrave.
A questão a ser resolvida pelo vice-governador é simples: reunir, sob os mesmos objetivos, grupos que seguem a linha de ação do ex-governador Flávio Dino – hoje ministro da Suprema Corte – e segmentos alinhados ao governador Carlos Brandão, de forma a que todos se mobilizem em torno da sua candidatura ao Palácio dos Leões e a do governador ao Senado. Esse projeto, que não está escrito, mas teria sido pactuado na definição das candidaturas em 2022.
Esse pacto foi minado por atos e fatos nos dois campos, porque alguns dinistas não entenderam que Carlos Brandão, reeleito em turno único, tinha o direito de dar ao seu Governo a formação e a orientação que bem entendesse, como fez Flávio Dino ao longo de sete anos e três meses, e alguns brandonistas não assimilaram que o novo Governo fora eleito na base de uma aliança partidária, que tinha dinistas como principais aliados. As discussões e diferenças foram formando uma teia de tensões que resultou num quadro de rompimento.
Político jovem, que ganhou estatura como secretário de Educação no Governo Flávio Dino, Felipe Camarão foi alçado ao topo da aliança partidária como o indicado do PT para vice do governador Carlos Brandão. Sua posição nesse contexto é complicada, a começar pelo fato de que o seu partido, o PT, é aliado, mas não é dinista, é petista, lulista, tem identidade com o dinismo, mas está com o governador Carlos Brandão, e ponto. E nesse cenário, o vice-governador sabe que não pode ser um ponto fora da curva, correndo o risco do que há de pior em política, o isolamento. Qualquer análise certamente concluirá que o seu projeto de chegar ao Palácio dos Leões estará seriamente comprometido se ele cruzar os braços e apostar que será levado.
O vice-governador já tem experiência política suficiente para saber que tem tudo para ser a bola da vez: tem o aval do dinismo e de muitos brandonistas que não querem briga; é do PT e, até onde se sabe, está na lista do Palácio do Planalto como dono de potencial para vencer a eleição se for candidato pela aliança que elegeu Flávio Dino duas vezes e reelegeu Carlos Brandão. Ou seja, tem a faca na mão e o queijo no prato. Por outro lado, sabe também que, se o rompimento for consumado e o governador Carlos Brandão resolver continuar no cargo até o final do mandato, o candidato que tiver o seu apoio será fortíssimo.
Portanto, o vice-governador Felipe Camarão joga certo e mostra maturidade e bom senso político quando decide entrar no tabuleiro para desarmar bombas e apagar incêndios com o objetivo de restaurar a unidade da aliança pela qual pretende ser candidato a governador. Tem aí alguns meses para cumprir essa agenda com bons resultados.
PONTO & CONTRAPONTO
Eleição na Famem em contagem regressiva; Roberto Costa amplia favoritismo
Começa a contagem regressiva para a eleição da nova direção da Famem, que será realizada no próximo dia 15. De acordo com as regras, se pretender ocupar qualquer um dos mais de 20 cargos na Diretoria da entidade municipalista, o prefeito interessado terá de participar de uma chapa, já que o estatuto da organização não prevê candidatura avulsa para nenhum dos seus postos.
Até o momento, todos os ventos sopram para o prefeito de Bacabal, Roberto Costa (MDB), que nas contas de uma fonte emedebista já conta com mais de dois terços dos 210 eleitores – já que sete dos 217 municípios não estariam formalmente vinculados à entidade.
Entre esses apoiadores estão os prefeitos de grandes, médios e pequenos municípios, a exemplo de Rildo Amaral (Imperatriz), Alan da Marissol (Balsas), Rafael Brito (Timon), Gentil Neto (Caxias), Vinícius Vale (Barreirinhas), Fred Campos (Paço do Lumiar), Felipe dos Pneus (Santa Inês), Viriato Cardoso (Tutóia), Cristina Varão (Bom Jardim), Edinalva Brandão (São Francisco do Brejão) e Toca Serra (Pedro do Rosário).
Roberto Costa vem trabalhando duro nessa articulação, contando com o apoio do governador Carlos Brandão e dos líderes do MDB e dos demais partidos que formam a aliança governista, cuja unidade ele defende enfaticamente.
A eleição poderá se dar por chapa única, caso o seu provável adversário, Josué Jr. (PP), prefeito de Peritoró, que anunciou sua disposição de disputar a presidência, não consiga formar e registrar uma chapa. E não há movimentação de outro aspirante junto aos novos prefeitos.
8 de Janeiro: dois anos da tentativa de golpe derrotada pelas instituições democráticas
Hoje faz dois anos que o Brasil foi estremecido com o ato em que uma turba da extrema direita golpista ocupou a Praça dos Três Poderes, em Brasília, e invadiram e depredaram o Palácio do Planalto, o Supremo Tribunal Federal e as duas Casas do Congresso Nacional. Foi o ponto culminante de uma série de atos de terror político praticado por bolsonaristas de extrema direita em Brasília ao longo do mês de dezembro, todos com o objetivo de provocar a intervenção dos militares na vida do Brasil, num processo ditatorial inaceitável.
A ação na Praça dos Três Poderes foi o ato final da tentativa de golpe de estado tramada para impedir a continuação do Governo Lula da Silva (PT) e manter no poder o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), derrotado nas urnas em 2022, que deixara o País no dia 30 de dezembro em clima de fuga para Miami. O crime politicamente estúpido, foi cometido com o apoio “branco” do Governo de Brasília.
Para a derrota e desgraça moral dos golpistas, as instituições republicanas brasileiras (Executivo, Judiciário e Legislativo) reagiram de pronto, enquadraram a horda agressora e seus patrocinadores e asseguraram a prevalência da democracia no Brasil.
Atualmente, a Justiça está dando a resposta formal a esse crime julgando e condenando a penas variadas, e também absolvendo acusados injustamente, num processo claro, com direito de ampla defesa, como tem de ser numa verdadeira democracia.
Nada disso teria acontecido e com os desdobramentos que estão em curso se o senhor Jair Bolsonaro e sua turma respeitassem a manifestação da maioria, assimilassem a derrota e se preparassem para a próxima, como é a regra nas democracias.
São Luís 8 de Janeiro de 2025.